Descida dramática do Everest e atualizações do topo do mundo

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O descenso do cume do Everest dos montanhistas brasileiros Gabriel Tarso e Bernardo Fonseca ganharam um contorno dramático. A dupla fez cume no Everest no último dia 22 de maio às 8:45 da manhã no horário do Nepal.

Bernardo Fonseca e Gabriel Tarso no Nepal. Fonte: Instagram de B. Fonseca.

Durante o retorno ao acampamento 4, o último e mais alto acampamento da montanha mais alta do mundo, Gabriel Tarso ficou sem oxigênio suplementar e por isso chegou à exaustão. O Sherpa que acompanhava o grupo não entendeu a gravidade da situação e Tarso se viu sozinho na montanha, sem forças para continuar a descida. Sua agonia não foi notada por ninguém que passava por ele. Ninguém parou para prestar ajuda.

Gabriel conseguiu achar algumas garrafas usadas pelo caminho e assim conseguiu retornar ao acampamento 4, onde recebeu oxigênio, se hidratou e continuou descendo, chegando pela noite no acampamento 3, a 7300 metros, onde pernoitou. Hoje, dia 23, Gabriel e Bernardo desceram ao acampamento 2, a 6400 metros e de lá, um helicóptero evacuou Gabriel da montanha, levando-o a Lukla, a 2800 metros de altitude, onde ele está se recuperando, fora de risco. Bernardo seguiu o descenso à pé.

Outros brasileiros no Everest

A temporada de 2023 foi a que mais teve brasileiros, 8 no total. Porém até agora apenas 3 fizeram cume: Roberto Terzini (que também fez o primeiro double header brasileiro Everest + Lhotse), Gabriel Tarso e Bernardo Fonseca. A maior expedição nacional, liderada pelo experiente guia Carlos Santalena e que conta com Décio Gomes, Carlos Canellas e Murilo Vargas, terminaram por não tentar o cume. Em uma mídia social ele informou:

“O Monte Everest é um testemunho poderoso de que a natureza é soberana. Alcançamos incríveis 8.200 metros de altitude. Não alcançamos o cume de 8.848m. Mas a jornada foi genial! Valorizamos cada momento, pois fomos guiados pela “ousadia com responsabilidade”. Diante das adversidades, nossa equipe demonstrou resiliência e manteve o foco em alcançar nosso primeiro objetivo: chegar ao topo do Monte Everest. Agora, é hora de cumprir nosso segundo objetivo: voltar pra casa pra contar história.”

A última brasileira na montanha é Cesalina Gracie. A expedição a qual ela faz parte, a Elite Expeditions, chegou ao cume da montanha, porém não informou sobre a brasileira em suas redes.

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Rota para o topo do Everest

Temporada chegando ao fim

Já houve cerca de 400 cumes reportados no Everest pelo lado nepalês. Não há informações sobre a expedição chinesa ocorrendo pelo lado norte, porém os chineses não costumam fazer publicidade de seus feitos.
O vento está começando a soprar mais forte na montanha e provavelmente a janela está acabando essa semana. Montanhistas que ainda não fizeram cume se apressam em chegar no acampamento 4 e finalizar a temporada. Dentre eles, Kami Rita Sherpa, o atual recordista de cumes na montanha mais alta do mundo com 27 ascensões junto de Pasdawa Sherpa. Rita poderá a chance de tomar a dianteira e chegar a 28 cumes.

Mortes no Everest

De 1922 a 20 de maio de 2023, 193 estrangeiros e 125 sherpas morreram no Everest em ambos os lados por todas as rotas. De acordo com o cronista do montanhismo Alan Arnette, as principais causas de morte para todas as 323 mortes incluem avalanches (78), quedas (72), doença aguda da montanha-AMS (38), exaustão (28), doença não-AMS (27) e exposição (26).

O Everest. Foto Pedro Hauck.

Esta temporada de primavera está bem acima da média histórica de quatro mortes. Os principais anos de mortes em ambos os lados, por todas as rotas, foram 2014 (16), 1996 (15), 2015 (13), 2019 (11), 1982 (11) e 1988 (10). Estas são as mortes durante esta temporada de primavera de 2023:

1-3. Em 12 de abril: Tenjing Sherpa, Lakpa Sherpa e Badure Sherpa, todos trabalhando para a operadora nepalesa Imagine Nepal, morreram quando a seção superior da cascata de gelo desabou

4. 1º de maio: o americano Jonathan Sugarman, 69, morreu no acampamento 2 escalando com a operadora americana International Mountain Guides (IMG)

5. 16 de maio: Phurba Sherpa faleceu perto da Faixa Amarela acima do Acampamento 3. Ele fazia parte da campanha de limpeza da montanha do Exército do Nepal

6. 17 de maio: o alpinista moldavo Victor Brinza morreu no colo sul com o operador nepalês Himalayan Traverse Adventure

7. 18 de maio: o chinês Xuebin Chen, 52, morreu perto do cume sul

8. 20 de maio: o malaio Ag Askandar Bin Ampuan Yaacub subiu no cume sul, adoeceu e morreu. Ele estava escalando com a operadora nepalesa Pioneer Adventures

9. 21 de maio: o australiano Jason Bernard Kennison, 40, morreu perto do Balcony. Ele estava com a Asian Trekking

10. 18 de maio: Houve outra morte, a indiana Suzanne Leopoldina Jesus, 59, que pretendia escalar o Everest, mas deixou a EBC doente e morreu em Lukla, portanto, não é tecnicamente uma morte por escalada.
Há ainda dois desaparecidos na montanha que, se confirmado, aumentarão o número trágico de mortes de 2023. Na sexta-feira, 19 de maio de 2023, o alpinista malaio Muhammad Hawari Bin Hashimgot, 33, desapareceu depois de chegar ao cume. Ele é surdo e mudo. Os sherpas procuraram por ele em todos os acampamentos, sem sucesso.

Outro desaparecido é o cingales Shrinivas Sainis Dattatraya de 39 anos. Dattatraya enviou uma mensagem de texto para sua esposa na sexta-feira dizendo que havia alcançado o cume do Everest, mas provavelmente não conseguiria descer. Sua esposa disse ao The Straits Times que ouviu falar dele pela última vez às 15h30 de sexta-feira. Não houve nenhuma palavra dele desde então. Madame Soma disse: “Através de seu telefone via satélite, ele me disse que havia chegado ao cume. Mas então ele seguiu com más notícias, dizendo que não seria capaz de descer“. Ele estava com Seven Summit Treks.

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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