Por que beber água durante as atividades outdoor?

A água é fundamental para que haja vida. E já é consenso que beber água regularmente faz muito bem para a saúde. No entanto, a hidratação durante uma atividade física também é essencial para o bem estar do seu praticante. No caso de atividades outdoor como escalada, trekking e montanhismo, os cuidados com a hidratação deve ser ainda maiores.

Durante a atividade física o corpo perde quantidades significativas de água e sais minerais. Normalmente a taxa de transpiração aumenta e com isso também perdemos mais líquidos. Se considerarmos que no montanhismo, na escalada, no trekking ou em outras atividades outdoor a intensidade dos exercícios, a exposição ao calor e a duração é maior do que em atividades indoor, fica fácil entender que as chances de ter uma desidratação também aumentam.

O corpo humano é composto de 60% de água, substância que atua em vários processos fisiológicos, mantem o equilíbrio eletrolítico e também ajuda na regulação da temperatura. De acordo com a médica endocrinologista Letícia Del Corso, a desidratação acima de 2% da massa corporal está associada a função termorreguladora prejudicada, esforço cardiovascular elevado e piora do desempenho.

Além disso a desidratação causa diversas reações no corpo, como: sede, náusea, dor de cabeça, tontura, falta de ar e boca seca. Ela também afeta a recuperação muscular que se torna mais lenta.

Quantos litros de água o corpo humano precisa por dia?

Assim a ingestão de água antes, durante e após a atividade física é fundamental. Letícia explica que o corpo humano necessita em média da ingestão diária de água de 3,7 litros para homens adultos e 2,7 litros para mulheres adultas (aqui inclui-se os líquidos provenientes dos alimentos). “No entanto, exercícios físicos extenuantes e o calor podem aumentar muito as necessidades diárias de água, e a variabilidade individual entre os atletas pode ser substancial”, completa. Logo, no caso de atividades outdoor é importante sempre ter uma garrafa de água ou um sistema de hidratação na mochila.

Todavia, ela também lembra que a falta de sede não significa que uma pessoa esteja hidratada o suficiente. “Em humanos, a sede tende a ser aliviada antes que a reidratação completa seja alcançada. Indivíduos com altas taxas de suor ou aqueles preocupados com desempenho devem determinar as taxas de suor sob condições semelhantes às previstas ao competir e beber sob medida para evitar perdas de massa corporal acima de 2%”, disse Letícia.

As taxas de suor individuais podem ser estimadas medindo o peso corporal antes e depois do exercício. Por isso,  para evitar a desidratação, Letícia também lembra que deve-se considerar o consumo planejado durante atividades de longa duração, principalmente no calor e exercícios de alta intensidade. “A pré-hidratação com bebidas, além das refeições normais, também deve ser valorizada, sendo iniciada pelo menos várias horas antes da atividade para permitir a absorção de líquidos e permitir que o débito urinário permaneça em níveis normais, garantindo que o indivíduo inicie a atividade hidratado e com níveis normais de eletrólitos no sangue”, explica Letícia.

“As circunstâncias em que beber para saciar a sede podem ser suficientes incluem exercícios de curta duração (de modo geral menos de 90 minutos), exercício em condições mais frias e exercícios de baixa intensidade”, completa Letícia.

“No entanto, recomenda-se nunca beber tanto a ponto de se ganhar peso. A hiperidratação ou o consumo excessivo de álcool antes, durante e depois dos eventos de endurance podem causar depleção de sódio e podem levar à hiponatremia”, alertou a médica.