Um rio é uma corrente natural de água que deságua noutra, num lago ou no mar. Esta corrente é medida por seu caudal, que naturalmente é variável durante o ano, dependendo das condições climáticas.
Os rios apresentam algumas características comuns: têm forma linear, fluxo num só sentido (embora já tenha encontrado um em minhas andanças que corria ora para o Brasil, ora para a Venezuela!), vazão variável e leitos instáveis. Os rios são alimentados pelas chuvas, pelos lençóis subterrâneos, pelas nascentes e pelas geleiras.
Alguns rios são retilíneos, com um único canal reto e inclinado, onde a água corre em velocidade. Seu oposto seria um rio de meandros, com um canal curvilíneo por onde se desloca lenta e regularmente através de terrenos de baixa declividade.
Mas existem também rios que se bifurcam ao contornar morros, apresentando vários canais que se entrelaçam, sem um canal principal – como são capazes de evitar obstáculos, têm grande capacidade de transporte e sedimentação.
Dependendo da coloração das águas, os rios podem apresentar águas turvas, com grande quantidade de sólidos em suspensão, que os deixam opacos e barrentos, tendo usualmente meandros e leitos mutáveis. Ou águas pretas, quando ao invés de sedimentos transportam matéria orgânica dissolvida, que os tornam ácidos.
Ou finalmente águas claras, com poucos sólidos suspensos e grande transparência, formando praias e bancos de areia nos seus cursos. Entre os rios amazônicos, o Madeira, o Negro e o Xingu são exemplos dessas três situações.
Rios podem ser perenes ou permanentes – e, inversamente, intermitentes, por exemplo quando as estações do ano são muito diferenciadas. Lembro a este respeito os corixos no Pantanal, cursos formados pelas águas da chuva que desaparecem na seca, sendo portanto sazonais.
Mas há rios que são transitórios, por se situarem em regiões muito áridas, mesmo desérticas, que podem não receber chuvas por anos – quando elas chegam, costumam virar torrentes.
Queria agora falar dos lagos. Sua definição é um tanto simplória: uma depressão repleta de água. Esta pode vir da chuva, de uma nascente ou de um rio. A quantidade de água contida pode variar bastante, conforme a estação e o clima.
Nem todos os lagos têm água doce, há os salobros. Estes não possuem escoamento natural e sofrem de evaporação intensa, fatores que aumentam a concentração de sal. Há lagos muitas vezes mais salgados do que o mar.
Quando resultam da erosão, os lagos tendem a ser geologicamente recentes. Mas outros, chamados de tectônicos, decorrem de remotos movimentos da crosta terrestre, como foi o caso do Mar Morto.
Na realidade, ele era um mar cujas águas foram represadas. A evaporação o está secando, e um dia será um salar, como o gigantesco Salar de Uyuni, uma planície salgada. O Mar Morto é o mais baixo e o mais salino do mundo, não obstante seja irrigado pelo Rio Jordão.
Mas o maior lago mundial (e um dos mais profundos) é o Mar Cáspio, que banha a Rússia e é alimentado pelo Volga, apesar de ser levemente salobro. Tem o incalculável tamanho de quase 400 mil km, com comprimento de 1.200 km. Ao contrário do Mar Morto, seu nível tem subido há décadas, ninguém sabe com segurança porquê. Ambos são lagos fechados.
Um exemplo conhecido de formação tectônica é o Lago Tahoe na Califórnia. O movimento de afundamento e soerguimento comum na formação dos vales, conhecido como graben e horst (que comentei numa coluna anterior), lá gerou uma bacia circundada pelas montanhas da Serra Nevada. Formado durante o último período glaciar, é elevado, profundo e cristalino, além de maravilhosamente cênico.
Assim, há lagos que foram criados pela movimentação e derretimento das geleiras. Inversamente, lagos também resultaram do calor, pela ação dos vulcões, cujas crateras foram enchidas pela chuva. Normalmente são lagoas pequenas e graciosamente arredondadas.
Podem também decorrer da dissolução e depressão de rochas calcárias, que são solúveis em água. Até meteoros podem ser formadores por impacto de lagos, como na cratera canadense de Pingualuit (um nome esquimó), um lago fundo, doce e transparente.
Agentes menos dramáticos como ventos podem mover dunas e represar rios, criando pequenas cavidades, as playas ou lagoas eólicas.
Você talvez tenha notado que chamei de lagoas as formações vulcânicas e eólicas. E sabe porquê? Porque lagoas são simplesmente lagos pequenos – embora não haja muito acordo quanto ao tamanho, algo entre 2 e 10 ha.
Geógrafos ambiciosos criaram outros critérios: lagoas seriam rasas o suficiente para abrigarem plantas com raízes; poderiam ser atravessadas pela luz até o fundo; e careceriam de ondas nas margens. Mas não há nenhum consenso acerca disto. A Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio é realmente um lago, devido a seu tamanho de 200 ha.
E as lagunas? São corpos bem diferentes, situados na borda litorânea, separados do mar por recifes ou barreiras de areia, porém dotados de canais para o mar, que as inundam de água salgada.
A Lagoa dos Patos no litoral gaúcho é na realidade uma laguna. Talvez, por sua comunicação com o mar, a Lagoa Rodrigo de Freitas seja mesmo uma laguna. A Lagoa de Araruama é outra laguna, aliás a maior do mundo, belamente dotada de pontas, praias e ilhas.
1 comentário
Existe como um lago se tornar um rio?
Qual tamanho seria necessário?