Já havia algum tempo que cada uma de nós tinha vontade de realizar esta travessia, a mais longa aqui da…
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Montanhistas ficaram perdidos na Pedra da Tartaruga, montanha localizada em Garuva SC, na divisa com o Paraná e foram resgatados pelo Grupo de Resgate em Montanha (GRM) de Joinvile e pelos Bombeiros Militares.
Continuando nossa epopeia pelos Campos do Quiriri, essa segunda e última parte se resume em dois percursos distintos: pela vegetação campestre até a Pedra da Tartaruga; e a descida pela muito comentada Trilha do Queijo… Confere aí:
Tenho pra mim que é numa travessia que um caminhante usual se
torna um montanhista, pelo menos assim foi comigo há anos atrás,
quando recebi o convite do Renato Torres Pereira para acompanhá-lo
numa empreitada pelos campos do Quiriri região norte de Santa
Catarina fazendo a travessia do Monte Crista até o Pico Garuva.
Muitos foram os caminhos coloniais utilizados pelos primeiros colonizadores europeus pra vencer a distancia entre o litoral e o planalto curitibano. Dentre eles, o Caminho dos Ambrósios (ou Caminho das Três Barras) foi um dos mais utilizados e, coincidentemente, um dos menos conhecidos. Iniciando na Baia de Babitonga (SC), corria por entre a sinuosidade escarpada da abrupta Serra do Mar catarinense através de ardiloso calçamento de pedras ate alcançar o alto do místico Monte Crista, pra dali prosseguir pelos campos altos em direção noroeste. E foi esta a vereda histórica q resolvemos palmilhar no sentido inverso, emendando também a subida ao Pico Garuva. O resultado é uma travessia de 3 dias árduos q une a beleza cênica natural nos planaltos e Campos do Quiriri, a verdejante Mata Atlântica de encostas e riachos encachoeirados com o encanto de vestígios de um caminho histórico ainda preservado, nesta região isolada e selvagem na divisa dos estados de SC e PR.
A pernada se manteve no mesmo compasso durante um bom tempo, ate q alcançamos uma beirada de serra onde tivemos o primeiro contato visual com o Monte Crista, as 12:13! Localizado num serrote esparramado à sudeste, ainda havia q vencer uma nova seqüência de cristas e morrotes menores até lá, com trilha bem obvia e visível! Com ritmo inabalável, continuamos nossa empreitada agora sob forte calor do inicio de tarde! Descendo através de cristas e cocorutos sucessivos e cada vez mais próximos do Monte Crista, passamos inclusive por blocos rochosos q escondiam tocas e algum lixo. Estávamos no rumo certo mesmo!
Não deu nem 7 meses de nossa 1ª incursão à Serra do Quiriri q o encanto e beleza de seus místicos campos parecia nos chamar intuitivamente. S/ pestanejar atendemos esta convocação interna realizando outra de suas travessias menos conhecidas (aos paulistas, claro!), a Tartaruga-Garuva. Esta consiste numa pernada puxada de 31km que percorre em 3 dias os altos descampados da Serra do Quiriri. Tem como extremos dois dos maiores picos isolados da região, a Pedra da Tartaruga e o Pico Garuva. No meio, capões de mata, campos e planaltos de mata rasteira de perder a vista, passando pelo Morro da Antena e pela Pedra do Urubu. Uma travessia acima dos mil metros que alterna Mata Atlântica e campinas douradas, subidas íngremes e trechos de suave declividade, numa região isolada, selvagem e inóspita localizada na divisa dos estados de SC e PR.
Desembocamos no laguinho as 14hrs, na cota dos 1275m, e vendo q estávamos adiantados em nosso cronograma e no rumo certo, resolvemos lagartear ali mais um pouco. O local é encantador, pois o lago é cercado de montanhas q lhe conferem um aspecto exclusivista, reservado apenas à andarilhos privilegiados como nós, pois o acesso é totalmente fora de mão aos demais mortais. Algumas mini-cachus nas proximidades marulham na mata baixa ao redor, onde abundam dejetos do q parece ser de capivaras. Sim, capivaras acima dos mil metros de altitude, alem de pegadas de pequenos felinos! Pois bem, naquele local deslumbrante ficamos à toa, apreciando a paisagem ou simplesmente descansando. Banho q é bom, nada, pois a água tava tinido de gelada. Mas isso não intimidou a Milena, q redimiu seu atraso como digna representante do sexo frágil e mergulhou na água de uma vez, pra espanto de uma machaiada boquiaberta.
É desnecessário recomendar aos corredores de aventura para que nem tentem repetir isto sem apoio logístico dos Mariners. Mas foi o que o Elcio Douglas Ferreira e o Arlindo Rossi (ambos com 40 anos) fizeram na madrugada de 04/06/2009, enfrentando distancia superior a 60 km que separa as bases das duas montanhas nas proximidades da divisa do Paraná com Santa Catarina com temperatura de -5ºC e sensação térmica inferior aos -15ºC.
Quando se imagina que a aventura havia terminado estando-se na porta de casa, é aí que tudo começa a dar errado.