O Projeto Gigantes do Ibitiraquire

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A primeira tentativa de realização deste projeto foi em 2003, de 18 a 22 de junho deste mesmo ano. Em 2008 resolvemos ressucitar o projeto com o mesmo roteiro, vindo a ser denominado simplesmente Gigantes do Ibitiraquire 2008

O projeto original
A idéia inicial do projeto era de se realizar as subidas da 15 montanhas na serra do Ibitiraquire na Serra do Mar paranaense, aonde se localiza o Pico Paraná, ponto culminante da região sul do Brasil, em apenas 4 dias de um feriado. Para isso foram escolhidas as seguintes: Getúlio – Itapiroca – Caratuva – Taipabuçu – Ferraria – Pico Paraná – União – Ibitirati – Cerro Verde – Taquaripoca – Pico do Luar – Siri – Ciririca – Tucum – Camapuã.

“Após seis meses de planejamento, muito entusiasmo, muitas mudanças na equipe, muitas discussões sobre o roteiro, muita preparação, muita afobação, na semana que antecedia o grande dia do inicio da “Expedição Gigantes do Ibitiraquire”, era eminente a ansiedade das pessoas que estavam envolvidas com esta grande atividade, pelos e-mails que circulavam na lista da equipe nas nuvens, e dava para perceber o entusiasmo de cada um, sentia-se uma grande felicidade em estar participando de uma atividade como esta, últimos preparativos durante a semana, como alimentação, comida, previsão do tempo, que era o único fator que estava incomodando nossos planos, pois a previsão para quinta e sexta-feira era de tempo nublado com possibilidade de chuvas.

Últimos detalhes acertados, como transporte, horários, integrantes, lá fomos nós, para nossa primeira expedição envolvendo todo um trabalho de equipe…”

Este é o texto inicial do relato do Gigantes do Ibitiraquire de 2003, que pode ser lido na íntegra no site Free Climb – e que foi escrito por Hilton Benke e Leandro Bolívia. Neste primeiro trecho dá pra perceber que existia um planejamento prévio, um envolvimento de equipe e algumas preocupações.

Para resumir a história de 2003, logo no primeiro dia, que envolvia a subida das montanhas Caratuva, Taipabuçu e Ferraria, fomos surpreendidos por uma frente fria “express”, ou seja, no momento da saída do acampamento alocado no morro do Itapiroca, o tempo se apresentava bom e estável, mas ao chegar ao topo do Caratuva percebemos que haviam espessas nuvens sobre Curitiba, a cerca de 60km de onde estávamos. Esta nuvem veio em nossa direção como uma “onda” gigantesca, praticamente engolindo a Serra da Graciosa, e logo em seguida estava no Ibitiraquire, cobrindo o Ciririca, o Camapuã e logo o Itapiroca numa velocidade impressionante e numa intensa rajada de vento atingiu o Caratuva, nos protegemos atrás das antenas com ajuda da uma lona que se encontrava jogada ali em cima e levamos mais de uma hora e meia para sair dali.

O tempo melhorou o suficiente depois para podermos seguir ao Taipabuçu, mas lá chegando tivemos de presente a segunda frente fria “express” do mesmo dia, o que comprometeu a ida do grupo ao Ferraria, ficando neste dia concluídos apenas o Caratuva e Taipabuçu. Os demais dias foram de tempo bom e sem problemas maiores, e conseguimos completar todas as etapas finais.

Nesta versão de 2008 do Gigantes do Ibitiraquire foi um pouco diferente, tanto o planejamento, quanto os resultados. Decidimos fazer o Gigantes não seis meses antes, mas sim restando uma semana apenas para o feriado, e até então eram eu e o Hilton os únicos interessados. Conversamos com alguns companheiros durante a semana, muitos se mostraram interessados, e dois dias antes do feriado que começava numa quinta-feira, telefonamos para as pessoas que tinham se interessado, e ao final estávamos somente eu e o Hilton dispostos para fazer a viagem.

O primeiro problema que enfrentamos foi o transporte, pois não poderíamos ir de carro, o Hilton estaria sem o carro no feriado e também porque iríamos entrar por um lado e sair por outro lugar na serra. Não daria tempo de pegar um ônibus na quarta-feira ao final da tarde, eu sairia muito tarde do trabalho, e no dia seguinte já não daria mais tempo de fazer tudo da maneira que planejamos. Mas o Dilson ia para a fazenda e nos ajudou a solucionar este primeiro problema. Sairíamos em torno das 20:00h, para chegar ao Getúlio às 22:00h, dormir e sair no dia seguinte carregando nossa bagagem até determinado ponto, esconder as mochilas e seguir para o alto das montanhas do primeiro dia. Tudo acertado, é só esperar pra prosseguir agora.

Na quarta-feira à noite lá pelas 23:00h estávamos eu, Hilton, Dilson e sua namorada no pátio do prédio do Hilton, junto a mais alguns vizinhos do prédio, com o capô do motor do carro aberto e tentando buscar uma solução ou encontrar um mecânico que atendesse naquela véspera de feriado.

Havia caído uma peça de metal dentro do coletor de admissão do veículo, e acabamos tendo que desmontar nós mesmos toda a parte de cima da injeção e coletor com ferramentas improvisadas para conseguir resolver este pequeno contratempo. Terminamos de montar tudo às 1:30h de 22/5 e ainda conseguimos ir na mesma noite para o início da caminha, a fazenda Pico Paraná. Já passavam das 3:30h quando montamos a barraca no final do Getúlio, já no início da floresta que leva à bifurcação Caratuva-PP.

No dia seguinte acordamos com pessoas passando na trilha próxima de nós, às 8:00h. Desmontamos tudo e seguimos ao Caratuva às 9:10h. Chegamos ao cume da primeira montanha do projeto às 10:00h de 22/5, tiramos algumas fotos, mais uma tomada de vídeo e tocamos para a descida rumo ao Taipabuçu. No Taipabuçu paramos um pouco para um breve lanche antes de seguir ao primeiro extremo do projeto, o Ferraria.

O Ferraria é conhecido na serra paranaense por ser distante e por ter um vale forrado por um bambuzal que quase sempre atrasa a vida dos montanhistas. E não foi diferente desta vez. Logo que chegamos ao fundo do vale encontramos três companheiros de montanha, o Élcio, o Mikael e o Helton. Estavam vido de Bairro Alto de Antonina, sairam às 21h da noite de 21/5, via trilha da Conceição, subiram a vertente norte do Ferraria e desceram até onde estávamos. Já eram 13h e eles não tinham chegado aonde planejavam. Foram subindo lentamente o Taipabuçu, pelo caminho que acabávamos de reabrir entre espinhos, taquaras e bambus-fogo. O Hilton preferiu retornar dali junto a eles, e eu segui ao Ferraria para completar a primeira etapa. Voltamos tudo, eu e o Hilton pegamos as mochilas lá embaixo, perto da base do Caratuva, contemplamos o pôr-do-sol no meio do caminho rumo ao Itapiroca e montamos acampamento pouco mais de uma hora depois de deixarmos a bifurcação Caratuva-PP. Meia hora depois se juntou a nós o Mikael, que ao saber que a travessia da qual fazia parte não seria mais concluída, preferia passar os próximos três dias na serra do que voltar à cidade com os demais.

Segundo dia
Acordamos lá pelas 8:00h novamente, o Hilton decidiu ficar pelo acampamento, e o Mikael preferia descansar após as 24h de atividade quase ininterruptas que enfrentou nos dias anteriores. Segui então ao Pico Paraná, União e Ibitirati, estando de volta às 14:30h, quando soube da desistência do Hilton, mas ele disse que o Mikael continuaria comigo nos próximos dois dias. Desmontamos acampamento, o Hilton desceu e seguimos para o Cerro Verde, onde chegamos ao anoitecer.

Terceiro dia
No acampamento do Cerro Verde encontramos um pessoal bacana, de São Bento do Sul – SC, que estavam ali para encontrar seus amigos que tinham ido ao Ciririca. Eram o Lucas e o Dé, e suas respectivas esposas. Combinamos de irmos juntos no dia seguinte ao Ciririca. Então às 8:00h de 24/5 começamos a nos preparar para ir de ataque ao Ciririca, passando pelo Pico do Luar, Taquaripoca, e Siri. Ficamos por meia hora aproveitando o forte vento que nos recebeu no cume antes de retornar. Como sempre o retorno é muito bonito, as paisagens da tarde nesta época do ano são belíssimas e fomos voltando contemplando aquele cenário espetacular. Dormimos novamente no Cerro Verde.

Quarto dia
Saímos do Cerro Verde não muito cedo e sem muita pressa, e logo encontramos o pessoal de São Bento quase na entrada da trilha que sobe o Tucum pela sua face leste. O tempo já tinha se alterado um pouco, as nuvens já encobriam as principais montanhas da serra e preferimos andar mais rápido para não corrermos o risco de chegar em casa encharcados. Passamos pelo Tucam e Camapuã, e na chácara da bolinha nos despedimos das montanhas com o projeto concluído. Foram 4 dias, 14 montanhas, inúmeras lembraças e infinitas saudades destes dias.

A idéia é promover o projeto todos os anos, incentivando alguns montanhistas a participarem das etapas propostas, ou seja, não sendo necessário fazer todas as montanhas, o simples fato de estar presente em uma das montanhas e compartilhar com os companheiros as belas caminhadas que existem nestas serras já seria uma grandiosa participação.

Até a próxima montanha!!!
Beto Joly

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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