Sucessivos ataques de abelhas assustam montanhistas paranaenses

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Montanhistas do Paraná relataram pelo menos cinco ataques de abelhas nas montanhas do estado no último mês. Um caso foi registrado na região do Guaricana, um no Araçatuba e três deles na trilha e próximo ao Pico Ciririca. O último incidente aconteceu em 26/12, quando Frederico Virmond Neto e sua esposa, Juliana Oyama Virmond, estavam a caminho da Cachoeira do Professor, localizada na trilha para o Ciririca.

As abelhas africanizadas são as mais temidas. Foto: Ante Hamersmit

Os dois montanhistas foram surpreendidos por um enxame de abelhas africanizadas em uma cascata pouco antes do destino planejado para o dia. “A sorte que eu ia um pouco à frente, pois não sou alérgico e as abelhas me pegaram primeiro, o que deu tempo para minha esposa recuar e entrar numa queda d’água e se proteger das picadas, pois ela sim é muito alérgica”, contou Virmond.

O montanhista que também é médico estima ter levado mais de 150 ferroadas, principalmente na região do pescoço e cabeça, incluindo no couro cabeludo e dentro da boca. Ele se jogou em um poço de água dentro do rio para tentar se proteger, porém ainda assim não conseguiu se livrar do enxame.

“Tentei a princípio me jogar no poço de água, atitude que nada adiantou, pois cada vez que eu emergia rapidamente era coberto pelas abelhas. Minha mulher gritou para eu tirar a mochila que ela observou que era um dos chamarizes. Abandonei a mochila no chão e sai correndo rio abaixo e quando me afastei uns 70m de onde estávamos cheguei à cachoeira do professor e tive paz, as abelhas sumiram”, explicou.

Após alguns minutos Virmond se acalmou e começou a retornar para o local do ataque a fim de encontrar sua esposa. “A medida que me aproximei do local do incidente já levei mais algumas picadas e desisti de tentar recuperar o material”, declarou. No entanto, ele conseguiu contato com Juliana que saiu ilesa e sem nenhuma ferroada.

Juliana iniciou a volta pela trilha, mas Frederico decidiu não arriscar passar pelo local do ataque novamente.  Assim ele subiu um dos morros mais próximos e fez um desvio sentido a trilha principal onde reencontrou sua esposa. Ambos conseguiram se auto-resgatar e chegar a Fazenda da Bolinha onde puderam se hidratar e avaliar os ferimentos melhor.

Como fugir de um ataque de abelhas?

Os ataques de abelhas podem ser fatais e são muito difíceis de prever. Eles podem ocorrer em qualquer época do ano, no entanto os casos crescem durante a primavera e o verão, pois as abelhas ficam mais ativas e agressivas com o calor.

Entrar na água pode ser uma solução, no entanto elas só não atacam quando a pessoa está totalmente submersa.

Normalmente, as abelhas atacam quando sentem que a colmeia está ameaçada ou durante a enxameação (que é quando uma colmeia se divide para formar duas ou mais colônias independentes). Assim, a qualquer sinal de perigo recomenda-se se afastar do local onde elas estão. Se você ainda não foi picado faça silêncio, evite bater nas abelhas ou fazer movimentos brutos, pois elas são atraídas pelo barulho e movimento.

E ambientes naturais evite utilizar perfumes ou outros produtos com cheiro forte. Roupas neutras também chamam menos atenção das abelhas.

No caso de um ataque afaste-se e tente proteger a região da cabeça e do pescoço. “Conversado com amigos que lidam com abelhas a dica é corra o mais rápido que puder para deixar a região delas, são muito territorialistas, batendo com o que acontece comigo, só fiquei a salvo quando me afastei o suficiente do território delas”, contou Virmond.

Ele ainda deixou o alerta para que os montanhistas evitem passar pela trilha do Siririca nos próximos dias por conta desse enxame. “Espero que esta história ajude a evitar outros acidentes no local e, caso aconteça, a pessoa saiba que correr pra longe é o melhor caminho. Outra coisa que ajudou muito foi estarmos em dia com conhecimentos de orientação e condicionamento físico”, concluiu o montanhista.

Os primeiros socorros em caso de ataque

Pessoas com alergia devem tomar os medicamentos indicados previamente pelo seu médico e procurar atendimento médico imediatamente. Em casos de muitas ferroadas, mesmo que a pessoa não seja alérgica, também é recomendado que se busque ajuda médica.

Também é necessário retirar os ferrões para evitar que o veneno continue sendo injetado no corpo. No entanto, não deve-se espremer os ferrões com a unha ou uma pinça. Esse processo deve ser feito por meio de raspagem com a utilização de uma espátula, a parte não cortante de uma faca ou canivete, ou mesmo um cartão.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

1 comentário

  1. Sim,
    temos ouvido do aumento de ataques por toda a Mata Atlântica. Será o aumento excessivo do calor?
    Belo artigo, obrigado por compartilhar esse caso específico. Relatos assim nos fazem lembrar de detalhes na hora do aperto.

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