Travessia pela Serra do Mar

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Esta semana recebi do Jurandir, companheiro naquela incursão pelo Vale Encantado no Quiriri, um relato antigo descrevendo uma travessia esportiva pela Serra do Mar de Curitiba a Guaratuba pelas trilhas que acompanhavam o Rio Castelhanos.


O relato de Raul Ervino Weiser, falecido em novembro de 2008, descreve com riqueza de detalhes uma incursão pela Serra do Mar protagonizada por ele próprio acompanhado dos amigos Reinaldo Melzer e Otilo Schult durante o inverno de 1941.

Partiram de ônibus da Praça Tiradentes para São José dos Pinhais e Campo Largo da Roseira na fronteira do sertão, dalí continuaram  a pé até o Rio Cubatão no litoral e de canoa chegaram finalmente a Guaratuba após 12 dias de viagem.

Tais aventuras não eram incomuns entre os filhos dos imigrantes alemães e italianos que viviam nesta época em Curitiba e arredores. As excursões pelas trilhas, rios e montanhas da serra nas regiões próximas a estrada de ferro, estrada da Graciosa e também da Usina de Chaminé, identificada no relato pelo nome de Castelhanos, eram o programa da moda desta juventude protegida da guerra na Europa pela distancia, mas excluída da disputa política local por sua origem nos países beligerantes.

Incomum é a existência de um relato da aventura e dele ter sobrevivido ao tempo. Apesar de esta rapaziada representar a nata da sociedade curitibana da época, freqüentar excelentes escolas e terem sido educadas no melhor da cultura destes dois mundos, uma aventura na serra não era encarada como digna o suficiente para se eternizar numa folha de papel.

O relato apresenta algumas corrupções de sintaxe, frutos talvez de alguma modernização durante as transcrições do texto para o formato digital, mas no todo é bastante consistente com os lugares percorridos, costumes descritos e preconceitos comuns a época. O itinerário é ainda hoje facilmente identificável pela quantidade e precisão das informações relacionadas a toponímia local que permanece fiel até os dias atuais. Repeti-lo no geral em apenas uma tarde seria até fácil com GPS e um 4×4, moto ou bicicleta uma vez que estas trilhas com o tempo se transformaram em estradas vicinais.

O texto é simples, objetivo e bastante agradável, descreve as mazelas da aventura, a beleza da paisagem e a pobreza absoluta da esparsa população nativa vivendo isolada nos sertões. Mesmo decorridos 69 anos é ainda bastante atual na sua essência e vale à pena viajar por suas 61 páginas. Faça aqui o dowload do arquivo em formato PDF e divirta-se com a boa leitura.

:: Travessia pela Serra do Mar – Relato de Raul Ervino Weiser

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Sobre o autor

Julio Cesar Fiori é Arquiteto e Urbanista formado pela PUC-PR em 1982 e pratica montanhismo desde 1980. Autor do livro "Caminhos Coloniais da Serra do Mar", é grande conhecedor das histórias e das montanhas do Paraná.

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