Fotografo chinês registra pela primeira vez rota norte do Everest em filmagem contínua de drone

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Enquanto montanhistas do mundo todo aguardavam ansiosamente a melhor janela de tempo para subir o Everest — ou Chomolungma, como é chamado na China — o fotógrafo e montanhista chinês Ma Chunlin fazia o mesmo. Mas ele não esperava o dia ideal para escalar, e sim para realizar uma filmagem completa da rota tibetana rumo ao cume da montanha mais alta do mundo.

Imagem feita pelo drone no cume do Everest. Extraído do vídeo de Ma Chunlin 

Pela primeira vez, toda a rota de ascensão pelo lado norte da montanha, do Acampamento Base Avançado (ABC), a 6.490 metros de altitude, até o cume, a 8.848 m,  foi registrada em uma única sequência contínua com um drone. A impressionante tomada, capturada ao nascer do sol, mostra os principais marcos da rota, incluindo o Colo Norte, os acampamentos superiores e os três desafiadores “degraus” finais que antecedem o cume.

Especialista em fotografia de montanhas de alta altitude, Ma nasceu em 1995 e vinha tentando completar o projeto desde 2020, quando filmou a mesma rota em múltiplas sequências, posteriormente editadas. Em 2021 e 2024, tentou capturar o trajeto em uma única tomada, mas sem sucesso — em uma das tentativas, o drone caiu a 8.300 metros. A experiência acumulada ao longo dos anos foi essencial para que ele superasse os desafios técnicos e climáticos desta temporada, marcada pelos ventos constantes.

A decolagem foi realizada às 6h55mim e 34 segundo da manhã de 19 de maio após Ma realizar inúmeros cálculos para pegar a curta “janela dourada” de cerca de 15 minutos, quando os ventos deram trégua, o céu estava limpo e a iluminação do nascer do sol dando um charme a mais as imagens. O voo seguiu pela trilha do lado tibetano da montanha: partindo do ABC, passando pelo Colo Norte, pelo Acampamento 2, pelo Acampamento 3 na Face Norte e, por fim, alcançando o cume. No vídeo, é possível ver grupos de alpinistas ao longo do trajeto e, ao final, uma figura solitária no ponto mais alto da Terra, com pequenos grupos se aproximando de ambos os lados.

Ma explicou que era essencial ter alpinistas presentes nas imagens para garantir a escala e o impacto visual da filmagem. “Sem eles, não há perspectiva, pois a escala humana se perde e os espectadores não conseguem compreender a dificuldade e a magnitude do cume”, disse ele ao portal People.cn.

“Conforme o drone se aproximava do cume, não consegui conter as lágrimas. A jornada tinha sido muito difícil e, depois de todos esses anos, finalmente consegui”, contou o fotografo.

Fotografo Ma Chunlin. Foto: Ma Chunlin

A operação, no entanto, não foi isenta de tensão. Ao alcançar a altitude máxima, Ma perdeu o sinal do drone e temeu ter perdido todo o registro. “A primeira parte das filmagens ocorreu sem problemas, mas eu estava prendendo a respiração”, contou. Felizmente, o equipamento ativou automaticamente a função de retorno e voltou em segurança, trazendo imagens belíssimas.

Dificuldades técnicas e burocráticas

Além dos obstáculos técnicos e climáticos, o uso de drones no lado norte do Everest é estritamente controlado pelas autoridades chinesas. Para concluir o projeto, Ma precisou de muita negociação e paciência para obter a permissão de voo. No entanto, após a divulgação do vídeo, o Ministério das Relações Exteriores da China celebrou o feito.

Segundo Ma Chunlin e a mídia estatal chinesa, esta é a primeira vez que toda a rota norte do Everest foi registrada em uma única tomada contínua com drone. O resultado, que une o avanço tecnológico dos drones ao talento e à persistência do fotógrafo, são imagens inéditas e belíssimas, que fazem qualquer montanhista sonhar alto.

“Espero que, ao capturar uma montanha tão icônica como Chomolungma, eu possa usá-la como ponto de partida para ajudar mais pessoas a descobrir e apreciar o Himalaia”, disse ele

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

5 Comentários

  1. Neiva Maria Barbosa de Oliveira em

    Magnífico trabalho parabéns muito muito muito obrigado por essa maravilhosa visão muito lindo parabéns mesmo

  2. Eu não sei como um guia vai em lugares perigosos sem ao menos levar algumas coisas leves e básicas , como por exemplo uma corda leve e forte de um 600 metros que pesa no máximo 5 kilos um quite com alguém remédios para do e para preveni infeções , gases .
    Uma corda fina e leve teria salva a vida dela .

  3. Sou simples piloto de drone e sei que existem muitos aparelhos capazes de comunicar e levar mantimentos. Porque isto nao ocorreu ?
    Fiquei muito triste pelo fracasso da busca, esperaram demais. Por outro lado, para soltar uma bomba, um pais rico faz rapidinho.

  4. José Antônio Granetto em

    Com a tecnologia de hoje a brasileira poderia ter sido resgatada no mesmo dia.
    A filmagem mostra ela viva e pelo que se observa não havia até aquele momento tantas fraturas apresentadas no laudo.
    Lamentável, governo da Indonésia deve ser responsabilizado.

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