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Acredito que o conceito de vale seja mais intuitivo do que o de montanha: é uma região baixa e alongada cercada por vertentes mais altas de cada um dos lados. Nos vales costumam circular rios ou glaciares, que são seus formadores.
Assim como há muitos formatos de montanhas, há vários tipos de vale. O mais comum é o vale fluvial, como mostrado na figura ao lado. Sua forma típica é em V, especialmente quando for jovem, com vertentes íngremes, ainda pouco modeladas pela erosão. O vale do Tibagi é um exemplo de vale fluvial.
A linha que une os pontos mais profundos do leito do rio é chamada de talvegue. É ele que define o mapa de drenagem do rio e de sua bacia.
Estas formações podem começar em cânions profundos e estreitos e terminar nos chamados vales aluviais, quando a erosão progressivamente aplainou as vertentes e criou um fundo amplo e plano.
Ou seja, seu fim é inverso ao seu início, como mostrado na segunda figura. Os rios aluviais costumam apresentar meandros caprichosos, como na Bacia Amazônica.
Note que nesta figura o vale termina numa ria, ao encontrar o mar. Este termo descreve a foz de um rio que foi inundado pelo mar. Conheço uma ria no Brasil: o Saco do Mamanguá em Parati, que é chamado (erroneamente) de um fiorde tropical. A rigor, ele mais parece um cânion marítimo.
Mas os vales costumam também apresentar formatos em U, quando têm um fundo côncavo cercado por paredes abruptas. Sua forma resulta da forte ação erosiva das geleiras. Estes são os vales glaciares, ilustrados pela terceira figura ao lado, onde aparecem as morainas, os circos, as arestas e os vales suspenso e glaciar.
Os geógrafos gostam de indicar como exemplo o Vale de Zêzere em Portugal. Mas o mais emblemático é o do Glaciar de Khumbu no Nepal, onde está o Everest.
Existem formas infelizes de vales, descritos por nomes um tanto pessimistas. Um vale morto acontece quando o rio que o escavou é capturado por um outro ou quando seu leito é obstruído por uma parede.
Um vale cego ocorre em regiões calcárias, cuja rocha é solúvel em água e pode ser perfurada pelo rio, gerando um sumidouro por onde ele desaparece. Um bom exemplo é o Vale do Peruaçu em Minas.
Mas todos estes vales têm até certo ponto uma origem gentilmente progressiva, derivada da erosão ou da dissolução. Este não é o caso dos vales tectônicos, dos quais o mais importante é o Vale do Rifte ou da Fenda (Rift Valley).
É o maior vale do mundo, com algo como 5 mil km, desde o sul da África até o Mar Vermelho e o Planalto da Anatólia. Ele foi formado pelo afastamento das placas tectônicas da África e da Arábia, causando uma gigantesca falha geológica.
Ele é um graben ou fossa tectônica, uma depressão com fundo plano, que resultou de um afundamento geológico. Seu inverso é o horst, um bloco elevado, separado do graben afundado pelas chamadas escarpas de falhas.
Esses nomes simpáticos vêm do alemão e significam respectivamente uma modesta vala ou fossa e um ninho alto (ou, como dizem em espanhol, um nido de condores).
A figura ao lado ilustra de maneira simplificada a formação destes dois blocos opostos. O Vale da Morte na Califórnia é um exemplo de graben e a Montanha da Mesa na África do Sul, de horst. Notem que ambos são superfícies planas, o que é comum nestas origens.
O Vale do Paraíba também resultou de um graben – mas toda a erosão posterior modelou um aspecto ameno, que encobriu sua formação catastrófica em eras passadas.
7 Comentários
Boa descrição de vale e pessoal. Vlw
Olá, Alberto! tudo bem por aí? Espero que sim.
gostei do conteúdo, fácil de digerir.
Grata por dividir conosco o seu tempo, conhecimento e, um pouco da sua história.
um abraço de luz!
Nossa que conteúdo maravilhosa! Sua didática ao explicar é incrível! Obrigada por compartilhar conosco!
A sua didática ao explicar é impecável! Tornou-se um prazer ler o conteúdo. Muitíssimo obrigada por compartilhar a sua habilidade conosco!
Muito bom.
Que isso, heim! Explicação mais didática do que do livro de Geografia que eu estou lendo! Obrigado!
Olá! Gostaria de saber se tem Instagram. Pois suas publicações são de grande relevância e aprendizado.