O calor abafado é infernal. Não se anda além de poucos metros. Os obstáculos são inúmeros e nauseantes. O sol do meio-dia é desgastante e cozinha os miolos sem piedade. O barulho inunda os ouvidos numa cacofonica inimaginável. E não se trata de nenhuma megatravessia não. É apenas mais um dia normal perambulando pela famosa Rua 25 de Março, fazendo compras em pleno sabadão na véspera do Natal. Ao lado da Corrida de São Silvestre, da subida ao Relógio da USP e da Parada Gay, este é mais um relato pitoresco q faz parte da série de caminhadas urbanas cujo perrengue intrínseco não deve em nada às Serra Finas da vida ou qq outra pernada selvagem pela Serra do Mar.
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Visível do alto da Cachu da Fumaça mas principalmente da Cachu dos Grampos, o Morro Careca sim, homônimo daquele da Mantiqueira, e q antecede o Marins – reina soberano da paisagem erguendo-se majestosamente como um sentinela de pura rocha na entrada do Vale da Morte, aqui na Serra do Mar paulista. Situado na divisa Rio Gde da Serra e Sto André, o topo deste enorme maciço de granito é alcançado mediante curta, árdua e penosa subida. Ou talvez não. Mas o esforço vale a pena, uma vez q do alto do seu gde, espaçoso e descampado cume se tem a melhor panorâmica da região: não bastasse uma geral da baixada santista e do Vale do Rio Mogi, temos uma vista espetacular de todas as gdes quedas q despencam neste setor privilegiado da Serra do Meio.
Esta longa história começou em 2006 depois de estudar e pesquisar um pouco sobre o Cerro Aconcágua, colei uma foto da montanha na porta do meu guarda roupa e escrevi em baixo: dezembro de 2008. Foi um ano iluminado pelo nascimento de Rebeca, minha primeira filha e transferi a data da expedição para 26/12/2009. Fui sozinho, sem guia e sem mulas, só Deus e eu. Experiência incrível e o que mais valeu foi a decisão de voltar na hora certa, desisti no sexto dia de subida. Deixei para trás o sonho de pisar no topo de uma das maiores montanhas do mundo a 6400 metros de altitude durante o ataque ao cume.
Durante minhas andanças pela Cachu do Elefante – região serrana de Mogi das Cruzes – sempre tive curiosidade em conhecer a notória Trilha do Mirante, picada q nasce à beira do asfalto da SP-98 e num piscar de olhos alcança a mais famosa queda do Rio Itapanhaú. Bem, esta dúvida foi sanada neste último domingo num circuito relativamente sussa, resultado da emenda desta vereda com outra bem conhecida. Um roteiro em formato de ferradura q percorre td Trilha do Mirante até margens do Itapanhaú, pra então cruzá-lo com cautela até a Cachu do Elefante, e finalmente retornar ao asfalto através da tradicional Mogi-Bertioga. Um circuito q não é nenhuma novidade, e sim apenas mais uma desculpa pra cair no mato afim de curtir um banho refrescante, ideal pra este inicio de verão.
Juntinha a apenas 33km da capital paulistana, a pacata Ribeirão Pires detém um atrativo q além de ser o pto turistico mais alto, é um dos q proporciona a melhor vista da região. Próximo à divisa com Suzano, o Morro da Pedra do Elefante é um pequeno serrote doméstico coroado com uma imponente formação granítica cujo formato lembra o desajeitado e simpático paquiderme. Situada a mil metros de altitude e acessível mediante trilha leve, o local tb é utilizado para pratica de escalada e rapel, além de ser mais uma ótima opção natureba pruma manhã de domingo ensolarado numa montanha de facílimo acesso. E o melhor, não demandar dificuldade técnica alguma apesar do desnível vencido não ir além dos 200m.
Em 2001 estava indo ao Peru para uma travessia e tive que cruzar o oriente boliviano em trem. Esta viagem começa na fronteira Brasil Bolívia e termina na cidade de Santa Cruz de la Sierra Bolivia.
Sempre me perguntei o q haveria naqueles contrafortes montanhosos opostos q cercam o Rio Anhangabaú, além do Rio Quilombo. A distância, o duplo desnível de quase 400m e a ausência de trilhas perenes desmotiva td e qq exploração a menos q seja com pernoite. Nem os guias/monitores de Paranapiacaba conhecem e mto menos se atrevem a meter as caras naquela região. Mas foi provado q aquele setor é repleto de Ranchos, definição usual q se dá por lá aos acampamentos de palmiteiros ou caçadores ilegais. E essa foi a proposta deste último domingo: uma árdua pernada de 10hrs ininterruptas q não apenas contempla seis destes refúgios improvisados – uns desativados e outros em perfeito estado de conservação – como tb percorre o extremo norte da crista da Serra do Quilombo, incluindo um dos seus picos mais elevados, o Pico do Quilombo, pra depois retornar pelo acidentado Rio Anhangabaú, via Cachoeirão. Eis a Trilha dos Seis Ranchos, um circuito pesado pra ninguém botar defeito numa Paranapiacaba q poucos conhecem. A não ser os próprios extrativistas ilegais.
Enfim, as 13:10 a trilha nos leva aos limites da Faz. Quilombo, onde as nascentes do Anhangabáu correm na forma de um pequeno, raso e manso córrego. Ao invés de cruzar o rio e prosseguir pela trilha rumo ao emaranhado de estradas de reflorestamentos da fazenda, simplesmente agora nossa rota é acompanhar o rio. E assim fazemos, alternando as margens ou saltando de pedra em pedra vamos avançando pelo rio, cruzando com bucólicos remansos, poços cristalinos e as vezes pequenos cânions lajeados fáceis de transpor.
Quem desce a Estrada da Graciosa, famosa vereda de paralelepípedos graníticos q interliga o planalto curitibano ao litoral, não deixa de se encantar com o enorme e verdejante cadeia montanhosa q ladeia a sinuosa estrada desde seu inicio. Falamos da Serra da Farinha Seca, q embora na carta surja agregada a Serra da Graciosa, na verdade é um único acidente geográfico q recebeu dois nomes por confundir-se com a estrada homônima. Independentemente disso, formam uma única e majestosa cumeada de 10kms q se espicha a partir do Morro Mãe Catira e finda no Morro da Balança.
Após um tanto abandonamos o riacho e passamos a escalaminhar o ultimo trecho em meio a quiçaça lenhosa e muita bromélia, pra então emergir nos 1438m no topo do 00B, já no Tapapui, por volta das 17:30. Não deu nem tempo de descansar direito em meio à mata arbustiva ressequida, apenas pra apreciar o belo visual do mar de nuvens q cobria td ao nosso redor deixando apenas visíveis os cumes próximos, tanto da crista percorrida como do q ainda faltava. Por esparsas brechas nas nuvens vislumbramos as magníficas paredes do Morro Sete, as encostas do Pequeno Polegar e do Farinha Seca na vertente oposta. Sem mto esforço, avistavam-se neste &ldquo,marzão&ldquo, tb as &ldquo,ilhas&ldquo, do Ibitiraquire e do Marumbi, respectivamente ao norte e ao sul. Uma pequena clareira em meio à espessa vegetação parecia ser o único lugar decente pra pernoite no topo. No entanto um forte e frio vento começou a castigar o cume, ameaçando nos varrer dali. Isso bastou pra desestimular td e qq idéia de pernoite com bivake por ali. Sim, ninguém carregava barraca a não ser a Vi e o Fabio! Decidimos então prosseguir adiante rumo ao selado entre o Tapapui e Farinha Seca, por sinal bem mais protegido e confortável.