Henrietta Carsteirs uma conquistadora esquecida pelo tempo

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Um assunto que sempre gerou polêmica entre os montanhistas brasileiros é a origem da atividade aqui no Brasil. A conquista do Pico Olimpo, ponto mais alto do conjunto Marumbi no Paraná, em 1879, é considerado o marco inicial do montanhismo brasileiro. Já a conquista do Dedo de Deus no Rio de Janeiro, em 1912, é considerada o início da escalada técnica no país.

Essas duas montanhas são consideradas o início do montanhismo no Brasil por terem sido escaladas por motivação meramente esportiva. Mas é óbvio que os brasileiros já subiam montanhas antes disso movidos por outras motivações como a exploração do território ou simplesmente para caçar. No entanto, essas escaladas eram possivelmente consideradas triviais e que não necessitavam de registro.

Pão de Açúcar na época da escalada de Henrietta Carsteirs.

A escaladora Henrietta Carsteirs

Também não há registros sobre qual motivo levou Henrietta Carsteirs, uma mulher britânica a se aventurar pelas encostas do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro e chegar até o seu cume. Não se sabe qual rota ela usou, quais equipamentos tinha, se já havia uma trilha ou se simplesmente se embrenhou na vegetação e chegou até o topo. O que se sabe é que a inglesa não só chegou ao cume como desfraldou uma bandeira da Inglaterra por lá. O governo brasileiro não gostou nem um pouco da ousadia da jovem mulher e mandou retirar a bandeira do topo da montanha. De acordo com o MONA Pão de Açúcar o soldado José Maria Gonçalves subiu a montanha no dia seguinte e colocou a bandeira portuguesa no lugar.

Segundo a pesquisadora e escritora, Rosangela Gelly, o fato de Henrietta ser uma mulher e britânica fez com que tal ato repercutisse na sociedade machista da época. No entanto, pelos mesmos motivos, a sua conquista também foi esquecida no tempo e pouco se sabe sobre o assunto como conta em seu livro “Isso não é coisa de menina?”.

No entanto, conforme Antonio Paulo Faria relata em seu livro “A escalada brasileira”,  o caminho natural até o cume da montanha naquela época era muito fácil e após Henrietta subir a montanha, o local passou a ser bastante frequentado. Ele aponta ainda que a conquista da britânica e a escalada de Gonçalves tiveram motivação nacionalista. No entanto, muitos outros subiram simplesmente por curiosidade e esporte.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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