Carretera Austral: De Ensenada à Puerto Montt

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Quarto dia de viagem: 65 quilômetros percorridos e um susto.

Acompanhe os relatos de Aline Souza em sua cicloviagem pela Carretera Austral desde o começo:

Carretera Austral de Bike

Dia 4 – 26/12/2018

 

  • Trajeto: de Ensenada à Puerto Montt
  • Distância: 65km
  • Acumulado de subidas: 364m
  • Acumulado de descidas: 321m
  • Terreno: asfalto

 

Acordei às 7h e comecei a ajeitar minhas coisas. Não havia café no Hostel, sabendo disso, já havia combinado com meu novo amigo que tomaria café no mercadinho.

As 8h10 lá estava eu no mercadinho (abria as 8h). Pedi o mesmo sanduíche da noite anterior, agora com pão novo, e um café. Enquanto isso utilizava o Wi-Fi para ir me atualizando da vida no Brasil.

Bati mais um papo com meu novo amigo e sai a pedalar, antes disso ele me pediu um foto na frente do mercado, aproveitei e tirei uma pra mim também. Nos despedimos com eu dizendo que voltaria um dia.

Começando o dia no mercadinho.

O caminho seguia por ciclovia, acho que é assim em todo o contorno do Lago Llanquihue, uma tranquilidade maravilhosa.

Ciclovia em Ensenada

Ciclovia na rodovia.

Ciclovia na ponte.

No caminho vi uma igreja bem bonita e parei para umas fotos, aprendizados de Cicloturismo que tive com meu amigo Sandro Beltrame.

Mas o que primeiro me chamou atenção nessa parada, foi o café ao lado, Café Lahuel. Um casarão antigo e bem charmoso. Aparentemente servem muitas delícias, mas tive que me contentar com as fotos e com espiada pela janela, já que estava fechado.

O trajeto não apresentava muitos desafios e, depois de uma noite bem dormida, o pedal estava rendendo. Fiquei de avaliar no caminho se teria tempo para buscar Julien no aeroporto. Faltando 20km, busquei o aeroporto no google Maps (estou usando o mapa off-line, para quem não usa é ótima dica). Vi que se fizesse um esforço chegaria a tempo. Bora la! Segui concentrada no ritmo.

Passando por Puerto Varas parei apenas ara uma fotinha na praia. Não resisto.

A partir dali entrei na Ruta 5, uma rodovia de mão única e sem ciclovia. Mesmo assim a maioria dos carros respeita e passa muito longe da bike.

Sobe desces como todo final de percurso e eu fazendo força para chegar a tempo.

Chegando na cidade de Puerto Montt novamente cai na ciclovia, espaçosa e bem sinalizada.

Força Aline! Chegando perto do aeroporto, o Google me mandou entrar em uma ruazinha de estrada de chão. Achei estranho, mas como dava para ver umas aeronaves pequenas, segui.

Chegando ao local indicado pelo Maps achei tudo bem estranho. Que aeroporto pequeno, vazio, mas enfim, dentro da cidade.

Vi indicações para compra de passagens, deixei a bike e fui perguntar sobre o voo que havia chegado às 13:02 (eram 13:15). A senhora me disse que não chegou nenhum voo nesse horário. Conferi o horário informado pelo Julien e era esse mesmo. Conversa vai, conversa vem e a senhora pediu o nome do passageiro para buscar no sistema. Nada. Ué?!

Continuamos o papo acabei descobrindo que estava no aeródromo de Puerto Montt, de onde saem voos pequenos, internos ou particulares, não no aeroporto em que deveria estar. Puta que pariu …

Não fiquei tão preocupada porque não prometi ao Julien que o pegaria no aeroporto, apenas falei que tentaria chegar.

Decidi seguir para o Hostel. Antes disso dei uma passada no centro da cidade … já que estava ali, porque não?

Puerto Montt é uma cidade bem grandinha, na beira do mar, não vi charme algum. Cidades grandes não andam me atraindo. Tirei apenas uma foto, da placa da Carretera Austral.

O Hostel, de nome Austral View, fica na parte alta da cidade. Eu já imagina que teria que subir, mas escolhi um caminho que passava por uma rua com uma inclinação tão forte que, pela primeira vez na viagem, optei por empurrar a bike.

Chegando no hostel conheci Carolina, a dona, super simpática e prestativa. Antes de mais nada pedi a ela a senha do Wi-Fi para tentar contato com Julien.

Vista do Hostel Austral View

Já haviam mensagens dele, entre elas uma bem assustadora: minha bike não veio.

Ein? Como assim?

Julien veio da França e antes de aterrisar em Puerto Montt fez escalas em Madrid e Santiago, sua bike não saiu de Madrid. Sugeri que ele passasse o endereço do Hostel para que entregassem a bike lá assim que possível.

Conversei melhor com Carolina e fiquei aguardando Julien, mega ansiosa, cabeça a mil.

Assim que ele chegou, conversamos um pouco mais e ele disse que não sabiam quando iriam entregar a bike. Ele estava sem nada, nenhuma mochila de mão. Deu dó.

Fiquei pensando no que faria se a bike dele não chegasse no dia seguinte. Não temos tempo de sobra para fazer o caminho. Com o tempo que temos já é fato que precisaremos cortar algum trajeto. Esperar mais de um dia complicaria tudo. Será que eu encararia essa empreitada sozinha?

Decidi me tranquilizar e esperar o dia seguinte. Fomos ao mercado, compramos algumas coisas para cozinhar e um vinho para relaxar.

Julien se ofereceu para cozinhar e fez um prato vegetariano, fiquei feliz. Fazia dias que não comia uma comidinha assim, bem caseirinha. No prato tinha: batatas, cebola, abobrinha e cogumelos. Para acompanhar, um vinho chileno.

 

Comemos e ficamos ali na mesa por um bom tempo conversando e apreciando a vista.

Por volta das 22h Julien já estava roncando. Super recordei meus dias sem dormir no Caminho de Santiago. Dormir em albergues e hostels sempre tem desses riscos.

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Carretera Austral: De Puerto Montt à Hornopirén

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Sobre o autor

Aline Souza, mais conhecida como Aline Elétrica por ser engenheira elétrica é uma multi atleta de Florianópolis - SC. Ela pratica corridas de aventura, trekking, ciclo turismo e escalada em rocha. Siga ela no Instagram @alineeletrica

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