Marcelo Delvaux está desaparecido no Coropuna (ATUALIZADO)

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O experiente montanhista Marcelo Motta Delvaux está desaparecido no Nevado Coropuna, a quarta montanha mais alta do Peru, com 6.425 metros de altitude.

De acordo com o rastreamento de seu GPS, Marcelo chegou na base do Coropuna no dia 25 de junho, quando ele enviou uma mensagem padrão dizendo que estava tudo ok. O montanhista chegou ao cume do Coropuna Oeste no ultimo domingo, dia 30 de junho às 14:57 do horário local. Na sequência, ele inicia sua descida, porém próximo a 6300 metros o sinal fica estagnado, sem se mover, porém o aparelho encontra-se até agora ligado. Ele não enviou nenhuma mensagem e também não apertou o botão de SOS.

Coropuna no Peru. Foto: Huaylas te Invita/ Wikimédia Commons

 

Marcelo é um dos montanhistas mais experientes em alta montanha do Brasil, com mais de 150 cumes entre os Andes e o Himalaia. Ele começou a escalar em altitude no início dos anos 2000 e faz parte do Clube dos 6 Mil com 24 cumes acima de seis mil metros. O montanhista possui formação como Guía Superior de Montaña pela EPGAMT, na Argentina, sendo um dos primeiros guias brasileiros a obter tal título.

Marcelo Delvaux

O Nevado Coropuna possui sete cumes, entre o principal e os adjacentes. O nível de dificuldade é intermediário e leva-se, em média, de 3 a 4 dias para escalá-lo após aclimatação. A temporada de escalada dessa montanha vai de maio a outubro.

Esta não é a primeira vez que o montanhista brasileiro escala o Coropuna. Ele realizou a primeira tentativa de escalada nessa montanha em 2015. Dois anos depois, ele retornou e chegou a três dos sete cumes: Nevado Pallacocha (Coropuna Oeste) com 6.390 metros, Coropuna Casulla (Coropuna Norte) com 6.405 metros e Coropuna Leste com 6.305 metros.

Uma equipe de buscas da Policia peruana foi mobilizada de madrugada e está a caminho da montanha. Porém o Corupuna fica numa região remota, a nove horas de carro desde Arequipa. Além disso, como seu ultimo sinal está num local muito alto na montanha, a equipe deve demorar para chegar até lá e enviar novas notícias.

O que contém no rastreamento do GPS de Marcelo Delvaux?

Marcelo Delvaux tem um aparelho de GPS Garmin com rastreamento. Este aparelho pode enviar e receber mensagens, além de ter um botão de emergência que acionado gera a mobilização de uma equipe de resgate.

No rastreamento, é possível ver que Marcelo esteve no mesmo local no ano de 2023, mas naquela ocasião não chegou ao cume da montanha. Em 2024, ele chega ao ponto onde se inicia a trilha as 13:52 minutos do dia 25 e já começa a caminhar, chegando a um local a 4880 metros, onde desliga o GPS naquele dia.

Este ponto, a 4880 metros é um acampamento que ele também havia usado no ano anterior. Ele permanece ali nos dias 26 e 27, porém se deslocando até um outro ponto, a 4630 metros de altitude, onde é possível notar que há água pelo Google Earth. Aparentemente, nestes dois dias, ele  ficou esperando o tempo melhorar para no dia 28 de junho, saindo do acampamento às 4 da manhã realizasse uma tentativa de fazer cume. Neste dia ele chega quase as 18 horas a 6300 metros de altitude, portanto perto do cume, mas já bastante tarde e inicia sua volta.

Visão geral dos principais pontos por onde andou Marcelo Delvaux. Nesta imagem se vê o local aonde ele chegou na montanha no dia 25, o local onde ele acampou a 4880 metros de altitude e o ponto onde ele buscava água. Também se vê o cume, o local onde ele chegou na tentativa do dia 28 e onde está seu GPS agora.

No dia 29 ele permanece no acampamento, desce novamente ao ponto de água e no dia 30, as 3 da manhã empreende seu novo ataque, chegando ao cume próximo das 3 da tarde. Às 3:30, mais ou menos, seu GPS começa a marcar pontos muito próximos um de outro, típico perfil de quando o sinal perde precisão e faz um emaranhado de pontos de linhas que permanecem até agora.

O cume do Coropuna e o local onde Marcelo chegou no dia 28 e onde está seu GPS agora. Nota-se que é uma região de gretas.

Buscas

Hoje, dia 4 de julho, uma equipe da Policia de Arequipa foi até a base da montanha, que está localizada a 9 horas da cidade. Como no Coropuna não há nenhum sinal de celular, não há notícias desta equipe. De acordo com um montanhista local, a Polícia não costuma informar terceiros de suas operações e estas equipes não fazem trabalhos com frequência em zonas remotas, portanto eles não estão aclimatados para subir a montanha.

Como é necessário pelo menos uma semana para que alguém se aclimate para chegar até o local onde está o GPS de Marcelo Delvaux, a família decidiu por contratar uma equipe de guias de montanha profissionais, já aclimatados para fazer as buscas na região mais alta da montanha. Esta equipe deverá sair de Arequipa agora a noite.

Para arcar com o alto custo desta equipe de buscas, a família e amigos decidiram fazer uma campanha de financiamento coletivo (ver abaixo).

Amigos fazem campanha para arrecadar fundos para procurar Marcelo Delvaux

Equipes estão na base da montanha

Uma equipe com 4 guias de montanhas profissionais aclimatados se encontrou com a equipe de policia. Eles passaram por um vilarejo perto do Coropuna onde puderam ter acesso a internet e enviar mensagens. Os grupos irão trabalhar em conjunto e é esperado que eles cheguem até o local onde Marcelo Delvaux usou de base para atacar o cume da montanha.

Há equipes da Policia rodoviária fazendo batidas pela região. O intuito é encontrar Marcelo, caso se confirme a hipótese de que ele tenha perdido o GPS e descido a montanha sem ter comunicação. Esta equipe esta fazendo varredura nos povoados perto do Coropuna.

Policia peruana na base do Coropuna.

Mais notícias em breve…

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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