Cholitas escalam e jogam futebol a mais de 6 mil metros para protestar contra o machismo

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As Cholitas são mulheres bolivianas de origem indígena, mas precisamente da etnia Aymara que seguem antigas tradições. No entanto, nos últimos anos alguns grupos de Cholitas tem se destacado por unir tradição à liberdade e a luta por seus direitos.

o grupo reunido para a escalada com seus trajes típicos.

Assim, no mês de agosto, 14 mulheres do grupo Cholitas Escaladoras da Bolívia Warmis escalaram o Huayna Potosí com 6088 metros de altitude. Elas estavam vestidas com suas tradicionais saias rodadas multicoloridas, casacos de lã e usavam tranças para enfeitar os longos cabelos negros. O objetivo delas era mostrar que também possuem capacidade de realizar seus sonhos e escalar montanhas. “Queríamos mostrar que as mulheres são fortes e corajosas, que conseguimos ir com nossas roupas, nossas Polleras (saias)”, explica Cecilia Llusco, de 36 anos que sonhava em escalar montanhas desde criança.

Essa não foi a primeira vez que as Cholitas estiveram no Huayna Potosí. Alias essa foi uma das primeiras montanhas que elas escalaram há cerca de sete anos. Após escalar outras montanhas na Bolívia, Peru e Argentina, onde pisaram no cume do Aconcágua em 2019, elas retornaram ao Huayna Potosí para protestar contra o machismo e a discriminação contra mulheres indígenas.

Dessa vez as mulheres entre 18 e 42 anos de idade enfrentaram cerca de 7 horas de subida com temperaturas de -10°C. Apenas duas Cholitas decidiram desistir antes de chegar ao cume. E após as comemorações no cume, elas deixaram de lado as mochilas, piolets e crampons para bater uma bolinha, a cerca de 6 mil metros de altitude.

Cholitas escaladoras jogando futebol a cerca de 6 mil metros de altitude.

Emocionada, Cecilia conta que estar na montanha é como se ela pudesse tocar no céu. Ela também confessou que as Cholitas escaladoras sonham e planejam chegar ao cume do Everest, a montanha mais alta do mundo.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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