Kilimanjaro parte 5: Boa previsão para o dia de Cume do Kilimanjaro

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No campo de Barafu, não mais vegetação avistamos. Somente rochas. Muito parecido com o que temos no Aconcágua, e pó como em Ojos del Salado, no Chile. Muitos grupos para fazer o mesmo encontravam-se ali. Uma conversa com nosso Teacher, e equipe de guias aconteceu naquela tarde, para incentivar todo o grupo. Teacher e sua equipe entraram na barraca refeitório e fizeram um discurso. Que estavam ali para juntos todos chegarmos ao cume.

 
Que eles nos ajudariam, que todos tínhamos condições de chegar lá no dia seguinte. Finalizaram cantando uma música típica , nos saudamos e nos recolhemos para tentar dormir um pouco antes de acordar na madrugada rumo às Neves do Kilimanjaro. Estrategicamente saímos um pouco mais tarde que os demais grupos. A maioria sai a meia noite, e Teacher , muito experiente na montanha, nos conduziu com toda a equipe rumo ao cume um pouco mais tarde. Começamos nossa caminhada as 4 horas, com pouco vento, e tudo indicando que seria um ótimo dia para subir a montanha. Conforme fomos subindo, o grupo foi se dividindo em velocidades diferentes. 
 
A estratégia de não se apressar nos primeiros dias foi muito boa, economizei energia para esse dia. Marcos disparou na frente com um dos guias. Com Maximo ficaram Vitor, Felipe e eu, todos num ritmo parecido. Com Teatcher e Innocent ficaram Lilian e Helena. E assim fomos separados pelo ritmo mas conectados pela montanha e pelo caminho rumo ao topo. Uma pausa mais longa para comer algo e hidratar em Stella Point, local onde as diferentes rotas se encontram para levar a um só destino. Descansados seguimos para o alto. 
 
Uma hora depois do Marcos e seu guia chegamos, às 11h20 minutos, Felipe, Maximo, Vitor e eu , no cume do Monte Kilimanjaro, 5895 metros, no dia 14 de junho de 2016, cinco anos depois da idéia de escalá-lo ter surgido numa conversa com minha amiga Margarete. Abraços dados, feitos os registros fotográficos dos glaciares, que ano à ano diminuem seu tamanho, hora de retornar ao Campo Alto para hidratar, descansar e descer para onde passaríamos a  noite antes de retornar até a saída do parque e encerrar metade da nossa missão na Tanzânia. 
 
Durante nossa descida, encontramos com Lilian e Helena, bem cansadas, mas com o Teacher como mentor, em suas caminhadas rumo ao cume. “Vamos !!! Falta pouco!!! Vocês conseguem!!!” falamos para elas. Como é bom ouvir isso quando estamos na montanha, sem saber se falta muito ou pouco para o cume. 
 
Renova as energias e dá um gás final para chegar ao cume. Seguimos nosso caminho rumo a Barafu enquanto nossas amigas continuavam sua jornada. A recomendação chegando ao acampamento é a de sempre: “Pessoal, não deitem, tomem água, não durmam…, assim que o restante do grupo chegar, desceremos para Millenium Camp, onde passaremos a noite.”. Por mais cansados que estivéssemos, ninguém fica no campo alto do Kilimanjaro após o cume ( nos explicou Maximo ). 
 
Não se dorme muito bem em campos altos ( eu não tive muito problema nessa expedição, foi uma das que me aclimatei melhor ). O dia de cume é um dia puxado. Comemos pouco, e o principal, desidratamos e acabamos não tomando muita água. Por isso quando voltamos é importante não dormir. Dormindo não bebemos água e os efeitos disso não são lá muito agradáveis. Edema ( inchaço ) nas extremidades, na face, dores de cabeça, são alguns deles. Grupo reunido, pessoal que chegou mais tarde bem cansado, mas a missão desse dia era chegar ao campo mais baixo, onde novamente hidratar, hidratar, e hidratar, comer para depois dormir. 
 
Alguns seguiram as recomendações, outros não, mas por sorte, todos passaram bem a noite. De todas as noites, essa foi a que dormir melhor. 
 
Sem dor de cabeça, sem ter que acordar para ir ao banheiro, dormi muito bem, e conversando com Max pela manhã, ele também falou que foi a noite que melhor dormiu. Concluiu ele “é sinal que fizemos uma boa aclimatação!”, e eu concordei! Grupo reunido, hora de começar a última caminhada na montanha, dessa expedição, voltando agora a passar entre grandes árvores da Floresta Equatorial, encontrando macacos brancos pendurados pelas árvores, e grutas nos troncos de gigantes árvores onde poderíamos facilmente passar a noite abrigados. Na saída do parque nosso transporte esperava, o tempo meio com nuvens, todos pensativos sobre o feito, agora aguardando para concluir a parte mais esperada… Conhecer a Escola e o Orfanato, e entregar para as crianças as doações!
 
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Sobre o autor

Tatiana Batalha, natural de Mogi das Cruzes SP é médica ortopedista e montanhista, tenho escalado diversas montanhas como Aconcagua, Huayna Potosi, Acontango, Kilimanjaro e outras.

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