Sherpas propõem uma expedição de limpeza no Everest

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Com o fechamento das fronteiras do Nepal para estrangeiros, a comunidade de Sherpas que tira o seu sustento do turismo de montanha ficará sem emprego durante essa temporada. Entretanto, dentro do Nepal houve apenas um caso confirmado de Covid-2019 e a população ainda não precisa ficar isolada. Assim, a Associação de Montanhismo do Nepal está buscando soluções para conseguirem manter o trabalho da comunidade. A proposta inicial é realizar uma expedição de limpeza no Everest.

O Everest visto pelo lado nepalês.

“Dissemos ao Comitê que o Everest ainda pode criar empregos, para que não seja necessário aplicar subsídios e outras medidas semelhantes”, falou o presidente da Associação, Santa Bir Lama. O governo nepalês estima que haja cerca de 16 mil pessoas que trabalham como guia de montanha ou carregadores. Entretanto, sabe se que a ação de limpeza poderia empregar cerca de 25% desses Sherpas. A proposta foi levada para analise dos responsáveis.

Além do lixo deixado para trás pelas equipes de montanhistas também há restos mortais que exigem uma logística especial e muito cara para ser baixados. A associação de montanhistas acredita que sem o fluxo de montanhistas, ficará mais fácil remover os corpos.

Tsewang Paljor, o falecido mais famoso do Everest. Seu corpo virou ponto de referência.

Desde a primeira expedição, já morreram cerca de 300 pessoas, e acredita-se que pelo menos 200 ainda estejam lá. “Não sabemos quantos corpos poderíamos recuperar, mas, na ausência de pressão, uma oportunidade como essa não teremos novamente no futuro” comentou Santa Bir Lama.

Mutirão de limpeza na China

No último ano, a China fechou o campo base do lado norte do Everest aos turistas para que pudesse realizar uma ação de limpeza completa. Apenas escaladores com permissões puderam passar. Assim, foram retirados toneladas de lixo e excremento humanos, além dos corpos que permaneciam do lado chinês.

No Nepal, existe algumas regras para os escaladores que devem trazer todo o seu lixo de volta, inclusive excrementos, sob pena de multa. Além disso, também são distribuídos sacos para colocar o lixo, que depois são removidos pelos helicópteros. E desde 2014 é oferecido uma recompensa para quem traga mais de 8kg de lixo.

Mutirão realizado em 2019 por voluntários retirou cerca de 11 toneladas de lixo da montanha.

Entretanto, essas ações são insuficientes para dar conta de mais de 5 décadas de lixo acumulado. E por isso, os Sherpas veem esse período de crise como uma oportunidade para ajudar nessa limpeza.

 

 

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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