Somente o inglês John Biggar tinha chegado muito perto descrevendo a listagem de montanhas andinas através de seu livro: Andes – A Guide for Climbers.
O trabalho de Suzie utilizou critérios científicos e dados de missões satelitais para conseguir a lista final. Segundo a autora: “Foram 5 anos de pesquisas para chegar ao trabalho final que ainda pode conter erros. O método SAR de mapeamento disponível hoje tem vários problemas de precisão e em muitos lugares o sinal não volta à origem e se perde. As montanhas mais escarpadas geralmente são as mais afetadas e hoje não temos dados precisos sobre a maioria dos cumes.”
Segundo o guia de montanha, os nomes também foram um problema: “Os Andes são realmente grandes e há presença de muitas culturas diferentes em cada região, isso faz com que a mesma montanha tenha muitas vezes 4 ou 5 nomes diferentes. Tivemos muitas dificuldades em coletar os nomes de cada montanha pois além das fontes oficiais militares, há muita informação que só os locais sabem”
O trabalho de mapeamento encontrou 1174 montanhas com mais de 5000 metros, sendo que delas 104 com mais de 6000 metros de altitude e 1070 com mais de 5000 metros de altitude.
O trabalho envolveu 4 etapas diferentes para chegar à versão final. Primeiro foi definido um modelo digital de elevação à ser utilizado. Estes modelos são utilizados por aplicativos 3D como o Google Earth. No caso, Suzie utilizou uma mistura entre modelos gerados pelas missões SRTM (EUA 1999) e ASTER (Japão, EUA 2000). Também utilizaram diferenças de perspectiva em imagens Landsat para correções.
Em cima do modelo digital de elevação a Doutora em física inglesa Suzie Imber fez um software para encontrar as elevações andinas. Inicialmente eles trabalharam com 65 mil elevações e foram reduzindo a quantidade de acordo com a prominencia topográfica de cada uma (quanto cada uma se destaca na paisagem). O programa feito por Suzie consegue separar as montanhas por ‘ilhas’ e definir a independência topográfica através do colo chave.
Foi utilizado o critério chamado “Dominância” para definir o que é uma montanha e o que não é. Este critério criado pelo pesquisador alemão Eberhard Jurgalski define uma montanha como sendo algo que tenha mais de 7% de dominância.
Dominância(%) = (ALT.MONTANHA(m) – ALT.COLO CHAVE(m)) / ALT.MONTANHA(m) x 100
Todas as 65 mil elevações andinas foram classificadas com este critério. Segundo a dupla, “Trata-se do critério mais justo para definir uma montanha pois não é subjetivo e pode ser aplicado em qualquer elevação do mundo, tanto para o Everest quanto para o Agulhas Negras”
Após conseguir a posição e o tamanho das montanhas, era hora de colocar os nomes em cada uma. Esta tarefa demorou anos e utilizou inicialmente os dados de institutos geográficos militares de 6 países. Houveram diversos problemas para a obtenção desses dados já que alguns institutos protegem os dados por motivos de segurança e outros enfrentam problemas financeiros e não tem verbas para publicar os dados corretamente.
Com a primeira versão do nome de cada montanha, foi necessária a verificação de cada nome e confirmação dos dados com fontes locais. Um total de 13 montanhistas, geógrafos e pesquisadores formaram uma equipe que conformou a lista final de montanhas andinas.
O objetivo desta iniciativa foi divulgar os Andes. Segundo o geógrafo Pedro Hauck: “Mal sabemos o que temos nos Andes. Acho que o projeto é só um começo para explorarmos o nosso desconhecido continente”
3 Comentários
Muito legal o artigo. Dias atrás troquei alguns e-mails com o Pedro sobre as metodologias de definição de montanha. O mesmo me disse que tinha algo bom por vir.
Parabéns aos envolvidos.
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Ótimo site. Não sabia que existia no Brasil um trabalho tão abrangente.