As Montanhas do Sertão

0

O clima semi-árido é um dos mais eficientes agentes intempéricos. Agindo durante milhares de anos no Nordeste ele foi responsável pela erosão das vertentes, originando picos rochosos isolados, os chamados Inselbergs, através da pediplanação do relevo o que levou o Geógrafo uspiano Jurandyr Ross classificar este relevo como uma depressão, mesmo que ainda haja montanhas incravadas nesta grande planície.


O termo “Inselber” do alemão, “monte ilha”, foi proposto pelo geógrafo alemão Walther Penck, um dos pais da geomorfologia climática que propôs a teoria da pediplanação em oposição à teoria do ciclo geográfico de Willian Morris Davis. Penck por sinal, além de pesquisador era também montanhista e como ele trabalhou na Argentina, aproveitou para escalar por lá, tanto que há uma montanha de mais de seis mil metros por lá com o seu nome.

Apesar de pouco usual entre o público geral, um Inselberg é o mesmo que um Pão de Açúcar, o que muda é o clima em que ele está inserido. No entanto, ambos são evoluídos da mesma maneira. Segundo Ab’Saber, Inselberg, é o resto de relevo saliente em meio a uma paisagem de planície semi-árida, oriunda de uma longa história erosiva relacionada a processos secos. Pão de Açúcar: Monte rochoso e desnudo encravado em uma paisagem de mar de morros, dotada de rochas decompostas e vegetação florestal.

Só existem Pães de Açúcar em áreas de massas rochosas compactas, pouco diaclasadas, tais como bolsas de granitos, massas de gnaisses lenticulares e migmatitos. Na sua história, um Pão de Açúcar de hoje pode ter sido um Inselberg do tempo em que o clima era seco. De qualquer forma, ele é definido pela paisagem e pelo clima que hoje predominam na área onde aparece. Um Pão de Açúcar não pode ser chamado de Inselberg, porém em sua história fisiográfica, pode ter passado de Inselberg a Pão de Açúcar e vice-versa, por várias vezes.

No interior do Nordeste ocorrem concentrações de Inselberg que marcam a paisagem do Sertão. Apesar da beleza cênica, estas montanhas são desconhecidas do público geral e também dos escaladores, sendo uma paisagem potencial para a prática de escalada em rocha. Depois de diversas viagens ao Nordeste, pude conhecer de perto estes gigantes e sonhar com a conquista de novas vias em pleno Sertão.

As principais Aglomerações situam-se em Quixadá-CE, Itatim-BA, Milagres-BA e região nordeste de Minas, perto de Pedra Azul, Jacinto, São José do Divino, Ataléia, Rubim, além de muitos points ao longo da BR-116 em Minas e interior do ES. São centenas de Inselbergs com suas paredes virgens esperando por um explorador. Para os mais aventurados fica um convite à conquista, apesar do calor!

Morro da Toca, Bahia.

 

Pedra do Pescoço – BA.

Inselberg em Quixadá – CE.

Pedra Riscada – MG. O maior Inselberg do Brasil.

Pedra do Céu – BA. Foto: Desviantes.

Cinco Pontões – ES.

Pedra Dubois, Santa Maria Madalena – RJ.

Inselbergs em Quixadá-CE.

Inselbergs em Pancas-ES.

Pedra Azul-ES.

Pedra da Agulha – ES.

Pico do Itabira

Pedra Pescoço Mole em Cuparaque.

Pedra da Lajinha. Foto Oswaldo Baldin.

Pedra Fortaleza de outro angulo.

Pedra do Pontão Mimoso.

Pedra do Oratório.

Pedra do Dedo

Pedra da Fortaleza.

Morro do Castelo.

Montanhas da região de Ataleia.

Compartilhar

Sobre o autor

Pedro Hauck natural de Itatiba-SP, desde 2007 vive em Curitiba-PR onde se tornou um ilustre conhecido. É formado em Geografia pela Unesp Rio Claro, possui mestrado em Geografia Física pela UFPR. Atualmente é sócio da Loja AltaMontanha, uma das mais conhecidas lojas especializadas em montanhismo no Brasil. É sócio da Soul Outdoor, agência especializada em ascensão em montanhas, trekking e cursos na área de montanhismo. Ele também é guia de montanha profissional e instrutor de escalada pela AGUIPERJ, única associação de guias de escalada profissional do Brasil. Ao longo de mais de 25 anos dedicados ao montanhismo, já escalou mais 140 montanhas com mais de 4 mil metros, destas, mais da metade com 6 mil metros e um 8 mil do Himalaia. Siga ele no Instagram @pehauck

Comments are closed.