Na primeira noite tivemos o jantar de apresentação do grupo. Todos se apresentaram, e conforme iam contando um pouco sobre suas vidas e motivações que os levaram até ali, percebi em cada um algo de mim. Fiquei espantada com as preocupações de alguns, eram as mesmas que eu tinha e não queria comentar. Um muito preocupado com os equipamentos, questionava muito sobre o uso da piqueta, das botas e crampons.
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Parti para mais uma viagem, mais uma das que ouvi alguém falar em uma das outras tantas que fiz… E como sempre, surgiu lá dentro do peito uma vontade de ir e os caminhos para fazê-la foram acontecendo. E então me preparei para ir com a mesma empresa de expedição de outras duas que já participei.
Mesmo sabendo da importância do planejamento na realização de travessias de montanhas, acabei agindo por impulso desta vez. Era terça-feira, um pouco antes do meio-dia. Fazia cinco dias que eu havia concluído a mítica Alpha-Ômega e, já recuperado e com um clima a favor, decidi que era hora de encarar outra jornada.
Idealizada na década de 60 pelo lendário montanhista paranaense Vitamina (Henrique Schmidlin), mas conquistada somente nos idos de 90 pelo Máfia (Paulo César Souza) e o Dalinho (Dálio Zippin Neto) a Alpha-Ômega recebe este nome por percorrer a Serra do Marumbi do começo ao fim.
Na região norte de Santa Catarina há cinco montanhas muito populares e bastante exploradas por montanhistas e aventureiros casuais, são elas: Castelo dos Bugres, Morro do Pelado,Monte Crista, Pico Jurapê e Morro da Tromba.
O mundo das grandes travessias tem ganhado mais brilho diante dos olhos das novas gerações, e não podia ser diferente comigo. Apesar de estar na montanha quase todo final de semana, um bate/volta começou a deixar um desejo cada vez maior de ficar e continuar caminhando por aqueles cumes, conhecendo, desfrutando a aprendendo mais de mim e da natureza.
Desde a ultima investida em 2012 na A.O., com o tempo úmido e visibilidade próxima a zero, falei pra mim mesmo; voltarei em breve pra me esquecer desse mau tempo e curtir o visual desta travessia tão pesada, mas tão prazerosa. Alguns feriados vieram, mas ora eram problemas climáticos, (no leste paranaense a umidade é uma presença quase constante), ora eram problemas de agenda do pessoal envolvido, ou até mesmo a prioridade para outras travessias mais fáceis que estavam na pauta. Com algum tempo de atraso devido a vários adiamentos, no feriado de corpus Christi de 2015, conseguimos montar a equipe e agendar a travessia.
Continuando nossa epopeia pelos Campos do Quiriri, essa segunda e última parte se resume em dois percursos distintos: pela vegetação campestre até a Pedra da Tartaruga; e a descida pela muito comentada Trilha do Queijo… Confere aí:
Há dois lugares onde sinto minha vida intensamente: no cinema, e nas montanhas. Na minha profissão, como programador de salas de cinema, trato de investigar e exibir a sétima arte por um olhar histórico, procurando entender, através das imagens em movimento, os retratos que o cinema realiza, e nos oferece, sobre a sociedade durante e após o século XX. Acompanhar isto, pra mim é intenso. Pois além de se lhe dar com algo abstrato como emoções, no meio de dramaturgias concretas, o cinema é responsável pelo retrato da condição humana através dos tempos. Além disso, na sala escura, falando como espectador, viajo por inúmeras paisagens, e por relatos provenientes dos mais variados horizontes. Por outro lado, tenho outra paixão, que é subir montanhas.
Tenho pra mim que é numa travessia que um caminhante usual se
torna um montanhista, pelo menos assim foi comigo há anos atrás,
quando recebi o convite do Renato Torres Pereira para acompanhá-lo
numa empreitada pelos campos do Quiriri região norte de Santa
Catarina fazendo a travessia do Monte Crista até o Pico Garuva.