Um grande incêndio florestal consome uma grande área no Parque Nacional da Chapada da Diamantina na Bahia.
A situação é tão grave, que 20 municípios ao redor da Unidade de Conservação decretaram estado de emergência, sendo que em Mucugê as chamas chegaram até invadir o quintal de algumas residências.
De acordo com moradores de Mucugê, os incêndios são comuns, pois os agricultores da região costumam atear fogo em suas roças depois da colheita, para que as plantas rebrotem com mais rapidez. Desta vez, no entanto, as queimadas fugiram do controle.
“Todo ano há reuniões de órgãos estaduais e federais
que devem enfrentar a situação e sempre se repetem as mesmas promessas
de oferecer infra-estrutura de fiscalização, prevenção e combate aos
incêndios na Chapada Diamantina, mas tudo não passa de conversa”,
denuncia a bióloga Laura Maliarenko.
O ambientalista Paulo Castilho, do Grupo de Defesa Ambiental
Marchas e Combate, se queixa do reduzido número de brigadistas e
carência de equipamentos como abafadores, bombas de água portáteis,
facões e foices. Ele inclui ainda a dificuldade de transporte terrestre
e aéreo. “O Ibama tem bombas d´água, porém necessita de mais
mangueiras. As existentes somam cerca de 600 metros, quando precisamos
de pelo menos mil metros”, acrescenta. ,
Laura Maliarenko também denuncia que há inércia dos órgãos responsáveis
em tentar descobrir e punir as pessoas que criminosamente causam os
focos de incêndio. Ela destaca que algumas pessoas fazem as queimadas
como um protesto contra a política de preservação imposta pelo Ibama,
enquanto outras são piromaníacas.
O analista ambiental do Parque Nacional da Chapada
Diamantina, César Gonçalves, avalia a situação das queimadas que
atingem a parte interna e as redondezas da reserva ambiental como a
pior dos últimos sete anos. “A situação é bem pior que as anteriores.
São mais de 200 mil km² (equivalente a 20 mil campos de futebol) de
área devastada pelas chamas só dentro do parque”, afirma o analista
ambiental.
O governador Jaques Wagner decretou situação de
emergência em 20 municípios da Chapada Diamantina na sexta-feira
passada. Segundo informações, a ação se deu em razão do agravamento dos
incêndios que voltaram a atingir a Chapada desde o início deste mês. A
maior parte da região está muito seca.
Até mesmo no Vale do Capão, no município de Palmeiras, onde a
vegetação ainda está bem verde, começaram a aparecer focos,
principalmente no povoado de Caeté-Açu.
Os moradores suspeitam que lá os incêndios estão sendo criminosamente
espalhados, porque não há motivos para outras causas, como queimadas
para abrir pasto. , , , , ,
Além de Mucugê e Palmeiras, dois dos 20 municípios incluídos em
situação de emergência na lista, existe a constatação de que o fogo
está se espalhando rapidamente em áreas dos municípios de Andaraí e
Itaetê.
A comunidade está solicitando o envio de helicóptero equipado com o
“bambi” (gigantesca bolsa que possibilita o despejo de água pela
aeronave). , , , ,
O Instituto Chico Mendes também chama a atenção para a gravidade do
fogo no norte do Parque Nacional da Chapada, que se espalha pelo Morrão
e Serra da Bacia, local de nascente de diversos rios e que ladeia um
dos principais cartões-postais da região, o Morro do Pai Inácio.
Fonte: A Tarde