O que acontece quando se chega a um cume virgem e sem nome?

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É uma tradição do montanhismo quando alguém chega ao cume de uma montanha virgem e sem nome batizá-la. Mas há alguma regra ou pode-se escolher qualquer nome? Como são dados os nomes às montanhas?

As montanhas são feições geográficas que chamam muito a atenção por seu tamanho e imponência e por isso muitas vezes recebem o nome antes mesmo de serem escaladas. No entanto dentro do universo do montanhismo há pessoas que se dedicam a explorar novos caminhos e escalam montanhas em locais muito remotos que quase sempre não tem nome.
Em todo o mundo o pioneiro em escalar uma montanha tem o privilégio de nomeá-la na forma como deseja. Apesar de não existir uma regra, existe o bom senso de dar um nome.  Há diversas montanhas com nomes de mulher que explicitam esta afirmação. São nomes de mães, mulheres e namoradas. O que elas têm a ver com uma montanha?
O que acontece quando se chega a um cume que está virgem ou não tem nome? É possível dar um? É possível dar qualquer nome?
O experiente alpinista chileno Evelio Echevarria, autor de diversos livros sobre os Andes, refletiu sobre este tema. Trata-se de uma visão com bastante aceitação que pode ser uma referência para tratar deste assunto delicado.
De acordo com ele, é recomendado batizar nomes no idioma do país em que a montanha está situada. Se for em áreas indígenas, buscar nomes aborígenes. A sugestão seria buscar nomes apropriados que descreva forma, cor, situação, importância com as tradições locais.
Também é interessante buscar nomes que guardem relação emotiva ou própria de um país ou região por apelar a sentimentos ou emoções locais. Só se poderia usar nomes e pessoas se estas já forem falecidas e que tenham alguma relação com o montanhismo, com a geografia ou exploração. Também podem ser usados nomes de heróis pátrios.
Consideram-se aceitáveis nomes relacionados a lugares ou paisagens próximas. Quando se pretende usar um nome muito conhecido e repetidamente usado, é necessário agregar o “de” e enfim o nome do local, maciço, região, vale ou relevo local para distingui-lo de outros similares. (exemplo. Pedra Branca do Araraqua; Pedra do Baú de Minas, Pico do Papagaio de Aiuruoca).
Também é importante respeitar o bom gosto e não ofender a estética dos nomes. Consideram-se inaceitáveis dar nome a montanhas que já tem um, dar nomes que ofendam pessoas, povos ou grupo de pessoas, dar seu próprio nome às montanhas ou de gente que pouco ou nada tem a ver com o montanhismo e nem mesmo com a paisagem.
Devemos pensar um pouco e não ter pressa em satisfazer nosso próprio ego, ter em mente algo mais que nosso protagonismo e, sobretudo lembrar que estamos de passagem ante estas circunstâncias e que muito provavelmente outros olhos já puderam antes contemplar antes que nós esta montanha e simplesmente também se tenham extasiado, sem necessidade de querer passar à posteridade que eles foram os primeiros”.
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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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