UIAA alerta sobre os perigos do uso de Gás Xenônio na “aclimatação artificial”

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Há alguns dias a agência Furtenbach Adventures anunciou um novo tipo de expedição ao teto do mundo. A proposta é escalar o Everest em menos de uma semana com o auxílio de câmaras de hipóxia e Gás Xenônio.

Monte Everest visto desde o trekking ao Acampamento Base. Foto: Pedro Hauck.

 

No entanto, essa semana a Comissão Médica da União Internacional das Associações de Montanhismo (UIAA) emitiu um alerta sobre o uso do gás xenônio como forma de aclimatação em expedições de alta montanha. O comunicado oficial enfatiza os riscos dessa técnica e reafirma a eficiência dos métodos tradicionais de adaptação à altitude.

A preocupação da UIAA surgiu após o anúncio da empresa Furtenbach Adventures sobre seus planos de introduzir a inalação de xenônio em expedições ao Everest. Segundo a empresa, essa técnica poderia acelerar o processo de aclimatação, reduzindo o tempo total da expedição para apenas uma semana.

O pronunciamento gerou debates acalorados na comunidade de montanhista, levando a UIAA a intervir com um parecer técnico. Embora a organização não tenha autoridade reguladora sobre o montanhismo, sua posição é respeitada no meio esportivo. A Comissão Médica da UIAA ressaltou que seu papel é fornecer informações baseadas em evidências científicas, garantindo a segurança e a saúde dos praticantes da modalidade.

Falta de Comprovação

De acordo com os especialistas da UIAA, até o momento não há comprovação científica de que a inalação de xenônio tenha impacto positivo no processo de aclimatação. Estudos apontam que o gás pode estimular temporariamente a liberação de eritropoietina (EPO), um hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos, fundamentais para o transporte de oxigênio no sangue. No entanto, essa resposta é passageira e não se sustenta por mais de quatro semanas de uso, além de não apresentar impactos significativos na melhora do desempenho em altitude.

O uso inadequado do xenônio pode trazer riscos significativos à saúde dos montanhistas. A UIAA alerta que a aclimatação artificial pode criar uma falsa sensação de segurança, levando alpinistas a negligenciar os sinais de mal da altitude, como dores de cabeça, náuseas e tonturas. Sem a adaptação adequada, aumenta-se o risco de complicações graves, como edema pulmonar e edema cerebral, que podem ser fatais em ambientes extremos.

A UIAA reforça que os métodos tradicionais de aclimatação, como subidas progressivas e exposição gradual à altitude, continuam sendo a abordagem mais segura e eficaz para a adaptação do corpo. A aclimatação natural permite uma melhor resposta fisiológica ao ambiente de baixa pressão atmosférica e reduz os riscos de complicações associadas à hipóxia.

Enquanto novas técnicas continuam a surgir no cenário do montanhismo, a UIAA enfatiza a importância de basear qualquer inovação em estudos científicos sólidos. A segurança deve ser sempre a prioridade nas expedições de alta montanha.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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