Até pouco tempo, o Cho Oyo era a segunda montanha mais escalada entre as 14 com mais de 8 mil metros. Sexta montanha mais alta do mundo, com 8201 metros de altitude, seu acesso pela face norte, no Tibet, era considerado a rota mais fácil e segura de todos os 8 mil.
A partir de 2008, quando houve as Olimpíadas de Pequim, as coisas começaram a mudar. Por conta de protestos que denunciavam a ocupação chinesa no Tibet, o governo chinês decidiu impor limitações e aumentar o preço das permissões dos 8 mil que são acessados pelo Tibet, o que tem levado cada vez menos gente a ir para o Cho Oyo.
Extremamente dependente do turismo, o Nepal, por sua vez, não perde chances de receber visitantes e receitas provenientes de montanhistas. As empresas nepalesas são as mais experientes em realizar expedições comerciais em montanhas e cansadas das restrições, fechamento de fronteiras e limitações, decidiram investir na abertura e melhoria da rota Sul do Cho Oyo, que fica dentro de seu território.
Cho Oyo pelo lado nepalês
No dia 17 de agosto o Nepal abrirá suas fronteiras, fechadas desde abril. Com pouco mais 18 mil infectados pelo Coronavírus e 44 mortos, o Nepal enfrentou uma quarentena restritiva rígida e perdeu a receita do turismo da chamada pré monção, período que envolve a temporada de março até maio e que é responsável por metade das receitas do turismo no pequeno país do Himalaia.
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Visando recuperar da recessão, as agencias nepalesas querem retomar a popularidade do Cho Oyo, mas para isso precisam lidar com as dificuldades técnicas daquela face. A face nepalesa da sexta montanha mais alta do mundo foi conquistada em 1978 pelos austríacos Edi Koblmüller e Alois Furtner. Perto desta rota, na aresta sul, onde passa a linha fronteiriça entre Nepal e China, está a rota polonesa de 1985, conquistada durante a primeira ascensão invernal à montanha por Maciej Berbeka e Maceij Pawlikowski sendo seguidos três dias mais tarde por Jerzy Kukuczka e Zygmunt Heinrich.
A terceira rota possível desde o Nepal foi a conquistada em 1991 pelos russos Ivan Plotnikov, Yevgeni Vinogradski, Aleksandr Yakovenko, Sergei Bogomolov y Valeri Pershin que percorrem a crista oposta à dos poloneses, no flanco sudoeste.
A ultima rota nepalesa do Cho Oyo é bem mais recente e teve como protagonista o cazaque Denis Urubko e Boris Dedeshko. Para completar os 14 oito mil em 2009, Urubko tinha disponível apenas a face nepalesa, devido as restrições chinesas. Com toda naturalidade, ele foi ao lado nepalês e abriu uma nova rota.
Seria possível as agencias nepalesas abrirem uma rota comercial no seu lado da montanha e oferecer outra alternativa ao saturado Everest ainda este ano?