O relógio do carro marca 5:20, e eu, contrariando o hábito de ir na sexta, estou indo a Praia Grande, hoje, sábado. Apressada, pero não desesperada, vôo as tranças estrada afora. Sem correrias, entretanto. Meu filho ainda precisa de mim, hehe. Escuto no rádio programas gauchescos. Curto música gaudéria vez por outra.
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Choveu a noite inteira e, hoje, sábado, o dia continua nublado com muita cerração, encobrindo o interior do cânion e a paisagem ao redor. Embora tenhamos acordado cedo, só saímos lá pelas dez e meia da manhã. O plano é descer a trilha dos Porcos acompanhando a parede norte do cânion Churriado cuja parede sul vem a ser a parede norte do Malacara.
Graças a um feriadão prolongado que se estende da sexta à segunda-feira, retorno a Praia Grande. Saio na quinta, no ônibus das 17 horas pra Torres. Viagenzinha bem chata essa!
Nem bem saímos de Bebedouro Novo às 7 e 30, uma rápida e mansa chuvinha nos apanha em meio à trilha.
Depois duma noite mal dormida pra caramba, acordo às 6. O motivo é meu nariz entupidão, embora a garganta não mais me incomode, graças ao poderoso antibiótico ingerido ontem.
Espreguiço com vontade e pulo da rede. Um baita dia, aquele azulão no céu. Beleza pura quando olho pro pico da Neblina e pra serra do Camelo: estão despejados de nuvens, avistando-se, nos mínimos detalhes, o paredão sul do Neblina, esbranquiçado de liquens, e o paredão sudeste do Camelo, igualmente, coberto por essa associação de fungos e algas.
Partimos às 7:15, do acampamento montado na prainha às margens do Cauaburis e chegamos na boca do Maturaká às 8:15, lá permanecendo enquanto Arlindo leva Deisi, Flavia e os outros três yanomamis pra aldeia. Aproveito e mergulho na fresca água cor de caramelo do igarapé Maturaká cuja nascente é no pico da Neblina.
Chegou, enfim, o grande dia! Um baita solzão e aquele calor de antecâmara de inferno. Estou como o diabo gosta.
Embora o tempo no Sul tenha se mostrado madrasta – chove quase todas as semanas tenho ido a Praia Grande desde meu retorno do Peru.