Tentei marcar com diversas pessoas, todos ocupados. Não tem problema, sozinho lá vou eu para a estrada rumo ao sul de Minas Gerais. Não deveria fazer isso obviamente, ir a montanhas sozinho não pode mais ser a minha rotina, é uma realidade que preciso aceitar. Neste caso, ou eu ia, ou perdia a janela de bom tempo. Decidi por ir assim mesmo. O medo de uma nova internação também me assombrava.
Acontece que meu objetivo, a pequena e pitoresca Aiuruoca de cerca de seis mil habitantes, é um bocado complicada de chegar. Tratando-se de sul de Minas, só uma fica ainda mais complicada, Alagoa. Eu tive que sair de São Paulo para a cidade de Caxambú em uma viagem de seis horas e meia. Lá, com sorte, deveria conseguir vaga no único ônibus que leva a cidade nos dias de semana, horário de 18:50h. O bem mais confortável ônibus da Cometa estacionou na rodoviária de Caxambú às 18:37h, e consegui por sorte uma vaga no segundo para Aiuruoca, viagem de mais uma hora e vinte minutos. Ê cidade complicada de se chegar!
Esta epopeia de locomoção terminou às 20:10h quando cheguei lá, na mesma pracinha em que eu, Tacio, e Aline caminhamos ano passado no mês de julho buscando um sorvete pra comer depois de culminarmos a esquecida Mitra do Bispo, montanha raramente ascendida de 2.200 metros no meio daquela mesma cidadezinha vizinha ruim de se chegar chamada Alagoa. Lá é ainda pior, não há asfalto em nenhuma direção, de qualquer local que deseje entrar, será por pelo menos 30 kms de estrada de terra. Prepare a suspensão do carro.
Uma vez no centro, fui direto a pousada Dois Irmãos onde dormimos ano passado, torcendo pra que houvesse vaga. Afortunado, mesmo com um evento de professores das cidades mais próximas lá, um jantar repleto de ternos com cheiro de naftalina e saltos altos empoeirados, consegui uma vaguinha no quarto de número 214. Ironicamente, o mesmo número de quarto da minha última internação no Hospital Santa Paula.
Deixei minha mochila que mesmo após cortes e mais cortes, pesava 11kg, ainda faltando adicionar água engarrafada antes da caminhada, e desci para buscar um lugar para comer. Infelizmente (tenho escrito esta palavra demais não?) não posso mais beber água da montanha, o risco de contaminação para mim é altíssimo, mesmo com clorin. Agora, só filtrada. Imediatamente descobri que sinal de claro nem pensar lá. Maravilha…
Encontrei um restaurante novíssimo na pracinha, que não havia lá ano passado, e pedi um contra filet com fritas para matar a fome. Aproveitei a receptividade mineira e o papo do dono do estabelecimento, falando mal do governo e de manifestações inúteis cujo objetivo é apenas destruição de propriedade alheia. Enfim…
Gentilmente o rapaz me forneceu a senha do wi-fi dele, wi-fi em Aiuruoca! Funcionava tão bem quanto a minha de casa, deixei um recado no facebook da Lili que obviamente estava cheia de preocupações em casa, e eu feliz, esquecendo temporariamente os problemas por estar lá, mesmo com saudades da patroa e da Mussarela, e por ter a oportunidade de acertar as contas com uma das serras mais turísticas que há na região da Mantiqueira e que, me derrubou ano passado.
Depois de jantar voltei de pronto à pousada, não chegava a ser 21:00h, mas eu estava visivelmente cansado de tanto ônibus, e precisava dormir. Subi e se não me engano era cinco para as nove quando adormeci.
Acordei cedo, sete da manhã. O céu estava completamente nublado, mas as nuvens não eram de chuva, e eu tinha certeza de que aquilo iria embora. Afinal de contas, meu segundo objetivo lá era finalmente produzir minhas primeiras fotografias decentes de longa exposição, já que a única oportunidade que tive foi em dezembro passado no Pico do Itapeva em Pindamonhangaba, e que furou porque caiu o mundo de tanta chuva.
Liguei da pousada para o taxista Paulinho, com quem combinei o preço de R$ 100,00 pelo transporte até a junção de três estradas, a altitude de 1.825 metros na Serra do Papagaio: Estrada que vai até a pousada/ abrigo de montanha Do Lado De Lá (que fica a 1.865 metros, 1km a frente), a estrada que virou trilha pois foi proibido o acesso a carros 4×4 que subiam até quase o topo da Serra no Retiro dos Pedros (2.160 metros), e a direita a estrada que desce para Baependi. Sim, parece caro, mas como sempre estou sozinho, meu transporte nas montanhas sempre é este absurdo, então estou acostumado a este desprendimento financeiro. Havia espaço no carro para mais três e o preço cairia para R$ 25,00 cada. Mas, fui só. Comprei duas garrafas de 600ml de água, uma com gás e um sem gás, para se juntarem à garrafa que eu já tinha de isotônico sabor uva verde. Suficiente imaginei, e meu peso subiu para 12kg.
Não posso caminhar 17 kms de estrada de terra da cidade até ali…Antigamente ainda arriscaria essa, mas hoje em dia nem pensar.
Ele me pegou e depois de quarenta e cinco minutos de transporte chegamos no ponto onde desci. Combinamos que ele me pegaria na manhã seguinte às 11:00h. Eu imaginava acordar cedo do meu bivaque no topo do Bandeira e descer até ali em no máximo três horas. As coisas aconteceram muito diferente do planejado.
Nos despedimos e era por volta de 09:00h quando comecei a andar, seguindo a verdadeira estrada que é a “trilha” para o Retiro dos Pedros.
Que sofrimento…Eu sabia que seria duro pelos meus últimos exames de sangue, mas não tão duro. Eu me sentia como a seis mil metros, com dor de cabeça interminável e as vezes até náuseas. Como subir um seis mil sem aclimatar. A distância era bem curta, menos de cinco quilômetros até o topo da Serra, com um desnível de somente 450 metros suavizados neste percurso, um verdadeiro passeio. Foi incrivelmente difícil, eu parava a cada cinquenta passos, estratégia de contagem ajuda a atingir objetivos. As vezes uma leve curva no trajeto ou uma pedra no chão serviam de incentivo…”vou chegar até ali e descansar dois minutos”. Chegando lá eu não conseguia descansar por só dois minutos, me custava sete ou oito pra me levantar novamente.
Assim progredi e depois de uma eternidade e sem fotografar nada, cheguei ao famoso Retiro dos Pedros, que nada mais é que um cercado de pedras, com murinhos de Taipa, erguido ha quase dois séculos (estima-se após o ano de 1822) , que resiste até hoje. Utilizado até por Jesuítas, acabou virando camping na atualidade e muita gente acampa ali. Desnecessário e eu mesmo não o faria, é um espaço arqueológico. Como Historiador, não aprovo o acampamento ali, mas…
Coloquei minha mochila no chão e descansei por vinte minutos quase. O topo agora estava a no máximo quatrocentos metros em linha reta, e a apenas 115 metros verticais para cima. Levantei e fiz “os ataques finais”. Certamente um ataque dividido em N momentos.
Assim foi que, em cinco horas e cinco minutos, atingi o topo da Serra a 2.275 metros, no topo do Pico Tamanduá-Bandeira, ou Morro do Bandeira, ou Pico do Gamarra, chamem como quiserem. Uma vergonha de tempo, mas, cheguei lá. Passei pela árvore solitária, vasculhei um pouco o local mesmo com o incrível vento que varria o topo da Serra, vento que chuto ser de no mínimo 80 kms/h. Fraco, eu mal conseguia ficar de pé. Trabalhar em fotografias então, fora de questão.
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Me sentei encostado a uma pedra, tirei a reflex da mochila, fotometrei e fiz um auto-retrato. Isto foi tudo. Mesmo com a go pro na mochila, não ousei tocá-la. De fato, não fiz um vídeo a viagem inteira. O cansaço era tanto…
Sentia muito frio lá no topo certamente pelo vento, e imediatamente decidi descer e bivacar mais próximo ao meu encontro com o carro mas, de certo, não tão baixo. Iniciei a descida.
Descer é mais sossegado é claro, e em aproximadamente duas horas e quarenta minutos, e uma cerca depois, encontrei um platô de campo de altitude suavemente inclinado, quase plano, bem grande. Neste lugar, havia um braço de mata a minha esquerda (olhando para a estrada) e algumas rochas. Uma delas escolhi para ser meu local de bivaque e objeto de fotografia noturna. Já que não havia feito nem dez fotos até então, pelo menos iria investir no meu próximo objetivo pensei.
Continuava absolutamente sozinho na Serra, a não ser pela vida selvagem, e desejei ter alguém com quem conversar, mas, ninguém aparecia. Diante desta carência de ser humano, eu falava tudo que iria fazer sozinho mesmo, em voz normal, e imagino que minha voz não chegava a nenhum ouvido de semelhante, a não ser que este fosse selvagem, peludo, e estivesse em alguma toca abaixo da terra em algum lugar por ali…
Preparei tudo com tempo de sobra, me hidratei, jantei quando era 17:00h, deixei o bivaque relativamente bem arrumado, trabalhei na composição das duas fotos que planejei ainda com sol forte, e ainda com luz solar, deixei a fotometria pronta, a câmera no tripé, e o controle remoto já plugado na câmera, na posição exata da primeira foto. Assim que o sol baixou da colina por onde subi a trilha estrada (eu saí da trilha durante a descida buscando o local correto para fotografar e dormir) o frio chegou e eu entrei no saco de dormir, aguardando meu prêmio, uma noite estrelada.
Logo ela veio, por volta de 19:50h. Contei uma estrela, duas estrelas, três, quatro, depois da sétima bebi mais uns goles do meu isotônico de uva, me ajeitei para sentar, e quando olhei para cima de novo depois de dois minutos, já não conseguia contar. Muitas estrelas. Isto que eu queria!
Algumas nuvens perdidas passavam e decidi não poluir a foto, deixei passar, pois apesar de onde eu estar o vento ser fraquíssimo, não passar de uma brisa, imagino que mais acima o vento estava forte como no topo da Serra.
Finalmente, às 20:30h, depois de alguns testes, iniciei a primeira exposição, bem longa, de quinze minutos. Gostei do resultado apesar de bastante interferência de luz de Baependi e da própria Lua. Reposicionei a câmera para a minha rocha de bivaque, e ali tive alguma dificuldade de acertar o foco sem ver cinco metros à frente, mesmo com a lua refletindo a luz do sol com certa potência. Foram quatro ou seis fotos teste com exposições de duração mediana (um, dois e cinco minutos), todas estas descartadas, até eu ficar satisfeito para soltar a longa, desta vez de dez minutos. Iniciei a foto, e já que sentia frio, me deitei no saco de dormir, fechei ele quase todo, ficando só com o rosto de fora, com minha cabeça inclinada pra frente usando a mochila como travesseiro/ encosto. Mantinha em minha mão o controle para encerrar a exposição quando quisesse (apesar de meu controle ter opção de fazer isso automaticamente, nem estudei a função ainda por pura preguiça!).
Foi aí que o momento mais inusitado de toda a viagem aconteceu…
Eu olhava para frente, e da escuridão quase total, bem próximo ao solo, um rabo bem peludo apontando para cima se aproximava em rota direta, e sambava no ar como no desenho animado do Pepe Le Peu, o gambá que era loucamente apaixonado por uma gatinha e fazia de tudo pra conquistá-la. Alguém se lembra dessa? Era muito engraçado aquele desenho…Pois bem, o bichano se aproximava com igual charme.
Chegando a só dois metros da extremidade de meu saco de dormir, notei que o animal era preto, do tamanho de um gato, mas sua cabeça era muito mais próxima ao solo e pequena, e que sua calda era muito mais felpuda do que a de um gato, e tinha duas tiras brancas largas perfeitas que saíam de sua cabeça e percorriam todas suas costas até o final da calda. Pensei: “Fudeu! Gambá!”
Fiquei imóvel com medo do spray fétido do animal, ele se aproximou e começou a cheirar meu saco, movi meu pé pra que ele se assustasse, o que aconteceu, e ele foi embora de imediato, sumindo na escuridão total seguindo no sentido contrário, com certa pressa. Pude vê-lo de perto, era um gambá mesmo! Fiquei gargalhando, nunca havia passado por um contato imediato tão cômico como este, fui visitado pelo Pepe Le Peu! Hehehe
Quando ele apareceu eu estava no sétimo minuto de exposição da foto e não quis interromper, então nem pude ter registro do contato, uma pena.
Como ri da situação…
Enfim, depois deste divertimento, os dez minutos foram encerrados e eu parei a exposição. O resultado final da foto me agradou mais do que a de quinze minutos. Fiquei bem satisfeito com as duas longas concretizadas e lá pelas 21:30h decidi dormir, ainda pensando no inusitado visitante que tivera vinte minutos antes.
Me ajeitei e, olhando o céu completamente estrelado mas, mesmo assim, incomparável com o céu tremendamente estrelado da Serra Fina, adormeci exausto.
Acordei muito cedo, já com luz ao meu redor, por volta de 05:40h. Fazia frio, 2°C. Preguiçoso me mantive dentro do saco até 06:30h, quando notei nuvens pesadas se aproximando, e que talvez carregassem consigo alguma pancada de chuva, decidi descer e me abrigar na pousada até dar a hora do Paulinho chegar com seu fusca. Sete horas comecei a descer.
Estando bem perto da pousada, em vinte minutos cheguei lá, nos fundos do “Chalé dos Andes”, o quarto mais alto da pousada que fica a 1.880 metros de altitude. Ali, atravessei outra cerca, entrando nas terras do dono da pousada, e me estabeleci por um tempo até tomar meu café da manhã.
Ao meu redor, águias, urubús de cabeça vermelha e araçaris por todo lado, aos casais, em todas as árvores. A impressão que eu tinha era de ser bem vindo por todas as aves locais que, curiosas, insistiam em pousar perto de mim e fugir no momento em que eu tocava na câmera. Desisti e entendi o contato com pura contemplação.
Depois que comi meu miojo de camarão e algumas balas sete belo, guardei as tralhas e deixei a mochila em um dos bancos da pousada, ainda era oito da manhã. Muito cedo. Decidi imediatamente descer mais acompanhando o rio que passa ali ao lado da pousada, esperando ver algumas piscinas naturais e fotografar alguma coisa.
Sucesso, há pelo menos três piscinas belíssimas em um trecho de apenas setenta metros rio abaixo. Continuei descendo até que cheguei a uma pequena praia onde facilmente se acomodam cinco pessoas para se banhar nas gélidas águas do rio e desfrutar da natureza. Bom, melhor eu não ficar dando idéia…
Fiz algumas fotos ali também e lentamente comecei a subir. Nuvens vieram, fecharam o céu, mas não havia indicativo de chuva, então fiquei ali tranquilo. Me sentei em um banquinho e, de olhos fechados, fiquei escutando o som da pequena cachoeira que há na pousada que foi construída praticamente no rio. Minha missão estava quase cumprida, eu só precisava chegar inteiro em casa pra Lili e com minhas fotos. Esta era a nova missão.
Depois de fotografar bastante cansei de passar o tempo e decidi cobrir logo a distância até o ponto de encontro com o Paulinho. Comecei a descer, com calma e sem pressa, ainda cansado do dia anterior, mas mesmo assim sem problemas cheguei até o portão da propriedade sobre um rio largo, pulei já que estava fechado a cadeado, e comecei a subir novamente a estrada até o ponto de encontro. Depois de cerca de quarenta minutos cheguei lá. Ainda era quinze para as dez, mas eu estava tranquilo, não precisava mais andar e contava com a pontualidade do cara que na manhã anterior me pegou meia hora antes do combinado.
Sentei ali, esperei, esperei, esperei, e quando faltava cinco minutos para as onze decidi começar a andar exatamente às onze se ele não viesse na hora. E assim aconteceu. Irritado, comecei a caminhar com pressa.
Enquanto andava o tempo passava, minuto a minuto, e eu não escutava o ecoar do motor do fusquinha dele e nem qualquer outro som, até as insistentes águias pararam de voar sobre minha cabeça, talvez finalmente tivessem compreendido que eu era uma presa grande demais para se abater hehehe…
Depois de vencer bastante chão olhei o relógio, era 11:30h, e eu já estava convencido de que ele havia me esquecido, isso porque eu lhe disse na manhã anterior “Cara, não se esquece de mim hein, tenho câncer, se eu tiver que andar essa porra toda amanhã caio morto na metade do caminho! É sério!”. Ele concordou e tomou seu rumo.
Continuei andando e acelerei o passo já que as curtas subidas haviam acabado, só descida agora. Depois que eu venci cinco quilômetros da estrada de terra e em alguns pontos pedras, escutei de longe o som do fusca se aproximando. Era 11:55h, e ele me alcançou. Caminhei surpreendentemente bem, cobri 5kms em 55 minutos! Incrível o que a determinação e 2kgs a menos de mochila não fazem.
Aborrecido, questionei ele sobre o horário, lembrei do que havia argumentado na manhã anterior, e exigi um desconto pra que ele me deixasse não em Aiuruoca, mas direto em Caxambú! E assim foi que, por R$ 150,00, ele me levou direto até a cidade de Caxambú. Durante o trajeto, relatei meu contato imediato e ele me explicou que não era um gambá, que era um Jacarambeva (Jaritataca), e que sua urina tem um cheiro fétido tão ruim quanto a do gambá. Certa vez ele atropelou um na estrada e deixou o fusquinha encostado em um posto por 15 dias até o cheiro de podre sair por completo. Que sorte eu tive!
Sobre o transporte, pode parecer caro, mas foram 12kms (eu já havia andado 5) de estrada de terra até Aiuruoca e mais 45kms de asfalto até a entrada de Caxambú, e ali mais 3kms dentro da cidade até a rodoviária. Não foi caro. Eu sequer precisei buscar por transporte entre uma cidade e outra, até porque os únicos ônibus do dia (05:50h e 10:30h) já haviam partido fazia horas. Eu iria de qualquer maneira morrer em um táxi entre cidades que tem o preço padrão de R$ 80,00, ou gastar mais R$ 50,00 com mais uma noite em pousada, mais R$ 20,00 com outra janta, e mais R$ 12,00 do ônibus das 05:50h de domingo. Financeiramente, saí no lucro.
Nos despedimos e imediatamente me dirigi ao guichê da Cometa, pois já tinha passagem comprada de volta para a manhã seguinte, mas não custava nada tentar adiantar…Deu certo, troquei o meu ticket para 15:00h naquela mesma tarde de sábado! Era apenas 13:15h então tive tempo ainda de encontrar um restaurante, paguei R$ 6,00 em uma refeição do tipo “coma o quanto aguentar”, caminhar de volta e ainda fotografar o Morro Caxambú, elevação que mais parece um vulcão no centro da cidade e que tem um teleférico.
Às 14:00h estava de volta a pequena rodoviária, onde troquei de roupa, tomei um pseudo banho no banheiro, renovei o desodorante, e ainda me deliciei vendo as fotos feitas nas proximidades da pousada.
Consegui contato com a Lili sem problemas, contei as boas novas, e quando o ônibus chegou iniciei o longo retorno…
Acertei as contas com a montanha, consegui as longas que queria, fiquei completamente sozinho (em relação a humanos), e mesmo tendo sido muito difícil, desfrutei do final de semana nas montanhas, nada mal.
Chegando em casa, na segunda-feira eu tinha consulta no Hospital das Clínicas, quando encontramos quatro possíveis doadores de medula óssea pra mim. Ótima notícia. Terça-feira fui a consulta com a hematologista Dra Patricia junto da Lili já que neste dia completamos dois anos de casados, quarta-feira fui ao Centro de Hematologia de São Paulo onde fiz a heparinização do meu catéter (uma agulha é enfiada no meu peito acertando o catéter, uma ampola de sangue é retirada e desprezada e é injetada uma solução de heparina e soro fisiológico). Procedimento este que tenho que fazer a cada 35 dias no máximo. Quinta-feira foi o único dia de descanso da semana, e sexta-feira dia 18 fui fazer um exame de sangue e visitar a equipe que cuida de mim no Hospital Santa Paula, acabam virando uma grande família, por osmose.
O resultado do exame de sangue foi irritante…7,6 de hemoglobina, apenas 21.000 de plaquetas e 2.250 de leucócitos. Eu estava em patamar de transfusão de concentrado de hemácias e de uma aférese de plaquetas também. O que posso fazer? Eu quero, mas minha medula não quer…
De sábado dia 19 para domingo dia 20 comecei a sentir a garganta irritando, e na tarde de domingo já estava completamente gripado. Que ótimo…
É o preço que pago. Faz parte.
Que venha a próxima. Abraços a todos e agradeço a força! Estou tentando continuar a viver no meio de tantas adversidades, e o pulso ainda pulsa.
Parofes