Homens realizam acampamento irregular no Cume do Dedo de Deus

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Quem escalou o Dedo de Deus na última semana foi surpreendido por uma situação inusitada. Dois religiosos estão acampando no cume da famosa montanha, berço da escalada brasileira, desde o dia 02/09 com o objetivo de cumprir um propósito religioso de acordo com eles.

Os religiosos dizem que estão cumprindo um propósito.

Os dois chegaram no cume da montanha através de um voo de helicóptero, equipados com barraca e itens de cozinha para o acampamento. De acordo com um escalador que esteve na montanha, há inclusive um botijão de gás para preparar os alimento. O helicóptero foi flagrado pelas câmeras da rodovia BR116, porém não foi possível identificar a aeronave.

Os religiosos recepcionam os escaladores que chegam até lá e realizam orações. Eles também tocam trombetas todos os dias próximo as 15 horas como parte do rito.
No entanto, acampar no cume do Dedo de Deus assim como em outras montanhas de áreas protegidas, além de perigoso é proibido. Além do risco de tempestades elétricas atingirem o local trazendo riscos aos dois, a atividade de acampamento também pode trazer degradação ao ambiente e a vegetação frágil no área de cume.

De acordo com nota do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) os religiosos estão cometendo uma infração e pretende autuar os responsáveis com multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Errata: O Corpo de Bombeiros do 16° GB – CBMERJ que possui efetivo qualificado para esse resgate foi acionado e ficou a disposição do Parnaso em caso de alguma emergência ou incidente. Entretanto, devido aos riscos envolvidos num resgate desse porte, o Parnaso decidiu pela não extração forçada dos dois. Eles devem descer com a ajuda de escaladores e montanhistas nesse final de semana.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

22 Comentários

  1. Parabéns pela reportagem.
    Tenho visto algumas reportagens onde o título nos induz a entender algo terrível e a realidade é tão insignificante q nem deveria ser escrita.
    Já a sua reportagem é inteligente, interessante e instrutiva.
    Parabéns e sucesso!

  2. Deixa o pessoal curtir, ninguém é dono da montanha. Achei legal, folclórico. Ninguém vai morar lá para sempre. Se eu escalasse o Dedo de Deus nestes dias, era até capaz de passar uma noite por lá com o pessoal. Mas que é arriscado, isso é. Eu não queria pegar uma tempestade preso no cume. Mas cada um tem o direito de se arriscar, é decisão pessoal. Se a gente for nessa direção, de querer controlar o risco alheio, a escalada acaba proibida, porque tem riscos (é o esporte que mais mata no mundo, em números absolutos).

    • No caso a montanha está sob administração do PARNASO e existem regras de acesso, acordadas e regulamentadas através do plano de manejo, nada além disso. Não confunda as coisas, a discussão ao direito ao risco não sobrepassa outras regras de acesso. Eles deverão responder de acordo com o enquadramento legal pertinente ao caso. Também posso achar folclórico e divertido, mas isso não invalida a infração.

    • Amigo, se serve o eles, deve servir para todos já pensou amerda q seria se todo mundo pudesse acampar no Dedo de Deus? Acho q só de olhar qualquer pessoa percebe q o lugar é de um risco absurdo. O Parnaso tá mais q certo, acho q vc deve ter problemas em respeitar regras tbm.

    • Diogo Magalhães em

      São três pessoas. Os dois que tocam as trombetas e um que controla o drone que fez o vídeo. Está sentado perto de uma pedra abaixo à direita, quando o plano abre um pouco mais.

  3. TEREZINHA DA CRUZ FURRIEL em

    Precisam de tratamento psiquiatrico urgente! Falta de noção e de Amor a Vida! Quem não tem Amor a própria Vida Nem merecia nascer! Se nao são doentes!!…

  4. Eduardo, não é bem assim. Não é questão de ser dono ou não. É questão de respeitar regras que foram construídas ao longo de muitos anos para visitação adequada, indo também de encontro com a conservaçãõ ambiental, inclusive com a participação massiva da comunidade montanhista local. Eles não preencheram nenhum termo de visitação, o acampamento/pernoite está proibido e utilizaram uma aeronave, cujo sobrevoo nessas condições também é proibido. Se nenhuma atitude for tomada, na próxima vão decidir, por conta própria, construir uma capela no local – só para exemplificar.

    • Marcello, eu sou contra esse amontoado de regras que são criadas em áreas naturais. Eles não estão construindo capela, estão acampados. Não há risco de uma febre de voos de helicópteros em montanhas, se deixarem tudo como encontraram, ok. Na minha região, expulsaram os montanhistas dos cânions, não podemos mais acampar ou descer as cachoeiras. Nunca sei quem é o imperador do momento e quais as regras que valem. Na Pedra Branca, em Praia Grande/SC sempre foi tudo muito livre, até um grupo malandro inventar que era uma área quilombola. Agora tem dono, precisa pagar para andar no mato, guia obrigatório e a escalada foi proibida. Escalamos em outra área na serra e tudo o que não queremos por lá é um parque. Porque a primeira medida será nossa expulsão do local, uma vez que gostamos de acampar por lá. E a proibição da escalada até o tal “plano de manejo”. Que leva mais de 10 anos para elaborar, tudo com gastos exorbitantes de dinheiro público…Gostamos disso, liberdade…

      • Daora, mandaram bem! Algumas regras estão aí para não serem cumpridas msm, rsrs. Se não fizer mal pra ngm, tá tudo certo… só pagar uma multinha e já era 🙂

  5. Oq dizer? Tudo é motivo p multar ou proibir
    Se eu tiver vontade de entrar no mato ou subir em montanhas vou fazer, sei muito bem as regras de preservação, já acampei em vários lugares acho muito bom p higiene mental, moro no meio da mata e faço
    Passeios sempre que possível.

  6. Sobem e não comunicam, sobem por trilhas que não são as oficiais, o parque não sabe que vc subiu, se algo acontecer ninguém sabe que tem gente perdida ou ferida, mas se vc informa ao parque que vai subir e não volta , poderá ser resgatado, o controle é importante para salvar vidas. além das demais regras de convivência com o meio ambiente.

  7. Pra que um amontoado de regras, não há o risco de a galera levar caixa de som e cooler pra Pedra da Gávea, disseram um dia… Eu também queria ficar uma semana acampado no DDD, mas se todo mundo que quiser isso puder simplesmente chegar lá e o fizer, não vai funcionar. Por isso temos plano de manejo que permite estar lá e até bivacar nas devidas circunstâncias, mas eles não cumprem nenhum requisito para estar lá em cima.

  8. É muito mimimi… vamos ter equilíbrio gente! Ao que parece não estão estragando nada… e se eles tem dinheiro e curtem ir de helicóptero (por que não é pra qualquer um) deixa os caras… apesar que sou mais ir na escaladinha básica kkkk agora acidentes, incidentes, tempestades, indo na sapata ou de helicóptero, qualquer um pode correr este risco… vamos relaxar sem exageros 😉

  9. Ha uma lei que regulamenta o uso em unidades de conservação, chamada de Lei do SNUC. Além disso, é previsto no plano de manejo o que é e o que nao é permitido fazer dentro dessas unidades. Portanto, não é uma questão de eu gosto ou eu não gosto. É regulamentação. Imagine se alguém não gostasse de dirigir do lado direito da estrada? Se não gostasse de respeitar cercas porque não concorda com essas regras?

  10. Marcelus V K Borges em

    A população só cresce e os desejos das pessoas são os mais variados, e falta civilidade no país. A liberdade que alguns argumentam ser imperativa, esbarra e é limitada pelo conjunto de regras e leis que nos rejem. E nesse sentido é que vale o regramento, que existe para ordenar o uso, onde o suposto direito a liberdade de um não pode sobrepor o direito de todos. Senão vira anarquia, se todos, em nome da sua liberdade individual resolvem fazer o que bem entendem num local como aquele, que é Parque nacional. O que será que os três cidadãos que estão lá, estão fazendo com as suas fezes?? Eles tem um Shitube para armazenar e trazer de volta, como os escaladores de rocha em parede fazem?? Estão tacando no abismo as suas fezes?? Enterram num catinho do cume, se é que isso é possivel? Enfim, vão precisar ser resgatados, impondo ao estado custos para isso. Mobilização essa, que seria desnecessaria e que pode até comprometer, a real necessidade dos bombeiros de salvar vidas num acidente decorrente de qualquer fatalidade em outro local. Na minha opinião o resgate deveria acontecer com um helicoptero da policia, incluise para retirar toda a tralha e as multas devidas serem aplicadas, além de cobrar deles a hora voo do resgate. Até por que dinheiro para eles irem lá de helicoptero não foi problema.

    • Até onde sei, o pessoal não pediu resgate do cume do Dedo de Deus, e acho um despropósito tirá-los a força. Mas isso nem vem ao caso. O embate é político. O que vejo são grupos militantes e organizados, que assumem a gestão (e propriedade) de áreas imensas, submetendo todos os demais cidadãos a regras que eles próprios criam. Não investem nada, pelo contrário, passam a ganhar dinheiro pela posse da área, em salários no setor público. É dinheiro que falta nos hospitais, segurança pública, etc. Assumem áreas públicas e benefícios sem terem sido eleitos por ninguém, e mandam conforme suas convicções, sem se importar com as opiniões e necessidades alheias. Vamos ver se com a nova política de concessões dessas áreas ganhamos maior liberdade nos parques, com valorização da visitação. A iniciativa privada incentiva e respeita os visitantes, justamente porque depende da renda gerada. Mas a discussão é ampla, envolve política, preservação e turismo. Sou contra esse modelo de gestão pública com preservacionismo xiita. Há modelos melhores, com visitação, investimentos privados e com maior liberdade de uso. Eu inclusive sempre defendi que a gestão dos parques públicos seja feita por secretarias de turismo, e não pelo meio ambiente, que participaria apenas como apoio. Como disse, é um embate conceitual e político.

  11. Marcelus V K Borges em

    Entendo seu ponto de vista. Tenho concordancia com vc em relação aos serviços nos parques serem geridos por empresas privadas, que venham a obter concessões de uso para isso. E parece que esse é um caminho sem volta no país. Concordo também que no caso de parques municipais, ou mesmo em estaduais onde muncipios interagem melhor com o estado , as secretariais de turismo deveriam trabalhar em unissono com as de meio ambiente, entretanto sem o protagonismo estar a cargo mais de uma ou outra secretaria. Entretanto, nunca e de forma alguma o conjuto de regras e a fiscalização ficarão somente a cargo das empresas privadas que vão ( provavelmente) gerenciar as áreas. Os planos de manejo dos parques existem para isso e ao contrario do que tu coloca, não são feitos exclusivamente por funcionarios publicos que defendem salario e benecess. Pelo contrario, são realizados na grande maioria das vezes através de licitações publicas onde empresas privadas de consultoria desenvolvem o plano, ou revisão do plano ( pois é previsto em lei que precisam ser revisados de tempo em tempo) sob coordenação do estado, com ampla participação da sociedade, em audiencias publicas e em discuçoes nas conselhos muncipais que compreendem as areas, além dos estaduais. Sugiro que busque acompanhar o(s) processo(s) de desenvolvimento do(s) Parque ou novas (UCs) a ai em SC e participe ativamente das audiencias publicas, inclusive até levando suas demandas diretamente para a empresa que for contratada para fazer o plano de manejo relativo a área que tu tens mais apreço. É assim que funciona. E o que se discute hj é justamente o estado não ser mais o gestor dos serviços. Até por que muitas áreas possuem donos, e a desaproriação em muitos casos seria e é injusta, inclusive gerando até custos elevados para esse fim, que deveriam ser usados em outras frentes e não nisso. Veja aí no PARNASO, que gerou esse debate em função da presença do trio no DDD. Dentro desse parque temos a travessia petropolis – teresopolis, caminhada que é gerenciada por uma empresa privada, que administra os dois abrigos de montanha, que atendem pessoas do mundo interio que vem fazer essa caminhada, sob fiscalização do ICMbio. É uma concessão que foi dada a uma empresa privada dentro de um parque nacional. Se a empresa não cumpre o regramento do plano de manejo, ou o devido atendimento aos usuarios, quebra-se a concessão, desfaz o contrato e outra empresa privada assume os serviços. Eu vejo que esse modelo funciona bem. No parque Nacional do Iguaçu aqui no PR é assim também. O que precisa no Brasil é ser criada a profissão de guarda parque ( necessidade urgente de criação dessa carreira profissional no Brasil) nos quadros das secretarias estaduais de meio ambiente e manter sempre os planos de manejo atualizados dos parques. Pois se não cuidarmos das revisões dos planos de manejo ( sociedade montanhistica em geral em cima, pessoas como vc, eu todos os demais que leem esse blog), as respectivas revisões acabam ficando somente nas mãos das empresas que ganham as licitações, que vão resolver da forma que melhor lhes convier Soma-se a isso a fator politico do executivo do momento e os interesses privados, muitas vezes canalhas, que potencializam o lucro e socializam as obrigações. Aconteceu isso aqui no PR, no parque estadual de Vila Velha. As obrigações tem de estar em evidencia nas licitações. É um minimo o que as empresas que pretendem ter contratos de concessão de serviço podem decidir fazer por conta. Por isso o acompanhamento das revisões de PM e os contratos de concessão precisam ser acompanhados de perto. Por nós ( usuarios) senão será feito um garde desastre, se simplesmente deixar as empresas privadas decidir regras, valores e obrigações, nos serviços de concessão.
    Ir contra isso hj é dar murro em ponta de faca. As secretarias municipais e estaduais seja de turismo ou meio ambiente, ou mesmo o proprio ICMbio, precisa é ser o fiscal das Concessões, das empresas que vão obte-las, e ter sim guardas parque em carreira pública, para fiscalizar se os serviços estarão sendo cumpridos a risca de acordo com os Planos de Manejo e Contratos… para poder multar empresas e até derrubar concessões caso não se cumpra. Acho muito complicado esses agentes publicos, hoje, serem o gestores dos serviços. Tem que estar presente sim tanto ICMbio nos paques nacionais e as secretarias estaduais e muncipais de meio ambiente ( e turismo), mas para fiscalizar a prestação do serviço da consessionaria. E nisso entra a manutenção de trilhas, gerenciamento e estruturação de abrigos de montanha, areas de camping, educação ambiental em escolas da comunidade, educação ambiental nos locais dos parques, infra estrutura nos locais, geração de vídeos e mídias diversos de educação ambiental ( desde panfletos até aplicativos de celular), controle das demandas de turismo junto as empresas de turismo ( que levam grupos), controle de eventos diversos relacionados. Tudo isso, na minha opinião, deveria ser prestado pela concessão, por empresa privada, e o estado deveria apenas fiscalizar a empresa e o local através de guardas parque. É um embate conceitual e politico como vc falou. Entretanto já existe um conjunto de leis na base de essa estrutura e a dicussão precisa evoluir disso. Aqui no Paraná a demanda pelo uso de areas naturais aumentou de forma caotica. O numero de resgates que vem acontecendo nos utlimos anos é absurdo.

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