Ética no Everest?

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Para Conrad Anker, o Everest ainda é um bom lugar para seres humanos interagirem

O renomado escalador norte-americano Conrad Anker, 52, é conhecido por ascensões desafiadoras pelo mundo inteiro. Em 2011, por exemplo, com Jimmy Chin e Renan Ozturk, abriu uma via no Monte Meru, na Índia, cuja expedição foi filmada e virou o documentário Meru, lançado em janeiro deste ano.
 
Recentemente, Conrad, que já pisou no cume do monte Everest três vezes ( a última em 2012), foi questionado se era a favor de que pessoas comuns (e não apenas escaladores profissionais) ainda devessem continuar escalando a maior montanha do mundo. Nas últimas duas temporadas, ao invés de escaladas de sucesso, o que se viu foi uma sequência de desastres naturais. Em abril deste ano, terremotos e avalanches mataram 18 pessoas no acampamento-base do Everest. Parece que a montanha está revoltada com a presença massiva de pessoas. O fato é que escalar o Everest tem se mostrado cada vez mais arriscado.
 
Apesar de Conrad não querer mais atacar o cume do Everest, sua resposta positiva surpreendeu. Pelo visto, ele tem um bom motivo para achar que o Everest continue sendo escalado. Leia a seguir:
 
“As pessoas devem sim ainda escalar o Everest. É uma escalada divertida. Existem duas rotas – a do lado norte e a do lado sul – e ambas são em cordas fixas, um tipo de expedição guiada por Sherpas.

Se as pessoas quiserem fazer algo grandioso ao ar livre para alimentar o próprio ego, subir montanhas nevadas é melhor do que atirar em animais. Não, sério – há um apelo na escalada e no montanhismo que não existe nos esportes de quadra que dominam a nossa sociedade.  Futebol, beisebol, tênis – eles são espacial e temporalmente restrito pelos seres humanos, há uma área, um tempo de jogo, e nós criamos essas regras um tanto complexas para competirmos uns contra os outros, humanos contra humanos. E, ao fazermos isso, estamos nos baseando nos próprios parâmetros humanos.

Escalada é completamente diferente. O objetivo é chegar ao topo. E há variáveis que você não pode controlar – desde o clima ou à rocha, até sua própria fisiologia. Para ser bem-sucedido, você tem que confiar em outras pessoas que estão escalando com você, que jogam no mesmo time – com o perdão do clichê. Na escalada, a gravidade é o adversário. Você e seus companheiros humanos estão lutando juntos para chegar ao mesmo lugar ao mesmo tempo. Por isso, acho que é uma boa maneira de os humanos interagirem.”
 

Leia o artigo original na íntegra (em inglês) aqui.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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