25 anos da primeira ascensão brasileira no Everest

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No dia 14 de Maio de 1995, o montanhista paranaense Waldemar Niclevicz e o fluminense Mozart Catão chegaram ao cume da montanha mais alta do mundo, o Everest, num momento histórico do montanhismo brasileiro.

Waldemar neste momento já era um dos expoentes do montanhismo brasileiro. Mesmo muito jovem, ele tinha apenas 29 anos, já tinha grande experiencia em montanhismo de altitude, já tendo escalado diversas montanhas de grandes altitudes nos Andes e nos Alpes, como o Aconcágua, Illimani, Huayna Potosi, Ojos del Salado, Muerto, Huascarán, Chimborazo, Matterhorn e Mont Blanc. Era sua segunda tentativa de escalar a montanha mais alta do planeta. Na primeira, em 1991, ele chegou a tentar o ataque ao cume, mas devido a um problema em seu sistema de oxigênio engarrafado, acabou tendo de abortar a tentativa próximo do colo sul.

Por usa vez, o Teresopolitano Mozart Catão era um montanhista técnico e muito forte fisicamente. Tinha em seu quintal de casa a Serra dos Órgãos e por lá conquistou inúmeras vias de escalada em rocha. Ele era conhecido por ter escalado o Aconcágua com uma bicicleta, tendo em vários trechos que carregá-la nas costas.

Waldemar Niclevicz no cume do Everest em 14 de Maio de 1995. Foto de Mozart Catão.

Ambos montanhistas tinham patrocínios diferentes e acabaram se juntando na mesma expedição, liderada pelo britânico Henry Todd. A expedição de Todd já era comercial, porém nesta época os serviços eram muito diferentes dos atuais e os clientes tinham que carregar equipamentos de montanha e montar acampamentos como nas expedições exploratórias. “Não encontramos ninguém em nossa subida ou descida, desde o acampamento 3 (8.300m) da sua Face Norte. Em nosso ataque ao cume, desde o acampamento-base avançado, não contamos com ajuda de carregadores de altitude ou sherpas. Algo bem diferente dos dias de hoje!” Disse Niclevicz em sua página no Facebook.

A dupla fez a aclimatação para a escalada realizando o trekking ao acampamento base do Everest pelo lado do Nepal e escalou o Island Peak, uma montanha de 6189 metros e depois retornou à Kathmandu, saindo por via terrestre até o Tibet, por onde enfim realizou a a ascensão.

No livro Everest: Diário de uma Conquista, Waldemar Niclevicz relata que os metros finais foram galgados juntos e assim não houve um primeiro ou segundo cume. Eles permaneceram no cume por 3 horas e 10 minutos antes começarem o regresso.

Mozart Catão no cume do Everest em 14 de Maio de 1995. Foto de Waldemar Niclevicz.

Após esta conquista, tanto Waldemar quanto Mozart começaram a se rivalizar numa corrida para ver quem iria finalizar o projeto 7 cumes primeiro, acirrando consigo uma velha rivalidade existente entre Rio de Janeiro e Paraná, os dois estados brasileiros mais tradicionais no montanhismo. Niclevicz acabou finalizando o projeto em 1997 e na sequência Catão anunciaria seu próximo projeto, que seria escalar a Face Sul do Aconcágua, uma empreitada que acabou custando sua vida.

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Waldemar, por sua vez, continuou sua trajetória montanha e hoje ele é o brasileiro com mais ascensões a montanhas acima de 8 mil metros, com 7 cumes, conquistados. Além disso, Niclevicz possui diversas primeiras ascensões brasileiras em altas montanhas, 30 cumes andinos com mais de 6 mil metros e está a um passo de ser o primeiro brasileiro a escalar todas as montanhas dos Alpes com mais de 4 mil metros.

 

 

 

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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