Perder peso ajuda a escalar melhor?

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Faz parte do senso comum achar que pessoas magras escalam melhor, afinal é menos peso para levar para cima. Assim, para muitos, a solução para se ter um bom desempenho na escalada é perder peso. Mas será que isso é verdade ou mito?

 

Essa é uma questão que exige ponderação e ao contrário do que se imagina, nem sempre perder peso pode ser bom. Pesquisas mostram que a perda de peso pode vir acompanhado pela perda de força muscular, o que é prejudicial para o escalador. De acordo com o estudo Perfil e Predição do Desempenho de Escaladores Indoor publicado em 2018, na Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, “É provável que diminuir a massa de gordura não tenha impacto direto no desempenho dos escaladores”. Eles apontam que o treinamento focado nos objetivos é responsável por melhorar a performance nesse esporte.

Já uma pesquisa da Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports aponta que apenas 4% da capacidade de escalar se deve à antropometria. Ou seja, a medida das dimensões físicas de uma pessoa que inclui peso, circunferência abdominal, altura, Índice de Massa Corporal (IMC), percentual de gordura e índice de padrão de crescimento. E o peso corporal e a gordura corporal têm um impacto de apenas 1,8% na escalada.

No entanto, cabe ressaltar que ambos os estudos foram feitos com escaladores com peso dentro dos padrões de peso e IMC considerados normais. Ou seja, se você já possui um peso adequado, não adiantará emagrecer para escalar melhor. As pesquisas apontam que quando isso acontece, o efeito pode ser contrário.

A perda de peso pode ser prejudicial

A perda de peso sem a devida orientação pode resultar também em perda de força e energia. Também é possível o surgimento de distúrbios alimentares, principalmente em adolescentes que são mais vulneráveis.

Mesmo em pessoas com excesso de peso, uma dieta mal feita pode resultar em perda de massa óssea e de massa muscular, diminuição da capacidade cardiovascular, diminuição da imunidade, desequilíbrios hormonais com efeitos no ciclo menstrual de mulheres e diminuição de testosterona nos homens. Bem como problemas gastrointestinais, depressão, irritabilidade, volume cerebral reduzido, aumento do risco de lesão, coordenação diminuída, diminuição das reservas de glicogênio, resposta de treinamento diminuída e crescimento e puberdade atrasados ​​ou atrofiados em adolescentes.

Assim o melhor caminho para se melhorar o desempenho na escalada ainda é investir em treinamento, melhoria da resistência e força. No entanto, se você pretende perder alguns quilinhos, vá com calma e procure orientação médica ou de um nutricionista esportivo.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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