Qual é a via de escalada mais difícil do mundo?

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Recentemente, o belga Nico Favresse e o polonês Adam Pustelnilk repetiram a via Orbayu, que havia sido graduada por Iker Pou em 8c+/9a FR. Esta via chamou atenção por ser a via mais difícil do mundo a mesclar grandes paredes com a dificuldade esportiva extrema. De acordo com Favresse e Pustelnik, a Orbayu não é tão difícil quanto diziam. Sendo assim fica colocada a questão: Qual é a via mais difícil do mundo.

Quando os bascos Iker e Eneko Pou encadenaram a via Orbayu, no Naranjo de Bulnes – Espanha, a via foi logo sendo considerada como “a mais difícil do mundo”. Não é por menos, Orbayu tem 500 metros de altura e mescla o comprometimento da escalada tradicional com a dificuldade da escalada esportiva em grande parede. A graduação das enfiadas da via são, respectivamente: 8a+, 8a, 8a, 7a, 8c+ 9a, 8a+, 6b+, 6a+, V+, V e V. Tudo isso na graduação francesa!

Recentemente esta mega via recebeu sua segunda repetição e uma cadena realizada por Nico Favresse da Bélgica e Adam Pustelnik da Polônia. Nico está em sua melhor fase, só para citar seus feitos recentes, em fevereiro deste ano ele escalou em livre a face leste do Fitz Roy na Argetina, em Abril recebeu o Piolet D´or por sua conquista na Groelândia e agora em Agosto repetiu a Orbayu, via que ele achou ser mais fácil do que o grau proposto pelos irmãos Pou.

De acordo com o belga, a via é no máximo um 8b+, ou seja, dois ou três graus a menos que a proposta original. 

Para quem vê de longe, esta mudança no grau aparenta ser mero preciosismo, porém no mundo da escalada isso ressuscitou uma rixa para delimitares qual seria então a via mais difícil do mundo.

Graduar uma via, ainda mais uma via de parede, é um dever muito difícil, pois é estabelecer dificuldade é algo muito subjetivo e por mais que exista um sistema de graduação há vários fatores que influenciam na delimitação de um grau, por exemplo:

O que é mais difícil, um lance concentrado “boulderístico” ou uma enfiada longa com um nível alto e sem descanso? Qual é a influencia da exposição para que um lance fique mais fácil ou mais difícil? 

Dificilmente haverá um consenso para a delimitação “da via” mais difícil do mundo. O site espanhól Desnível selecionou algumas que certamente faz parte do roll “das vias” mais difíceis do mundo. Confira:

Bellavista (240 m, 8c) – Dolomitas Itália: Via que fica na face Norte do Lavaredo. Foi aberta em 1999 por Alex Huber que liberou ela anos mais tarde.

Pan aroma (500 m, 8c) – Dolomitas Itália: Outra criação de Huber que fica na face Oeste do Lavaredo. Esta via compartilha as cinco primeiras enfiadas da Bellavista, mas depois toma seu próprio rumo, indo em direção de um grande teto de 40 metros. Ela foi conquistada em 2007.

Solo per vecchi guerrieri (150 m, 8c) – Alpes Italiano. Via aberta por Mauricio Zanolla que conta com somente quatro enfiadas. Esta via foi liberada por Mario Prinoth e recebeu repetição de Iker Pou e Jenny Lavarda.

WöGu (230 m, 8c) – El Rätikon, Suiça. Via aberta por Beat Kammerlander em 1997 com 7 enfiadas, onde somente duas tem grau abaixo do oitavo Frances, mas não muito além disso, 7c+. Até hoje só Adam Ondra conseguiu repetir a via em livre.

Zahir+ (300 m, 8c) – El Rätikon, Suiça. Esta via é uma variante da via Zahir. Ela foi aberta pelos suíços Iwan Wolf e Gunter Habersatter en 2004.

Tough enough original (380 m, 8c) – Monte Tsaranoro, Madagascar. Foi aberta em artificial pelos alemães Daniel Gebel e Ari Steinel em 2005 e somente Adam Ondra conseguiu escalá-la em livre. A via recebeu o apelido “original”, pois existe uma variante para fugir da enfiada mais difícil, mas que mesmo assim não reduz a complicação, pois esta variante está cotada em 8b+.

Mora mora (700 m, 8b+/c) – Maciço Karambony, Madagascar. Outra via extrema localizada em território malgaxe. Ela foi aberta em 1999 pelos espanhóis Francisco Blanco e Toti Valés e também foi liberada por Adam Ondra.

The Nose (900 m, 5.14a/8b+) – El Capitán, Yosemite, EUA. Escalada em livre em 1993 por Lynn Hill e repetida por ela um ano mais tarde, foi novamente escalada por Tommy Caldwell que deu um grau máximo de 5.14a (8b+).

Dihedral wall (900 m, 5.14a/8b+) – El Capitán, Yosemite, EUA. Quando Tommy Caldwell conseguiu liberar esta via em 2004, ele declarou ser a mais difícil que já havia feito em sua vida.

Magic mushroom (900 m, 5.13d/5.14a) – El Capitán, Yosemite, EUA. Liberada por Justen Sjong, que a repetiu em um dia em 2008. Também foi escalada por Tommy Caldwell.

Direct NW Face (23 enfiadas, 5.14a/8b+) – Half Dome, Yosemite, EUA. Via liberada por Todd Skinner em 1992 e repetida por Caldwell em 2007, onde ele emendou duas enfiadas fazendo um lance de 50 metros com 88º de inclinação que ele mesmo disse não ser algo menos difícil que um 5.14a.

South Face (10 enfiadas, 5.14a/8b+) – Washington Column, Yosemite, EUA. Via liberada por Mat Wilder em 2002. Na terceira enfiada há um movimento boulderístico em Wilder cotou em V10!

É difícil dizer qual é a via mais difícil do mundo, mas certamente ela está nesta lista. Uma coisa, no entanto é certeza: Qualquer escalador que mandar uma destas vias é um super herói!

No Brasil também um movimento de abertura de vias de paredes muito difíceis, como ficou evidente na conquista da via Place of Happiness, por Edmilson Padilha, Horacio Gratton (ARG), Stefan Glowacz (ALE) e Holger Heuber (ALE) em 2009 e recentemente a via Nova Era, de Hillo Santana e Lucas Marques.

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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