Paraclimber Solenne Piret manda V8 em Fontainebleau

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Em meio a tantas notícias e acontecimentos tristes do dia a dia, tem algumas diferentes que causam emoção por serem inspiradores e belas. São as boas notícias acalentam o coração e ao serem compartilhadas, inspiram outras pessoas. A história da paraclimber, Solenne Piret, que mandou um boulder graduado em V8 esse final de semana é uma dessas notícias.

A Paraclimber malhando o boulder.

Solenne mandou o boulder Onde de Choc (7B / V8), em Fontainebleau na França. Ou seja, uma linha nada fácil, cerca de 8b de acordo com a graduação brasileira. Fato que já é surpreende, mas se torna um feito ainda maior por um detalhe. Solene não tem o antebraço e, consequentemente, a mão direita.

A escaladora é filha de escaladores e sempre foi incentivada à praticar o esporte. Todavia, por motivos particulares, ela parou e voltou apenas em 2017. Um ano depois ela conheceu Onde de Choc e foi incentivada a trabalhar o problema de boulder por um amigo.

Nesse meio tempo, ela se tornou campeã do mundo de Paraclimb em 2018 e 2019 e também fez inúmeros outros boulders com graduação menor na região. Já conhecendo melhor as técnicas de escalada, ela teve a ajuda de um personal trainer para poder mandar essa linha. Além disso, ela teve que descobrir os seus próprios betas.

Onde de Choc

“Meses se passaram e comecei a me assusta. Acho que era porque, no fundo, eu sabia que era possível [mas não sabia se realmente o faria]”, publicou em seu instagram. Todavia ao mandar o boulder ela comemorou. “Eu quero que você lute, é como uma música: você conhece a música, você conhece a letra, apenas recite-as. Era uma música incrível, tive que reinventar os acordes. Às vezes era dissonante, mas no final encontrei minha melodia e adorei. Agora é hora de se concentrar no próximo”, escreveu.

Solene observando o seu desafio.

Ao ser questionada sobre o seu próximo projeto, Solenne revelou que não se importa tanto com o grau, que para ela é diferente. “Só preciso encontrar blocos que se encaixem na minha deficiência, seja qual for a dificuldade. Às vezes, não consigo nem escalar um 5+ [V2], mas às vezes envio um 7A [V6] em apenas duas tentativas! ”, disse ela.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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