Em 2020, durante um dia comum de trabalho no Aconcágua, o porteador Marco Calamaro, encontrou alguns resquícios de um acampamento abandonado e uma câmera antiga. Após uma breve análise do equipamento, ele e outros montanhistas concluíram que a câmera pertencia a montanhista norte-americana, Janet Johnson. Essa história instigante voltou a tona esse ano com a revelação das fotos gravadas no filme encontrado dentro da câmera.
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As mortes misteriosas
Janet desapareceu em 1973 enquanto escalava a montanha mais alta das Américas. Seu parceiro de escalada, o engenheiro da NASA, John Cooper, foi encontrado morto na época. Entretanto o corpo da montanhista só foi localizado e resgatado dois anos depois. Porém, a sua câmera e parte de seu braço com um relógio só foram encontrados cerca de 50 anos depois quando Calamaro ficou curioso ao ver alguns tecidos presos em meio ao gelo.
Essa descoberta reascendeu as esperanças de solucionar o mistério envolvendo a morte dos dois. Na época, a polícia de Mendoza interrogou todos os integrantes do grupo norte-americano, o qual eles faziam parte e chegou a abrir uma investigação de homicídio culposo (sem a intenção de matar).
Segundo a perícia inicial, Cooper teria morrido congelado. Embora, seus companheiros de escalada tenham testemunhado que ele morreu devido uma queda sobre um piolet que lhe feriu o abdômen. De fato, o corpo do norte-americano foi encontrado sem um dos crampons no pé, com uma expressão de horror no rosto e um buraco redondo no abdômen com sangue. Por fim, um juiz declarou que Cooper havia morrido devido a uma contusão craniana.
Esses indícios levaram muitos a cogitarem que a morte dele não havia sido acidental. Teoria que ganhou força quando encontraram o corpo de Janet com sinais de “espancamento”, manchas de sangue em seu rosto e jaqueta e uma pedra sobre seu corpo. Ela também estava com roupas insuficentes para o frio e seu anorak estava aberto. Algo comum quando a pessoa está tendo uma hipotermia é querer tirar as roupas. No entanto, curiosamente, a montanhista também estava sem um dos crampons o que poderia ter se perdido em uma queda.
A explicação para a pedra é que outros montanhistas haviam sepultado o corpo de forma improvidada para que ele não rolasse montanha abaixo. No entanto, os montanhistas que a localizaram não acreditavam que alguém pudesse cair nesse campo de gelo a ponto de se ferir tanto.
Assim, surgiu a hipótese de que ela também teria sido morta de forma violenta por outra pessoa. Todavia, essas versões nunca foram confirmadas e essas duas mortes vem intrigando a polícia e outras pessoas ao longo de décadas.
A descoberta da câmera
Após descobrirem a câmera, a família de Janet autorizou que ela fosse enviada para um laboratório especializado para que pudessem recuperar as imagens gravadas no filme que continuava intacto dentro dela.
A revelação das fotos mostraram fotos corriqueiras de uma expedição. Ao analisar sombra e luz contataram que a primeira foto havia sido feita por volta de meio dia. Outras fotos foram feitas ao logo da tarde. Nenhuma mostra nada suspeito. Pelo contrário, todas demonstram que até o momento em que Janet fez sua última foto, ela estava bem com capacidades mentais suficientes para enquadrar, focar e medir a luz antes de clicar.
Assim o mistério continua. As evidências que apontam para um possível crime também justificam a hipótese de um simples acidente na montanha. E as fotos nada mostram de suspeito.