Peruanos conquistam nova rota na Face Sul do Ranrapalca

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O Ranrapalca, de 6.162 metros de altitude, na Cordilheira Branca do Perú, é reconhecida por possuir algumas faces ainda não escaladas. Esse número diminuiu em agosto, quando os irmãos Eloy e Octavio Salazar mais o alpinista Eric Albino conquistaram uma nova rota em sua face sul, em estilo alpino.


Após 28 horas entre subida e descida, os montanhistas peruanos Eloy e Octavio Salazar mais o alpinista Eric Albino realizaram uma das empreitas mais arriscadas desse ano nas montanhas andinas: Escalaram a face sul do Ranracalpa, que nunca fora escalada anteriormente.

Ranracalpa, que significa “Lugar Pedregoso” na língua Quechua, está localizado na zona central do Parque Nacional Huascarán. Suas paredes possuem aproximadamente 850 metros de desnível, onde é possível avistar de tudo: gelo, neve, rochas, gretas… Ao final, uma extensa crista leva ao cume, de 6.162 metros.

Eloy é um guia local, seu irmão, Octavio, e Eric Albino são aspirantes à guia. Os dois irmãos já realizaram algumas das mais notáveis escaladas da Cordilheira Branca, entre elas uma escalada “em ataque” ao Alpamayo, e uma tentativa de escalada inédita da Face Oeste do Huantsán Grande no ano passado. Para este ano, juntaram forças com Eric, e partiram no dia 26 de agosto ‘porteando’ seus equipamentos à base do glaciar sul do Ranracalpa.

Realizaram a escalada da face sul ao longo de uma jornada única, que durou mais de um dia e uma noite de escalada ininterrupta, onde tiveram que atravessar trechos de até 95º (5º negativos) de inclinação em terreno misto. Aliás, a parte mais difícil da escalada tiveram que realizar a noite, pois quando esta chegou, simplesmente não tinham espaço algum que possibilitasse uma “trégua” da dura escalada.

Após passarem por este difícil trecho, e outros de escalada mista mais além, quando pensaram que dali pra frente a dificuldade seria menor, encontraram uma canaleta de 120 metros com quase 90º de inclinação de pura neve fofa andina. Ao final desta chegaram a longa aresta que os conduziria ao cume. Porém, mesmo ali a dificuldade não acabava! Em alguns pontos, a aresta era tão afiada que somente conseguiram passar montando “cavalinho” sobre ela.

Era quase 7 horas da noite quando chegaram ao topo do Ranracalpa. De lá desceram pela rota normal de descida da montanha utilizando três rapéis, até chegarem às encostas menos inclinadas da face oeste da montanha, onde os 50º de inclinação propiciaram uma desecalada mais rápida. Chegaram novamente ao acampamento base às 4 horas da manhã do dia 28 de agosto.

Os montanhistas catalogaram a escalada como ED, 50º – 90º/95º, 800 m.. com 20 horas de subida e 9 de descida, sem bivacks intermediários e em estilo alpino. O nome proposto? “La Paliza del Ranrapalca”, ou em português: “O Espancamento do Ranracalpa”.

A título de informação, o material utilizado pelo trio foram duas cordas de 60 metros, jogo completo de pitões para escalada em rocha, muitos parafusos de gelo e estacas de neve (só abandonaram uma!).

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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