Alpinista japonesa morre de hipotermia no Huascarán, pico mais alto do Peru

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A médica japonesa Chiaki Inada, de 40 anos, morreu vítima de hipotermia durante a descida do Monte Huascarán, a montanha mais alta do Peru, com 6.768 metros de altitude. O corpo da montanhista foi recuperado em 28/06, após uma operação de resgate dificultada pelo clima severo e terreno acidentado.

Chiaki e Saki no processo de aclimatação para a escalada. Foto: Chiaki Inada @chippe0910

Segundo o grupo Socorro Andino Peruano, Inada morreu há cinco dias, quando estava a aproximadamente 6.500 metros de altitude, na região de Áncash, no norte dos Andes peruanos. Mesmo com todos os esforços, a equipe de resgate só conseguiu chegar ao local onde as duas estavam mais de 36 horas depois do acionamento e encontraram Chiaki em estado crítico. Os resgatistas chegaram a realizar os primeiros socorros porém devido as complicações climáticas eles não conseguiram evacuá-la a tempo.  “Já resgatamos o corpo da alpinista japonesa. Estava coberto de neve. O clima estava péssimo, baixamos o corpo em uma maca, usando cordas”, relatou Rolando López, integrante da equipe de resgate, à AFP.

O corpo foi transportado em helicóptero até a cidade de Huaraz, a cerca de 400 km ao norte de Lima.

Já Saki Terada, companheira de escalada de Inada, sobreviveu. Elas foram localizadas graças a um sinal de GPS enviado por um dispositivo que a dupla carregava e foi transferida, em 26/06, para um hospital local. Saki teve desidratação grave e queimaduras de frio nas mãos e nos pés devido à exposição prolongada ao frio extremo e segue em recuperação em Lima. As autoridades peruanas destacaram os desafios logísticos e climáticos da missão de resgate e informaram que todos os esforços foram concentrados para salvar vidas e recuperar o corpo da alpinista.

Más condições climáticas e dificuldades no resgate

O falecimento da montanhista japonesa ocorreu em meio a condições meteorológicas adversas. De acordo com a entidade Wilderness Medical Associates Japan (WMAJ), da qual Inada fazia parte, ela e sua amiga Saki Terada, de 35 anos, estavam descendo do cume, quando Inada começou a passar mal, em 24/06. A suspeita é que ela tenha sofrido hipotermia severa e edema cerebral, impedindo-a de continuar se movendo.

Huascarán. Foto: MrBasically / Wikimédia Commons

As duas alpinistas conseguiram enviar um pedido de socorro via telefone por satélite, acionando os serviços de resgate. No entanto, a neblina densa, temperaturas extremas e a elevada altitude impediram a chegada rápida de helicópteros ao local. As equipes de resgate terrestre só conseguiram avançar no fim da tarde de terça-feira, mas Inada não resistiu antes de receber atendimento.

Embora a imprensa local tenha informado que a dupla escalava sem guia profissional, a WMAJ afirmou que ambas tinham experiência em montanhismo, equipamentos adequados e estavam bem preparadas para a ascensão. Chiaki Inada era médica especializada em atendimento de emergência em regiões remotas e consultora médica da WMAJ, além de instrutora de técnicas de resgate em áreas de difícil acesso. Em 16 de junho, ela havia publicado em redes sociais uma foto ao lado de Terada com a mensagem: “Vou aproveitar ao máximo essa experiência!”

Região de riscos extremos

O Monte Huascarán está localizado em um parque nacional reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco, famoso por suas paisagens glaciais e também pelos desafios extremos que impõe aos alpinistas. A região enfrentou nos últimos dias condições particularmente perigosas, com registro de avalanches. Segundo a imprensa peruana, três corpos de alpinistas mortos em um desses deslizamentos foram resgatados recentemente.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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