Próxima da paulicéia e cercada de mata atlântica por tds os lados, Paranapiacaba revelou faz tempo sua vocação p/ aventura. E opções é q não faltam. Fora os passeios tradicionalmente conhecidos, há aqueles menos (ou nada) divulgados, s/ mencionar aqueles q a criatividade inventar. E foi assim q, aproveitando uma brecha de sol numa semana totalmente comprometida, encaramos uma variante + radical da conhecida “Volta na Serra”. Descemos os 800m do planalto pela “Picada dos Tupinambás” até o Mogi, p/ depois subir td novamente pela pouco conhecida “Trilha do Padre”. Um circuitão cuja beleza de atrativos, traduzidos em visus espetaculares e incontáveis poços p/ banho, são proporcionais à demanda de fôlego e disposição p/ perrengue. Num dia só.
fotos: Tânia Silva
Sobre o Autor
Após uma ultima escalaminhada, chega-se ao fim deste vale circular, no vértice do cânion, onde um paredão de rocha totalmente vertical de quase 200 m obstrui qq avanço, e de onde despenca água embora com pouquíssimo volume. É a ultima cachoeira. As 13 hrs estamos no ´Mirante´, uma elevação formada por um imponente bloco de rochas sobrepostas no fim do cânion, de onde se tem uma vista ampla dos 8 km percorridos e do vale emparedado em td sua extensão! Olhando pra cima, tem-se a impressão q o paredão vai despencar sobre vc! Do lado do mirante, a piscina natural nos pés da cachu seria uma tentação pra aliviar o cansaço, mas como ali estávamos imersos nas sombras frescas (e frias) dos paredões a idéia ficou apenas no pensamento.
PELA PREFEITURA E INTERIOR DO VALE
Deixei o local sob o sol bravo das 12:30 e um céu estupidamente azul e limpo, mas felizmente a trilha é bem arborizada. La embaixo, ao invés de seguir p/ esquerda (Gruta do Morro) continuo pela trilha, acompanhando o Rio Pati pela sua margem direita. No caminho detono um sanduba caprichado q seria meu almoço e passo pela entrada da casa de Dna Lea, onde o pessoal da Pisa almoçava. A pernada prossegue ininterrupta ate q cruzei o Pati ate sua outra margem, já menos arborizada porem permitindo uma vista fantástica da metade do vale. Notei q estava emparedado pelas paredes do cânion, e por todos os lados despontam paredões enfeitados por boqueirões, grutas e lapas, q são reentrâncias nas pedras q formam um teto similar a gruta. Alem de muita mata e verde ao sopé das mesmas.
Toda subida tem sua descida, no caso um ziguezague por carreiro de terra aplainada e pedras soltas, cercado de muita samambaia. A camelagem parecia não ter fim, subida brava, descida pior, agravada c/ o dedão batendo na ponta da bota! A medida q perco altitude, noto bem próximas algumas casinhas esparsas e lonas inconfundíveis de barracas nos pequenos quintais. E as 15hr chego na casinha simples do seu Wilson & Dna Maria, bem do lado da trilha, q ainda desce vale abaixo. Havia lugar sobrando no quintal inclinado dele, embora este fosse formado basicamente de terraços p/ acomodar uma dúzia de barracas, metade dele tava ocupado. Negociei meu pernoite (R$3) e foi lá q joguei definitivamente minhas tralhas, exausto. Seu Wilson é um dos vários ´pousos´ daqui, pois os locais tão habituados a hospedar forasteiros. Meus vizinhos de barraca eram ripongas de passagem p/ Capão, pra variar. Uns estavam já de saída e levavam crianças a tiracolo, nas costas!!!
A Chapada Diamantina é uma miragem de pedra, alta e colorida no meio dos tons ocres e secos do sertão baiano. O relevo e as chuvas no verão promovem a profusão de rios, vegetação rica e abundante, grutas, cachoeiras e serras. E tem a tradicional ´Travessia do Vale do Pati´, q embora fosse + uma pernada dentro da mega-pernada q me propusera, a travessia do Capão ate Andaraí tinha lá o seu status de ser a ´mais famosa do país´, ´a Santiago de Compostela tupiniquim´, a ´travessia do Brasil´, entre outros tantos predicados. Quiçá pq esse trecho fosse um dos q melhor resumem esse espetáculo repleto de cenários e detalhes interessantes. Era ver pra crer.
A Serra do Mar q cerca a capital paulistana na sua borda leste prima por oferecer surpresas de tds os tipos aos aventureiros q se embrenhem em seus verdes domínios. Mas nem tds são surpresas agradáveis ou relacionadas à beleza natural c/ q este belo rincão remanescente de Mata Atlântica brinda à maior metrópole do país. Eis o relato em 4 atos de uma inesquecível incursão à região serrana entre Paranapiacaba e Cubatão, datada de anos atrás, q por sua natureza pitoresca há de ficar guardada entre as + emocionantes q já tive. Regada a adrenalina involuntária, este registro tb serve de alerta aos futuros andarilhos e às autoridades da região perante os riscos q se está sujeito ao pernar próximo de gdes metrópoles. Riscos q não têm nada de natural ou agradável. E sinal q algumas mazelas sociais não poupam nem as matas q a cercam.
Fotos: Leila, Renata e Rex
Agora nos embrenhamos definitivamente na mata através de um trilho arenoso p/ depois a mesma se tornar um mix de todos os obstáculos anteriormente citados, em maior ou menor grau. Acrescido do 5º obstáculo, q se anuncia (´bzzzzzzz´) na forma de um zunido: umas enormes, malditas e irritantes butucas q insistem em seguir vc na tentativa de sugar seu precioso sangue, dependendo da cor q se veste. Isso incomoda muito, pois qq pit stop torna-se uma briga desesperadora c/ as bichinhas, picando inclusive sobre a roupa! Felizmente este obstáculo se limita apenas a este trecho.
Ate pouco nada conhecia do Pico do Frade senão q era um dedo rochoso apontando p/ céu no litoral de Angra, nas escarpas do PN Bocaina, o fato de nem ser o pto máximo da região lhe vale um certo anonimato. No entanto, ao tomar conhecimento q boa parte das empreitadas a este ilustre ´desconhecido´ eram verdadeiras epopéias q nem sempre terminavam c/ sucesso, os olhares ávidos por novos desafios voltaram-se p/ ele, claro. A junção de fatores tempo bom, desnível íngreme de 1000m, alta umidade, brejos, mata atlântica densa, mosquitos e atenção redobrada nas varias bifurcações fazem do Frade um ótimo programa p/ quem se dispuser decididamente a uma caminhada árdua e selvagem, porem recompensada com alto visu da bela baia de Ilha Grande, naturalmente.
O Morro de São Jerônimo consta como pto culminante da Chapada dos Guimarães, no interior do cerrado mato-grossense. Entretanto, suas medidas acanhadas (meros 850m) se comparadas a qq outra montanha brasileira ganham dimensões absurdas, quase sobrenaturais, se colocadas lado a lado c/ imaginário e as crenças da região pelo fato dele estar próximo do marco geodésico q indica o pto eqüidistante entre o Pacifico e o Atlântico. E basta apenas um dia e 24km de caminhada (ida e volta) p/ ganhar o alto desta pitoresca montanha q, além de marco na paisagem da região, é onde a verticalidade rubra dos paredões do Planalto Central limita a horizontalidade esmeralda da Planície Pantaneira p/ compor este belo cenário no coração da América do Sul.
Encravada na Chapada dos Veadeiros (GO), porem fora dos limites do Pq Nacional, a jornada até a Cachu do Sertão Zen é um dos programas selvagens relativamente simples q, c/ bom tempo e senso de direção, pode ser realizada num dia corrido ou tranquilamente em 2, mas c/ pernoite no mato. De quase árduos 16km de extensão em meio à beleza do cerrado, burutis, sempre-vivas e velosias traçam o percurso sobre um mirante de onde se avista tb a extensão da chapada, ate alcançar o alto da imponente cachu, onde temos a nascente e a deslumbrante visão do Vale do Rio Macaco, alem dos enormes paredões de quartzito desta bela e exótica região do Planalto Central.