Yuri Martins da Silva entra para o seleto “Clube dos 6 mil” após escalar 10 montanhas acima de seis mil metros nos Andes

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O montanhista Yuri Martins da Silva de 33 anos, acaba de alcançar um marco no montanhismo: escalar 10 montanhas acima dos seis mil metros de altitude na Cordilheira dos Andes, juntando-se ao seleto grupo do Clube dos 6 mil.

Yuri com o Nevado Sajama ao fundo. Foto: Yuri Martins

Praticante de montanhismo há sete anos, Yuri iniciou sua trajetória nas trilhas da Serra da Mantiqueira. “Minha primeira montanha foi o Capim Amarelo, minha primeira travessia foi a Marins–Itaguaré e minha primeira via clássica foi na Pedra do Baú. Essas experiências me fortaleceram e me mostraram que as montanhas seriam mais do que um hobby — se tornariam um propósito de vida”, conta.

Sua primeira grande ascensão em alta montanha foi o Cerro Mercedário, e desde então ele acumulou desafios e conquistas em picos emblemáticos como Ojos del Salado, Nevado Illimani e Vulcão Sajama. Mas, para ele, o maior desafio, e também a montanha mais bonita, foi o Chopicalqui, no Peru. “O nível técnico e o esforço físico foram enormes. Fizemos um ataque ao cume a partir do acampamento Morena, a 4.850 metros, num percurso longo, que ainda incluía uma parede de 200 metros de escalada em neve acima dos seis mil metros… Me surpreendeu em todos os aspectos possíveis, mas tudo aconteceu de uma maneira muito fluída. Eu não conseguia acreditar que estava conseguindo subir aquela montanha fantástica. Foi algo muito surreal. É uma montanha complexa e de uma beleza muito única”, revelou.

Comemorando mais um cume. Foto: Yuri Martins

Para chegar ao Clube dos 6 mil, Yuri fez uma progressão gradual. Começou com o vulcão Llaima (3.125 m), depois escalou o Cerro Plomo (5.450 m) e, aos poucos, chegou aos 6 mil metros. “.Eu sempre fui muito interessado no assunto sobre alta montanha, estudei muito sobre o assunto antes de ir pela primeira vez, conversei com muita gente e fui entendendo como fazia para subir e se aclimatar bem. Além disso, sou um frequentador assíduo de montanhas na região da Mantiqueira e em outros lugares. Então, sempre estou nas montanhas, mas, também, me preparo na cidade correndo, subindo escadas, bike e exercícios de musculação”, explica.

O montanhista reforça que a alta montanha exige mais do que preparo físico: “A palavra que carrego comigo vem de um dos meus ídolos no montanhismo, que é o Shackleton, o lema da vida dele é “resistir”. Mas do que um esporte de desempenho físico, é um esporte de amor e resistência. Amar o caminho, amar o sofrimento, amar as adversidades e seguir no empenho de cada passo. Saindo um pouco mais dessa parte mental, é importante ter experiências em montanhismos antes, se preparar fisicamente também, porque o físico só será mais um detalhe. Esse detalhe tem que ser um aliado e não um inimigo”.

O montanhista pretende continuar escalando os seis mil dos Andes e também iniciar as escaladas de 7 mil metros no Himalaia. Foto: Yuri Martins.

Com o Clube dos 6 mil no currículo, Yuri já pensa nos próximos passos. “Quero continuar escalando montanhas de seis mil metros nos Andes, mas, nos próximos dois anos, meu objetivo é uma montanha de sete mil metros, possivelmente no Himalaia”.

Yuri faz questão de destacar que sua trajetória é movida por respeito e amor às montanhas. “Não sou nada perto delas e devo tudo a elas. Tudo aconteceu muito rápido e fui me entregando ao esporte”, finalizou.

As 10 montanhas acima de 6 mil metros escaladas por Yuri:

  1. Cerro Mercedário 6.710 m
  2. Chopicalqui 6.354 m
  3. Nevado San Francisco 6.018 m
  4. El Ermitaño 6.146 m
  5. Ojos del Salado 6.893 m
  6. Acotango 6.052 m
  7. Parinacota 6.348 m
  8. Sajama 6.542 m
  9. Huayna Potosí 6.088 m
  10. Illimani 6.438 m
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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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