Nunca é demais dizer que Teresópolis tem muito a ganhar com o turismo ecológico. Basta um pouquinho de boa vontade dos gestores municipais e consequentemente maior envolvimento da comunidade para que o setor cresça e contribua para o desenvolvimento de diversas regiões. Uma das muitas delas é o Terceiro Distrito. Ao longo de quase toda a RJ-130, rodovia que liga Teresópolis a Nova Friburgo, são muitas opções para os turistas interessados em admirar e respirar ares bem diferentes do corrido dia a dia das metrópoles. Um desses atrativos únicos, daqueles que fazem parar os olhos e dão vontade de gastar todo o cartão de memória da máquina para registrar cada detalhe, é o conjunto conhecido como “Torres de Bonsucesso”, composto pelo Ferro de Passar Roupa, Torre Central e Torre Maior. As imponentes montanhas, na localidade de mesmo nome e que lembram as formações rochosas da tão falada e visitada região da Patagônia, entre Chile e Argentina, são acessadas através de caminhada ou escalada e até mesmo o caminho para se chegar ao início dessas aventuras pode ser explorado turisticamente.
O acesso para as Torres é feito pelo Vale dos Lúcios, quilômetro 28 da Teresópolis-Friburgo, vizinha ao centro comercial de Bonsucesso. A estradinha de paralelo que tem início ao lado da capela de Nossa do Bom Sucesso segue em direção às montanhas. Em um pequeno “rodo”, deve se pegar à direita, por uma via de terra batida que vai levar até um trecho cercado por lavouras e onde um estacionamento foi improvisado para receber os visitantes – que são maior número a cada dia. É preciso pagar uma taxa de R$ 20. A partir do local onde os veículos devem ficar, mais alguns metros de estrada até um ponto de captação de água dessas mesmas propriedades rurais. A referência para o início da trilha é justamente esse espelho d´água artificial, em uma porteira ao lado onde foi improvisado um “chuveirão”.
Sobe, sobe, sobe
Quando se fala em montanha, subir está implícito. Mas, no caso das Torres de Bonsucesso, é subir, subir e subir. A trilha é bastante íngreme, com desnível de aproximadamente 800 metros se o caminhante seguir até a Torre Central e cerca de 1000 metros de diferença entre saída e chegada se o destino for a Torre Maior. Por isso, logo depois de ingressar na floresta e cruzar um bonito bosque, já começa o “sobe, sobe, sobe”. Os primeiros 1,5 quilômetros são na sombra, com terreno úmido e consequentemente mais gostoso de ser percorrido. Ao acessar a primeira crista de montanha, entra em cena o astro-rei. Porém, se o Sol pode se tornar um “complicador”, com a vegetação mais baixa começa também o visual.
Beleza cênica
À direita e mais distante, já se avista a Serra dos Órgãos, do Escalavrado aos mais altos cumes, sem esquecer logicamente do Dedo de Deus. À esquerda, as paredes das Torres de Bonsucesso começam a “hipnotizar” os caminhantes. Imponentes, impactantes, impressionantes pelas formas e cores, que são mais bem destacadas quando iluminadas pela luz solar. Um pouco mais acima, a cerca de dois quilômetros de caminhada percorridos, também convidam a um registro fotográfico as montanhas acessadas por outra magnífica região de Teresópolis, o Vale dos Frades. Pedra D´Anta, Cabritos, Duas Serpentes, Bico Maior, Pedra do Índio… Ah, e também é visto dessa trilha o Seio da Mulher de Pedra, mas de ângulo bem diferente do comum. Mesmo com tanta coisa bonita para fotografar, inclusive da melhor maneira, que é guardar na memória, seguimos trilha acima, passando ao lado do Ferro de Passar Roupa.
Olha a cobra!
Pouco depois do Ferro, mais uma surpresa. Essa, dependendo de como fosse o encontro, poderia ser bem desagradável: Bem no meio da trilha havia uma Jararaca (Bothrops fonsecai)! Após o susto, e perceber que por conta própria a coleguinha peçonhenta havia “saído do nosso caminho”, registramos montanha acima. Importante lembrar sempre que nós é que somos os invasores e que esse é um dos cuidados que se deve ter ao praticar atividades em ambientes naturais.
“Entaladinha”
Quase no fim da trilha da Torre Central, outro atrativo é a “pedra entalada”, uma grande rocha, meio quadrada e do tamanho de um ônibus, que fica presa entre a encosta e essa formação rochosa. As fotos no topo dela ficam lindas, mas é preciso ter muita atenção, pois qualquer escorregão pode ser fatal.
É cume!
Minha última incursão nessa linda região aconteceu quando guiei um grupo do Centro Excursionista Teresopolitano, em meados de março. Nosso destino foi a Torre Central, cujo cume fica a 1.860 metros de altitude em relação ao nível do mar e de onde, além de todas as maravilhas citadas até aqui, a vista alcança bem longe, admirando desde as lavouras no Vale dos Lúcios às centenas de cumes e vales em direção aos municípios vizinhos. A distância até esse topo é de pouco mais de três quilômetros, sendo percorrido aproximadamente um quilômetro por hora por conta do desnível do terreno e tantas coisas bonitas a serem vistas e fotografadas. Querer fazer em menos tempo é deixar de realmente enxergar um mundo encantado e suas diversas formas.
Para saber mais sobre essa e outras trilhas, visite uma das reuniões sociais do CET. Elas acontecem todas as quartas-feiras, a partir das 20h30, na loja da Sociedade Pró-Lactário, número 555 da Avenida Lúcio Meira, na Várzea. E mais um recadinho quando visitar ambientes naturais: Não deixe nada a não ser pegadas e não leve nada a não ser boas lembranças. Respeitar a natureza é respeitar as nossas futuras gerações e, no caso de trilhas onde é preciso cruzar propriedades particulares, como nas Torres das Bonsucesso, é preciso respeitar também aqueles que já estavam lá antes de você e – muito além disso – não são turistas nesses locais.
3 Comentários
Vale muito a pena , a vista é maravilhosa
Amei muito o jeito que vc comentou sobre as
Torres de Bonsucesso esse lugar é linda de mais. Fiz todo o percurso novamente viajando na sua narrativa. Show, esta de parabéns um abraço.
Olá tenho un grupo de amigos estamos querendo visitar essa torre de Bonsucesso, alguém tiver contato de um guia por perto puder me ajudar , só deixar o @ ou o contato.
Muito obrigado !