A Escalada une e separa casais

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Talvez a maior contribuição dos clubes, depois de promover nossa atividade, foi a de formar casais escaladores.

Lembro até de um casal que escalou o Morro da Penha para se casar no topo (tem uma igreja), eram Juratan e Denise. Aliás, abriram até um via na mesma parede com o nome "Kamikazei". As mulheres costumam falar: "Quer arrumar homem? Então frequente um lugar onde predomina… homem!".

Existem e existiram muitos casais montanhistas, entretanto, muitos escaladores gostam mais da montanha/pedra do que das suas próprias mulheres, e isso gerou um monte de serapações. Embora algumas mulhers também tenham feito o mesmo.

No meu caso, casei com uma escaladora/esquiadora americana numa montanha (Sun Valley), um esqui resort em Idaho, EUA. Quando a mulher que realizou a cerimônia pediu para eu repetir as palavras "Você promete ser fiel (faithful)…". A palavra faithful era nova para mim e de pronúncia difícil. Tentei repetir umas cinco vezes e me enrolei em todas. A platéia, composta de 25 amigos americanos e dinamarqueses montanhistas e esquiadores, começaram a desconfiar e alguns riam baixinho. Finalmente eu desisti e disse… "Yeah, yeah… Sure… Whatever…(Tá, tá… Concordo… Seja lá o que for…)". A pequena cabana de madeira na montanha gelada veio abaixo com as gargalhadas, todos estavam tontos de caipirinha. Depois, um colega (Rick Vezzolli) explicou para a mulher casamenteira… "É que ele não sabia se era para ser faithful com a montanha ou com a noiva".

Em tempo – vejo que o montanhismo brasileiro está em decadência por vários motivos, entre eles… – A maioria dos bons escaladores da minha geração, sem contar os mais antigos e os mais novos que sofrem do mesmo mal, não tem filhos.

Poderia citar muitos colegas das listas de montanha. Assim, é raro existir montanhistas escaladores(as) puro-sangue. Não seria bom ter novos descedentes como exemplo: Collarzinho ou Collarinho, Ilhinha ou Ilhota, Pitinha ou Pitinho? Enfim, será que a escalada faz mal para a reprodução sexual ou os escaladores são péssimos amantes? Os que tem filhos… Humm, cuidado com o padeiro! Felizmente este não é o meu caso, não tem padaria perto da minha casa!!!

Enfim, este é mais um problema para a CBME e as federações, ou seja, é preciso produzir também sexualmente novos escaladores montanhistas. Um GT para ensinar esta galera a fazer filho pode ser uma boa idéia.

E agora, você concorda que o montanhismo brasileiro está decadente?

Antonio Paulo Faria
(Editor da Sex & Climbing)
 

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Sobre o autor

Antonio Paulo escala há tanto tempo que parece que já nasceu escalando... 30 anos. Até o presente, abriu mais de 200 vias no Brasil e em alguns outros países. Ele gosta de escalar de tudo: blocos, vias esportivas, vias longas em montanhas, vias alpinas... Mas não gosta de artificiais, segundo ele "me parecem mais engenharia que escalar propriamente". Além disso, ele também gosta de esquiar, principalmente esqui alpino no qual pratica desde 1996. A escalada influenciou tanto sua minha vida que resolveu estudar geografia e geologia. Antonio Paulo se tornou doutor em 1996 e ensina em universidades desde 1992. Ele escreveu sobre escalada para muitas revistas nacionais e internacionais, capítulos de livros e inclusive um livro. Ou seja, ele vive a escalada.

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