O Parque era relativamente pequeno, pois estava como que contido pelos vales à sua volta, onde se espalhou mais tarde a ocupação urbana. Sua área foi recentemente duplicada para 20 mil ha. O relevo é muito acidentado, devido às escarpas abruptas da Serra do Mar, a cujo sistema pertence. É nele que ocorrem as maiores altitudes desta Serra, acima de 2.000m. A umidade que vem da Baixada Fluminense condensa-se nas encostas, formando nevoeiros que desaconselham iniciar tarde as ascensões e travessias.
A Mata Atlântica que recobre a maior parte de sua área é muito densa e frondosa, com grandes árvores copadas. Nas partes elevadas, aparece a mata montana e, mais além, os campos de altitude. A riqueza da vegetação é acompanhada pela grande diversidade da fauna, com inúmeras espécies de mamíferos, aves e répteis.
A principal travessia do Parque é a clássica Petrópolis-Teresópolis, ou Petro-Teres. Ela praticamente atravessa de oeste para leste toda a largura do Parque, ao longo de 42 km, passando por algumas de suas principais atrações. Já escrevi sobre ela, na companhia de outras espetaculares travessias de crista.
A Pedra do Sino foi conquistada pelo escocês George Garner em 1841. Eu a fiz numa manhã terrivelmente quente no início da primavera. Seu acesso começa a partir do último estacionamento do Parque. Este caminho é muito longo, tem 12 km rumo oeste para ganhar um pouco mais de mil metros, ou seja, uma declividade inferior a 10%. Certamente não resultou de uma trilha espontânea, neste caso teria sido mais curta e íngreme, como por exemplo a subida pelo lado oposto até o Castelo do Açu.
Portanto, embora seja longo, é bem fácil – talvez por isto você venha a encontrar na trilha umas figuras que mal desconfiam a diferença entre uma trilha na natureza e um parque de diversões. Serão de 3 a 4 hs, dependendo se sua mochila é leve ou cargueira. No começo, você encontrará a cachoeira Véu da Noiva, que era visitada por Dom Pedro, e depois passará por outras fontes d’água.
Afora algumas vistas de Teresópolis, que acontecem principalmente no meio da subida, o caminho é sempre imerso na mata úmida e fechada. Existem entretanto duas clareiras gramadas onde é possível acampar, lá havia no passado abrigos que o próprio Parque (dizem outros, o Exército) demoliu.
A segunda das clareiras pertence à parte elevada, quando já é possível enxergar o maciço rochoso à frente. A trilha pela pedra é bem indicada, segue o mesmo princípio de subida sinuosa e suave, mas convém não esquecer que a neblina é uma companheira frequente naqueles altos.
O cume é espaçoso, com a ampla baía à frente, o escarpado Açu à direita e toda a crista ao alcance do olhar. A curiosa formação à sua frente é o Garrafão, cuja subida é um tanto técnica. A Pedra do Sino, de tão fácil acesso, abriga entretanto algumas das mais complicadas rotas de escalada do País, como Terra de Gigantes e Franco Brasileira.
O Sino tem 2.263 m e é o ponto culminante do Parque, só sendo superado pelos Três Picos de Friburgo. O Castelo do Açu é um pouco mais baixo, com 2.236 m. Outra das pedras notáveis é o Dedo de Deus. Não é alta (1.692m), mas seu formato vertical e sua localização cênica fazem dela a mais famosa da região. Ela foi uma das grandes conquistas do alpinismo brasileiro, no início do século passado. A Agulha do Diabo (2.050m), o Escalavrado (1.406m) e o Dedo de Nossa Senhora (1.320m) são outras formações importantes.
O retorno é meio demorado, a trilha é longa e as pedras dificultam a descida veloz. Provavelmente em menos de 3 hs você estará de volta. Assim, mesmo com mochila de ataque, este passeio irá lhe tomar algo como 7 hs. Se na volta você estiver com fome de lobo, tente os incríveis frutos do mar logo à frente, no bairro de Agriões.