Polêmica na conquista invernal do Nanga Parbat

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Nem todos celebraram a histórica escalada invernal ao Nanga Parbat realizada por Álex Txikon, Mohammad Ali e Simono Moro. Outros alpinistas que estiveram tentando a montanha nesta temporada Daniele Nardi, Tomek Mackiewicz e Cleo Weidlich fizeram críticas e comentários polêmicos e maliciosos sobre a escalada.

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Nenhum dos alpinistas que foram ao Nanga Parbat neste inverno disse abertamente que a campanha foi uma corrida para ver quem conseguiria a primeira ascensão absoluta na montanha que foi o penúltimo 8 mil do Himalaia a ser escalado na estação mais fria do ano. A quem era feita esta pergunta recebia uma resposta com generalidades, como que se competição fosse com o pico, que queria escalar pela beleza da montanha ou que o desafio se tratava de superar a si mesmo. O desenlace final desmascarou alguns dos candidatos que não conseguiram seu objetivo e que agora dão depoimentos polêmicos contra os envolvidos na conquista: Álex Txikon, Mohammad Ali e Simone Moro.
 
Daniele Nardi ameaça com os  tribunais
 
A declaração mais polêmica é possivelmente a do italiano Daniele Nardi. O ex companheiro da expedição de Álex Txikon e Mohammad Ali abandonou o campo base na parede Diamir cerca de 3 semanas atrás após desavenças com Txikon, líder da expedição. Curiosamente, no ano passado, quando  era líder de uma expedição que tentou escalar o Nanga Parbat no inverno, ele teve problemas e seus companheiros Tomek Mackiewicz e Elisabeth Revol e acabou unindo-se posteriormente com Txikon e Ali.
 
Entrevistado pelo jornal La Repubblica depois da confirmação do cume e sobre sua atuação no Nanga Parbat, o alpinista italiano assegurou que não se arrependia de nada. "Meu modo de escalar se baseia em uma ética sólida, em valores, o cume vem depois". Afirmou Daniele Nardi.
 
Tomek Mackiewicz tem dúvidas da veracidade de cume
 
Tomek Mackiewicz também parece não aceitar de bom grado o cume de seus companheiros. O alpinista polonês passou os últimos 6 invernos no Nanga Parbat perseguindo o sonho de alcançar o cume e lograr o feito histórico. Ele é a pessoa que mais vezes esteve acima dos 7 mil metros nesta montanha: 7400m em 2013 em solitário, 7200m em 2014 com  David Göttler, 7800m em 2015 com Elisabeth Revol, 7500 em 2016 com a mesma companheira.
 
Em seu perfil no Facebook, Mackiewicz não felicitou Álex Txikon, Mohammad nem Simone Moro pelo cume, algo que poderia se imaginar estranho, já que neste ano ele manteve estreitas relações com Simone Moro, compartilhando a rota e estando muito próximo ao italiano. Ao invés disso, ele compartilhou uma foto de um site paquistanês que indicava o lugar onde o localizador GPS de Txikon marcou o cume, num local um pouco distante de onde realmente fica o ponto mais alto da montanha. 
 
Posteriormente ele também publicou uma noticia de uma mídia polonesa que reproduzia as mesmas dúvidas do jornal paquistanês e nela ele comentava com questionamentos: "Não é possível evitar que exista controvérsias. Eu não acredito no que vejo. Espero que tenha sido apenas um erro do GPS e não um erro deles terem identificado mal o cume".
 
O certo é que na página de Racetracker, o localizador pessoal de Álex Txikon  ele nunca chegou a marcar o cume do Nanga Parbat, pois houve um problema técnico no dispositivo de rastreamento. As inconfundíveis fotografias de cume demonstraram a realização.
 
Cleo Weidlich felicita a Mohamad e seus "clientes" 
 
A controversa alpinista brasileira radicada nos Estados Unidos Cleo Weidlich foi a ultima a chegar ao Nanga Parbat neste inverno, acompanhada de 3 sherpas,Pemba Tshering Sherpa, Temba Bhote e Dawa Sherpa. Ela foi à vertente Rupal e lá se encontrou com os membros da expedição polonesa, que abandonaram a montanha logo que ela chegou ao final de janeiro. Desde então, o mal tempo não a permitiu chegar mais longo que o primeiro acampamento na montanha, localizado a 5100 metros de altitude.
 
Cleo fez referencia ao cume em seu perfil do Facebook de uma forma um tanto curiosa:
 
"Felicidades a Ali de Sadpara (como é chamado Mohammad) e a seus dois clientes por seu cume no Nanga Parbat. Ali é um alpinista invernal forte e experiente. Pouco conhecido para a maioria das pessoas, ele facilitou algumas ascensões muito importantes no Paquistão. Pelo que sei, ele foi o responsável em carregar, fixar as cordas e montar os acampamentos na rota Kinshofer da parede Diamir, o que abriu o caminho para este cume invernal. Graças ao trabalho de Ali comigo, fiz cume no G1 e me converti na segunda mulher do mundo em completar uma rota técnica na face sul do K2 e ascendi a face Diamir do Nanga Parbat até o campo 4 em 2010. Ali de Sadpara merece mais reconhecimento do que qualquer outro membro desta equipe, mas pouco se fala dele".
 
É a segunda vez que Cleo tenta escalar a gigante montanha paquistanesa. Em 2010, ela alegou ter chego a 7000 metros na rota normal justamente com Mohammad Ali III. Neste ano, junto com três sherpas, além de ter realizado a polêmica declaração, foi também vítima de outra.
 
Ela chegou no campo-base da rota Schell com muito atraso e de acordo com o site Desnível, em notícia vinculada no dia 23 de Fevereiro, os poloneses que estavam na montanha acusaram ela de ser oportunista e aproveitadora por tentar usar a rota que eles haviam trabalhado podendo usar vantagem na utilização de cordas fixas. 
 
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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