Modernização de traçado pode ser a chance para restauração do patrimônio histórico ferroviário do Paraná

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Debate sobre o abandono do patrimônio arquitetônico da Ferrovia Curitiba x Paranaguá são retomados após empresa concessionária que administra a malha ferroviária dar início à um projeto de modernização do traçado da linha férrea.

A Ferrovia Curitiba x Paranaguá foi um marco na engenharia brasileira. A linha férrea, que foi inaugurada em 1885, transpôs a Serra do Mar num terreno hostil, sendo necessário inúmeras pontes e tuneis, numa obra extremamente grandiosa para a época.
 
A ferrovia foi privatizada na década de 1990, porém no edital de concessão, a empresa concessionária ficou isenta de responsabilidade na preservação das construções centenárias que foram erguidas ao longo da ferrovia. Passados mais de 20 anos, muitas destas construções foram depredadas e abandonadas por completo, o que gerou uma grande discussão, pois a concessionária foi criticada por ficar após com o bônus da exploração do transporte de cargas e a sociedade com o ônus de conservar o patrimônio arquitetônico, o que não aconteceu.
 
Tal discussão agora é retomada com a necessidade de se atualizar o traçado da ferrovia que tem mais de 130 anos. A empresa de logística que administra o tramo percebeu que se modificar o raio de uma curva na Serra do Mar, permitirá o uso de locomotiva mais modernas, aumentando sua capacidade de transporte e impedindo descarrilamentos. Atualmente, os trens podem circular numa velocidade limitada de apenas 15 Km/h
 
O problema é que a ferrovia foi tombada em 1986 e para que o traçado seja modificado, é necessário a autorização do Conselho Estadual do Patrimônio do Paraná, que impôs a exigência de que a empresa restaure e conserve os edifícios abandonados ao lado da ferrovia, como a Casa do Ipiranga. 
 
Com arquitetura e mobília clássica, a Casa do Ipiranga serviu como posto de telégrafo, local de hospedagem e centro de reuniões dos funcionários da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA). Localizada à margem da ferrovia e no caminho do Itupava, está encravada dentro do Parque Estadual da Serra da Baitaca, uma unidade de conservação ambiental. O imóvel pertenceu a RFFSA até a sua privatização, quando foi abandonada. Neste tempo todo, por estar em local de acesso público em meio a Floresta Atlântica, a casa sofreu a ação de pessoas que roubaram os materiais e destruíram a ponto de restarem apenas as paredes fortificadas com trilhos de trens.
 
A proposta ainda não foi aceita pela empresa concessionária. A possibilidade, comemorada por montanhistas e os defensores do patrimônio histórico, pode ser um tiro pela culatra, pois de diante da demanda pelo transporte, a concessionária estuda construir uma nova linha ligando Curitiba à Paranaguá, o que poderia significar o abandono total da ferrovia que é considerada um dos maiores patrimônios históricos e turísticos do Paraná.
 
Fonte do Infográfico: Folha de São Paulo
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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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