Travessia Araçatuba x Monte Crista – Realizada só por mulheres

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Já havia algum tempo que cada uma de nós tinha vontade de realizar esta travessia, a mais longa aqui da região sudeste do Paraná – nordeste de Santa Catarina; havia também a vontade de realizar uma travessia na Serra do Quiriri só com mulheres. A partir daí surgiu à ideia de reunir um grupo de montanhistas, com experiência e preparadas para encarar o desafio!
DADOS GERAIS
Período de realização: 29 de abril a 01 de maio de 2017
Percurso total: 60,7 km
Participantes da Travessia:
Cecilia Suarez (Córdoba/AR)
Greissy Caminski (Curitiba/PR)
Idce Sejas (Curitiba/PR)
Juliana Hoy (Curitiba/PR)
Lucimara Bertioti (Curitiba/PR)
Marina Sutilli (Joinville/SC)
Priscila Guimarães (Paranaguá/PR)
Yara de Mello (Joinville/SC)
BREVE RELATO
1° Dia – Araçatuba X Camping Comfloresta (18,5 km)
A travessia de 60,7 km pela Serra do Mar do sudeste do Paraná e nordeste de Santa Catarina começou no dia 29 de abril às 9h e 15 min, quando demos início a subida ao cume do morro Araçatuba (1.673m), na serra da Papanduva. O tempo estava colaborando, frio e seco, graças à atuação de uma massa polar, o tempo perfeito para subir uma montanha!
As 11h e 15 min atingimos o cume do Araçatuba, em duas horas de caminhada com cargueiras razoavelmente pesadas. Sendo este o primeiro cume brasileiro conquistado pela companheira argentina Cecilia. Este é o trecho de maior desnível em ascensão da travessia, são mais de 600 metros. Almoçamos e demos seguida a nossa jornada, onde rapidamente iniciamos a travessia do “inferno verde”, entre a serra do Araçatuba e o morro Baleia (1.556m), onde fica o vale das nascentes do rio Pinhal.  Este trajeto tem a mata bastante fechada, porém é possível observar uma picada e algumas pegadas humanas, em questão de uma hora vencemos este desafio. Quando pensamos que tínhamos vencido a pior parte, cai a sola direita da bota da Cecilia. Conseguimos dar um bom jeito e prendemos com fitas hellermans. Ceci falou que ficou melhor que estava! A essa altura já havíamos percebido que mais um grupo estava fazendo a travessia. Depois acabamos por encontra-los em diferentes locais ao longo dos dias.
Em seguida passamos pela encosta norte do morro Moréia (1.526m), que devido à forte insolação têm o solo bem seco, tornando o lugar agradável para caminhar. Quando contornamos a encosta e começamos a andar no sentido sul já avistamos as dezenas de estradas nas áreas de reflorestamento de pinus da Comfloresta. A partir dali caminhamos em torno de 9 km pelas estradas até chegarmos a um local de camping, logo após o pôr do sol (700 metros antes têm um ponto de água). Pernoitamos ali mesmo, onde pudemos deslumbrar um lindo céu estrelado e identificar algumas constelações, como o Cruzeiro do Sul, Órion e Cão Maior. Destaca-se que ainda antes de chegar ao acampamento, têm uma subida bastante forte, com desnível aproximado de 300 metros, que ao chegar ao final da estrada, continua num trecho com pedregulhos e mata baixa – um pouco fechada, no topo encontramos novamente uma estrada, a qual descemos até o camping.
 2° Dia – Camping Comfloresta X Pedra do Lagarto (27,4 km)
Na manhã do segundo dia da travessia “tomamos café”, levantamos acampamento, e iniciamos a caminhada depois das 8h, ainda pelas estradas da Comfloresta. Sabíamos que este seria o dia com a maior quilometragem a ser percorrida.
Logo que começamos a andar já iniciamos uma subida íngreme, com desnível aproximado de uns 300 metros, como no dia anterior. Esta subida deixava para trás o vale do rio Piraí-guaçu, passando em seguida ao lado da serra da Imbira, até atravessar o rio Negro, e adentrar no território do Estado de Santa Catarina. Depois de um longo trecho com visual não muito bonito, em meio a estradas erodidas e pinus, começamos a caminhar nos lindos campos de altitude, onde andamos até o Marco da Divisa, e lá paramos para lanchar. Ficaram para trás cerca de 14 km de estradas.
Continuamos a caminhada, adentrando nos campos da Serra do Quiriri. Este sem dúvidas seria um dia com visual deslumbrante, porém, o tempo estava um tanto nebuloso, impossibilitando um visual 360° e aquelas “fotos de capa e perfil”, ainda assim conseguimos uns belos cliques. Logo um som de motor interrompeu o silêncio da montanha, eram cerca de quatro pessoas em quadriciclos, andando nos campos próximo ao marco :/
Passamos a 1° cerca, onde dizia que é proibida a entrada de pessoas estranhas, e naquele momento quase demos meia volta, já que não somos muito normais (rsrsrsrrs). Caminhamos um tanto e passamos pela 2° cerca, a partir dali a trilha ficou um pouco complicada, e acabamos por nos distanciar alguns metros da track, mas seguimos no rumo certo. Na encosta do Morro Klein (1.500m) paramos para almoçar, já que avistamos o Bradador (1.527m), e precisaríamos de energia para encarar a subida. Demos a volta no morro, para não subir direto ao cume e pegar tanta inclinação, já do outro lado aguardamos enquanto as companheiras Greissy, Juliana e Priscila foram ao cume do Bradador.
Descemos a estrada em seguida, e como estávamos sem água resolvemos ir até a fazenda Quiriri. Lá, por sorte, encontramos um grupo de amigos montanhistas chamado “Brasão”. Ofereceram-nos churrasco, pão, barras de cereais, chocolate, e assim nos reabastecemos para a descida até a Pedra do Lagarto (1.340m).  Os companheiros foram muito parceiros, e só temos a agradecer.
Infelizmente, neste ponto perdemos a companhia de uma das integrantes da travessia, a Lucimara, que estava sentindo fortes dores no joelho. Foi uma perda não tê-la conosco até o final da empreitada, mas não vale a pena se lesionar, haverá outras possibilidades. Valew guerreira! A Lu retornou para cidade de carona a partir da fazenda.
Dali em diante seguimos caminhada, agora éramos sete. A trilha neste trecho entre a fazenda e o Lagarto estava bem batida, com pegadas de cavalo. Próximo ao Morro dos Alemães (1.363m), demos uma pequena desviada na trilha em sentido ao cume, e o track acabou por dar em lugar nenhum (descer o vale e subir a encosta cortando caminho), então retornamos para a trilha original, e logo chegamos na Pedra do Lagarto. Lá conseguimos tirar algumas fotos antes de o sol se pôr, tinha uma galera acampada ali próximo aos pontos de água, descemos mais um pouco e acampamos em um desses pontos, ao lado do rio Três Barras, bem próximo a uma de suas nascentes.
3° Dia – Pedra do Lagarto X Monte Crista (14,8 km)
O terceiro dia amanheceu bem fechado, e a noite inclusive rolou um chuvisco. Mas ao longo das horas o tempo foi abrindo um pouco, o que permitiu algumas “janelas” para apreciação da paisagem. Próximo às 9h deixamos o camping e partimos sentido Monte Crista. Logo no início da caminhada, após o morro do Totem (1.260m) passamos reto na trilha original uns 200 metros, ao invés de virar à esquerda e começar a descer. O trecho ali está muito batido com pegadas de cavalo, o que causou a confusão. Quando encontramos a trilha correta e seguimos adiante e, descola a sola da bota esquerda da Ceci, só nos restava fita para travar a parte de tras da bota e enquanto a Ceci dizia “Oh Dios, o que hice?”, travamos aparte da frente da bota com cordelete e seguimos a caminhada! Passamos o Morro do Jesuíta (1.125m), e a partir da cabeluda começamos a encontrar bastante gente na trilha, assim como papel higiênico jogado pelo chão, e fogueiras para todos os lados. Por outro lado, avistamos os primeiros degraus do caminho histórico de pedras Três Barras.
La no platô 900, a companheira Marina aguardou enquanto nós fomos até o cume do Monte Crista, que apesar de fechado para o lado de Joinville, estava lindo! De lá iniciamos a descida e lembramos do valor que botas novas, meias boas e unhas cortadas fazem (rsrsrs). A Ceci que o diga, pois passou todo perrengue possível com as botas praticamente novas que as foi emprestada, mas que, estavam paradas, sem uso, há pelo menos uns 5 anos. Foi guerreiras e superou todas as dificuldade e completou a descida da travessia com suas botas revestidas pelas super meias Hi tech. Cedidas gentilmente pela Yara e ajudaram as botas em seus últimos suspiros.  É nessas horas que descobrimos a importância de estar prevenida na montanha. Agora não saímos mais sem fitas Hellerman e meias hi teck.
Chegamos no estacionamento do seu Harry as 15h e 30 min, lá comemos alguns pastéis de palmito e tomamos algumas cervejas para comemorar a trip.
A maioria de nós se conheceu nessa travessia, e foi realmente um prazer passar estes momentos juntas. Valew parceiras montanhistas do PR, SC e AR. Valeu o esforço, parceria e conquista!
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2 Comentários

  1. Show de bola o relato. Um dia desses quero fazer essa travessia . Se tiver algum grupo marcando essa travessia favor entrar em contato .

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