Bru Busom e Marc Toralles realizam primeira ascensão da Face Oeste da Siula Grande

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O nome Siula Grande talvez não seja tão familiar para você. Mas se você já assistiu o filme ou leu o livro Touching the Void (Tocando o Vazio) com certeza sabe de qual montanha estamos falando. Localizada no Peru, foi lá que se desenrolou todo o drama dos montanhistas Joe Simpson e Simon Yates. Joe quebrou a perna e Simon teve que tomar a difícil decisão de cortar a corda que o prendia ao seu parceiro e o abandonar na montanha.

A dupla espanhol comemorando o cume

O desfecho surpreendente e de superação tornou essa história uma das mais épicas do montanhismo. No entanto, a montanha Siula Grande continua sendo considera uma das mais difíceis, técnicas e repulsivas para a escalada. Ainda assim, no último dia 16/07 a dupla de alpinistas espanhóis Bru Busom e Marc Toralles concluíram a primeira ascensão da Face Oeste da Siula Grande (6344m) .

Em uma entrevista a Revista Planet Mountain, Toralles relatou as dificuldades que enfrentaram. “Esta é a subida mais exigente que fizemos até hoje, pela dificuldade e exposição que tivemos de lidar ao longo de toda a subida”. Para chegar ao cume eles precisaram enfrentar uma escalada extremamente técnica em um Big Wall de 1100 metros de altura nas paredes de calcário quebradiço, além dos trechos em gelo somados a grande altitude.

Linha da nova rota que eles abriram.

Um dos acampamentos na montanha.

Uma escalada tensa

“Subimos a primeira parte da parede em estilo big wall, já que a escalada era difícil e não podíamos subir leves. A segunda parte nos permitiu parar de puxar o haulbag e continuar em estilo alpino, e com apenas uma mochila cada fomos mais ágeis no terreno muito acidentado e solto. Uma crista muito bonita nos levou ao trecho final da montanha de onde, com lágrimas de emoção, conseguimos alcançar o precioso cume.”

Essa foi a segunda tentativa realizada por eles de escalar essa rota. A primeira aconteceu em 2018, quando um terceiro integrante da equipe se machucou. No entanto, após três anos de espera devido a pandemia e outros problemas de logística, eles retornaram ao Peru. No total, eles levaram seis dias para chegar ao topo e segundo Toralles apesar da grande emoção ao conseguir vencer a montanha eles não pretendem voltar lá. “Esta é a primeira vez que não quero voltar a um percurso que percorri…”. A via foi batizada com o nome Ánima de Corall e eles a dedicaram a todos aqueles que nos deixaram.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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