Um dia triste no Everest

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Um dia triste no Campo Base do Everest. Mais uma gigantesca avalanche desceu sobre a Cascata de Gelo. É a segunda em menos de uma semana, e a terceira desde que as expedições chegaram ao Campo Base. Desta vez, infelizmente, parece que houve vítimas fatais: um sherpa desapareceu em uma greta, levado pela onde de neve, e um alpinista (que ainda não teve seu nome divulgado) ficou ferido e já foi retirado da montanha.


Texto integral de Patricia Paladino, postado no site www.omeueverest.com/blog/

“Foi a maior avalanche que eu já vi descendo a montanha, bem em cima da rota de escalada”
, disse o alpinista Johnny Strange, da Stranges on Everest expedition em seu site.

Ninguém precisa ficar apreensivo, porque os alpinistas da Jagged Globe, incluindo Morey, estão em Pheriche, no período de descanso para o ataque final ao cume. A gerente do Campo Base da expedição, Mara Larson, informa que apenas os guias, os sherpas e ela estavam no Base e que todos estão bem. Ela se solidariza com a família do sherpa desaparecido (e provavelmente morto) e do alpinista ferido e conta que o Campo Base ficou silencioso e triste durante todo o dia.

Eric Simonson, CEO da International Mountain Guides (IMG) e líder desta expedição, descreveu o acidente em seu site, e reproduzimos seu relato. Ele conta que o cliente-alpinista Rejean Audet estava descendo a Icefall com Dawa Sherpa e mais três sherpas da equipe, que acabavam de levar carregamento para os acampamentos superiores.

Era por volta das 10h quando uma gigantesca avalanche desceu em direção à lateral da Cascata de Gelo, vinda do West Shoulder (a continuação da parede Sudoeste do Everest, o “ombro oeste” da montanha, que chega até os pés da Cascata) e os pegou em cheio. Imediatamente eles chamaram o Campo Base pelo rádio, para dizer que estavam bem. Mas ao chegar contaram a história completa.

Ao ouvirem o enorme estrondo, eles tiveram menos de 10 segundos para procurar um abrigo. Dawa os guiou até um grande sérac (bloco de gelo), onde poderiam tentar se esconder, mas ele também foi atingido pela onda de neve. Depois do enorme susto, eles procuraram pelos outros membros da expedição, que desciam juntos. Notaram que três deles haviam desaparecido. Em uma greta encontraram outros dois alpinistas que também estavam no centro da cena, mas não o sherpa. E, dos 22 alpinistas que estavam no local, apenas Dawa tinha uma corda e uma pequena faca. Com o auxílio de Pasang, um sherpa da expedição do Exército Indiano, ele resgatou os dois alpinistas da greta – um deles estava inconsciente e já hipotérmico.

Dawa e o resto do time da IMG desceram a montanha trazendo o alpinista ferido, ainda inconsciente, e encontraram no caminho outros alpinistas que subiam para ajudar, com garrafas de oxigênio e um sleeping bag para auxiliar na remoção. Ele foi levado ao Campo Base e removido de helicóptero para Kathmandu.

Por duas horas e meia os alpinistas procuraram pelo sherpa desaparecido, sem sucesso. Foram encontrados apenas sua mochila e uma de suas botas.

Em seu site, Eric Simonson agradece os esforços de alpinistas como Damien e Willie Benegas (guia da expedição da Jagged Globe), Dave Hahn, experiente alpinista e treinado em primeiros socorres em medicina de altitude, Mark Tucker e Ang Jangbu, que subiram para ajudar. Quando algo assim acontece na montanha, aparecem, mais do que os grandes alpinistas, os grandes homens. Que muitas vezes arriscam a própria pele na tentativa de resgatar alguém.

O alpinismo é um esporte de risco calculado – até um certo limite. E este limite é a própria natureza. Contra sua força não há muito a fazer. Quem entra em contato com esse poder natural sabe que está lidando com uma potência maior e que desafiá-la é inútil. Corre o risco – mesmo que tenha que pagar um preço muito alto…

Vamos torcer para que o alpinista ferido se recupere, e que nada mais aconteça…

Fonte: Texto integral de Patricia Paladino, postado no site www.omeueverest.com/blog/

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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