Novo vídeo comenta a tragédia do Everest em 1996

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No novo episódio da série Histórias de Montanha, o montanhista e colunista Pedro Hauck, comentou a mais famosa tragédia no Everest, narrada no livro No ar rarefeito de Jon Krakauer e no documentário Everest (1998). Essa edição também contou com a participação do escalador, guia de montanha e líder de expedição americano, Dan Mazur.

Essa história já foi contada por diversas fontes e de diversas formas. Por isso, convidamos Mazur, que é um escalador experiente em montanhas de 8 mil metros e que estava presente no Everest em 1996, durante esses acontecimentos para nos contar a sua opinião. Ele revelou um fato inédito sobre a motivação que levou Rob Hall e Scott Fischer a escolher o dia 10 de maio como dia de ataque ao cume.

Dan era amigo de Rob Hall e em 1992, ele foi protagonista do resgate de Gary Ball, primeiro sócio de Rob na famosa agência de montanhismo neozelandesa Adventure Consultantes, num complicado e bem sucedido resgate no K2 em 1992. Mazur chegou a conversar com Hall antes da escalada. No vídeo ele revela o que Rob disse a ele e que explica o porquê dos líderes insistirem em subir o Everest no dia 10 de maio daquele ano, uma data considerada muito antecipada para fazer cume na montanha mais alta do mundo.

Um resumo da história

A tragédia ocorreu na primavera de 1996, durante uma expedição comercial a maior montanha do mundo. Os montanhistas e líderes das expedições Rob Hall e Scott Fischer foram os protagonistas dessa história em uma competição para chegar ao cume por primeiro. Todavia, esse desejo de serem os primeiros fez com que eles tomassem decisões precipitadas que foram agravadas por erros de comunicação e logística.

Uma situação difícil que foi piorada por atrasos para chegar ao cume e uma noite terrível em meio ao frio da montanha. Assim, nessa temporada, oito alpinistas morreram e vários outros ficaram presos por uma tempestade. Os sobreviventes tiveram que enfrentar as dificuldades impostas pela montanha e também tomar decisões dramáticas para sobreviver e ajudar os resgatados.

A equipe se preparando para escalar a montanha.

Todavia, em meio a toda essa tragédia, houve também casos de superação que mostra a força e resistência humana em casos extremos. Entre eles, o drama de Beck Weathers que sobreviveu por um bom período se virando sozinho na montanha e mais tarde relatou a experiência em seu livro: “Deixado para Morrer“.

Extremamente debatido e conhecido, este episódio resultou em um grande best seller do montanhismo, o livro No Ar Rarefeito, escrito pelo jornalista e montanhista Jon Krakauer, enviado especial da revista Outside americana que era cliente da expedição da Adventure Consultants. Como resposta às críticas feitas a sua condução do grupo durante a expedição, o guia de montanha russo, residente no Cazaquistão, Anatoli Boukreev, que resgatou 3 montanhistas na madrugada do dia 11 de maio escreveu em conjunto com o jornalista norte americano Weston De Walt o livro “A Escalada“, onde ele conta a história do Everest de 1996 de seu ponto de vista.

Apesar da história de 1996 ser muito documentada, a história que Dan conta neste vídeo nunca foi relatada em livros ou filmes do assunto. Assista ao vídeo da tragédia no Everest de 1996 na íntegra no canal do AltaMontanha no youtube.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

10 Comentários

  1. Reinaldo Alves Teixeira em

    Belíssima história.
    Vc narra muito bem essas aventuras, em breve estarei lendo seu livro.
    Atitude egoísta do Anattoli, talvez não teria acontecido nada com essa expedição se não fosse por ele.Devemos sempre saber com quem andamos na montanha, jamais devemos largar um parceiro.
    Já conhecia essa história, mas valeu ter visto vc narrar .
    Obrigado Pedro. Em breve nos veremos.Abraço.

    • Cara, o Anatoli foi o cara que foi condecorado pela associação internacional de alpinismo por ter feito o resgate dos alpinistas que nao conseguiram descer para o c4.
      O fato dele ter descido mais cedo, foi o que possibilitou ele a ter forcas pra subir 4x procurando e resgatando as pessoas.. o próprio J krackauer disse que ele nao teve forcas para ir e no dia seguinte ficou na barraca resmungando… o Anatoli foi herói e morreu no k2 no ano seguinte sem receber a medalha

  2. Boa tarde, obrigada por detalhar o caso tão bem. Discordo do comentário acima em colocar toda a culpa no Anatoli. Entendo que muitos tiveram sua parcela de erro, incluindo o Scott Fisher que contratou o Anatoli excelente montanhista, porém não com uma mentalidade comercial, ou seja, contratou a pessoa errada para a função que precisava e colocou seus clientes em risco ao não estar seguro do que realmente estava contratando, por isto tantas discordâncias, as mentalidades eram muito discrepantes. A mentalidade e formação de um guia numa expedição comercial é outra, cabe a empresa que contrata, escolher a pessoa certa e não culpar o guia contratado. Definir que o dia 10 era o “melhor” dia para ataque ao cume pq já havia um helicóptero contratado para outra montanha é bastante prepotente, além de subestimar o topo do mundo, em se tratando de uma expedição comercial em que qualquer um, pagando um certo montante de dinheiro, sem muito preparo, faz, não é???

    • leia o livro A Escalada em que o Anatoli conta todos os fatos, e tem ainda o livro do David Breashears, da equipe Imax, que estava na face norte, que é o “Não Há Atalhos Para Chegar Ao Topo”, onde ele aborda superficialmente o tema, até porque não é o foco principal do livro dele, a tragédia, mas ele fala em um dos capítulos. Tem ainda o Livro do Matt Dickinson, Everest, escalando a face norte.. Onde todos esses livros abordam o tema.. Colocar a culpa no Analolli é errado, ele teve a menor culpa. Culpa maior teve o Rob Hall em nao ver a sua equipe se fragmentar na subida e o Scott Fischer que nao respeitou os limites do seu corpo.

      • Correção.. o livro “Não Há Atalhos Para Chegar ao Topo” é do Ed Viesturs, que era da equipe da Imax, e não do David Brashear

      • Concordo plenamente Erwin. O Anatoli foi quem menos teve culpa nessa história. O líder simplesmente desrespeitou o combinado que era todos começarem descer às 14hs. O Anatoli desceu e foi mal visto por isso. Mas quando ele viu que muitos não haviam voltado às 19hs, mesmo em condições extremas, ele retornou e ainda conseguiu resgatar 3 montanhistas.

  3. Como é que ele fala no vídeo que o Rob Hall e o Gary Ball escolheram o dia 10 pq tinham reservado um helicóptero p dia 13 se o Gary Ball havia morrido 3 anos antes? Que estranha essa fala.

  4. Estranho ele falar que conversou com o Gary Ball em 1996, pois o Gary morreu em 1993…
    Acho que não há um só culpado, pois foi uma sucessão infeliz de erros, Scott, Anatoli, Hall, Beck, Doug e o mais fatal pra mim foi Lopsang que atrasou toda a expedição e não colocou as cordas, no escalão Hillary conforme combinado com o sherpa da equipe do Hall e atrasou toda a expedição, levando todos os alpinistas que chegaram ao cume à exaustão por terem esperando tanto para fixarem as cordas. Infelizmente todos cometeram erros fatais.

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