Transversal da Ibitiraquire – Lírios do Vale x da Bolinha – ARCANJOS e MDA

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A proposta da “Derradeira Travessia das Fazendas” surgiu da equipe ARCANJOS à qual o MDA se somara e que, basicamente consistia em cruzar a serra do Ibitiraquire no seu sentido transversal, começando na Fazenda Lírios do Vale e concluindo na Fazenda da Bolinha, ou alternativamente na Fazenda Pico Paraná. Parte-se do “nível do mar” e sobe-se a quase 2 km de altitude, antes de descer ao planalto. A altimetria somada é imensa, brutal, mesmo. Ainda assim, houve quem quisesse apimentar (mais) a coisa, acrescendo a Cachoeira do Saci, uma ligação antiga entre ela e o ombro dos gêmeos Sacizinho e Saci e, para arrematar uma ataque “despretensioso” ao Ferreiro. Por precaução, montei um track de referência com todos os atrativos propostos, mas utilizando prioritariamente as trilhas consolidadas para a maior parte do deslocamento, evitando atalhos incertos para permitir maior celeridade e minimizar o risco de que ocorresse um perdido mais sério. A “proposta apimentada” totalizava quase 6 km de altimetria.

Nas semanas precedentes fiz contato com a proprietária da fazenda Lírios do Vale, a senhora Ligia, solicitando permissão e se haveria algum custo ou restrição de horário. Estimei que chegaríamos às 6h de sábado. Com a permissão e informado que não cobrariam pelo acesso apenas estacionamento e camping, decidi preparar um mapa com arredores como lembrança e agradecimento pela cortesia.

Concentramos no metro Tatuapé e 22h10 partimos para pegar o Douglas e o Rafael no posto já na Raposo Tavares. A viagem seguiu tranquila sob a direção segura do Edson, fizemos a primeira parada e retomamos a viagem até que por um erro de comunicação comigo “pulamos” a segunda parada, essencial para muitos tomarem café da manhã. O Rafael foi um que subiu a Face Leste em jejum… desculpe, povo. Eu sou muito ansioso mesmo. Com a não parada, “ganhamos” pelo menos 40 minutos e chegamos a porteira da fazenda 5h30 … com a parada, acamparíamos cerca de 1 hora mais tarde. De qualquer modo, perdoem. Havia entendido que todos teriam consigo o lanche para café da manhã, e não imaginei que poderia causar esse desconforto extra.

 

Ante à titânica brutalidade da Face Leste, até o valente treme: pessoal acostumado a cargueiras de 17 – 20 kg, revisou equipamento, abriu mão de luxos e minimizou, no possível o peso das mochilas. Prudentes, a Michele, o Rafa, o Douglas, o Manoel entre outros adotaram mochilas ALTO ESTILO, de fabricação nacional. A Amanda optou por uma OSPREY EXOS 38. Outros bravos vergaram as costas e tremeram os joelhos sob o peso de suas consciências tradicionais. Certamente, cada um refletiu sobre sua escolha no caminho. Eu estava com uma mochila TOTEM GEAR 16L com bolsos de barrigueira de 1,5L cada da FALCÃO NEGRO MONTANHISMO, para evitar que a vegetação enroscasse em alguma parte e proteger a mochila, uma capa de chuva OSPREY, no tamanho XS. Todos alcançaram o honrado dístico da Face Leste do Ferraria. Uma das maiores, talvez a maior altimetria em uma única montanha naquela região.

Feito o último arrumar-de-tralhas na cargueira, reforcei a joelheira improvisada, coloquei as lentes de contato, aproveitei do conforto citadino de banheiro e me apresentei para iniciar a caminhada, longa e desafiadora, que nos esperava.

A trilha inicia larga, pela da estrada de serviço da COPEL aberta nos anos 60, quando da implantação da Usina Capivari Cachoeira e que hoje é conhecida como Trilha da Conceição. Mais adequado seria “trilha dO Conceição”, pois finda no Rio Conceição permitindo acessar, apesar de proibido e bastante arriscado a Janela da Conceição. Essa janela faz par com a Janela da Cotia, no sopé do Pico do Ibitirati, às margens do Cotia e serviu para remoção do material fragmentado durante a abertura do túnel de alimentação da usina.

No inevitável mosaico de historicidade que sítios de presença humana mais antiga nos apresentam, ao lado há uma enorme adutora que conduziu águas do Cotia da barragem até a Usina da Cotia, dos anos 50 e já há muito desativada. Ali, pelo menos 4 camadas da interação antrópica sobre o relevo se sobrepõem: trilha indígena, caminho de tropas, estrada de serviço das obras das usinas e, finalmente, lazer e esporte para montanhistas do Paraná e arredores.

Por erro e descuido, seguimos ao lado da adutora implantada sobre a histórico e injustamente esquecida Picada do Cristóvão, ligando o litoral com a região além serra do mar. Deixamos, passar o desvio à esquerda que o Caminho do Conceição faz e seguimos em frente, a adutora a nos fazer companhia, subindo gradualmente. Passamos ao largo de uma pequena entrada à esquerda e conferi nosso deslocamento em relação ao tracklog de referência. Andávamos paralelos ao previsto, coisa que erroneamente, associei à imprecisão no registro de base. Seguro dessa interpretação, seguimos em passo leve, com a Ariane inocentemente tentando poupar a bota da lama. Eu e o Douglas incentivamos que apertasse o passo, sem dar a devida atenção a duas indicações importantes de que estávamos em caminho errado: o calçamento desse trecho de estrada não batia com o que o Douglas descrevera em 2023 quando retornou do Jacutinga na companhia do Macedo e do Guilherme. Nas palavras dele “caminhávamos como zumbis, tropeçando nas pedras da estrada”… onde pisávamos, havia um bocado de lama, mas praticamente nada de pedras. Adicionalmente, havia o fato do Denis Bento que f icara para trás para pegar água na bifurcação não ter nos alcançado ainda, mesmo com o nosso passo pouco intenso. Ao alcançarmos a barragem da represa, finalmente, meu desconforto com o trajeto começou a vencer a fé de que estávamos certos e o track de referencia, errado. Se estivéssemos no caminho certo, a ponte com nosso acampamento estaria uma vintena de metros adiante. Nada de ponte, nem cabeça remanescente de ponte, apenas um vau, onde cruzamos o curso d’água e continuamos, cada vez menos tranquilos, a seguir. Agora, as evidências eram difíceis de negar e, quando a estradinha quedou para o lado contrário às nossas necessidades, tive que reconhecer o erro e, após rápida confabulação com o trio, iniciamos o retorno sobre nossos passos.

Ao passarmos pela entradinha onde conferi nossa posição na ida, o mato recém cortado e a direção inicial, perpendicular à estrada e no sentido que precisámos nos fez apostar que poderia ser uma ligação bem batida que nos cortaria um bocado de caminhada extra.

 

Andamos pouco mais de uma vintena de metros até as ruínas de um pequeno casebre de madeira, que a serra aos poucos, retoma. A partir dali, os rastros de passagem recente apontavam vara mato e não trilha. Entendemos que era aposta que não nos convinha cacifar e retornamos à estradinha. Ao chegarmos no ponto da bifurcação, tomamos o caminho da COPEL, com o calçamento resultante de uma camada de pedras que a empresa lançou para consolidar o leito da estrada. Agora, tropeçando nas pedras, estava muito nítido o quanto aquele caminho diferia do que havíamos percorrido pouco antes. O erro nos tomara 1h10min e acrescera 4 km à nossa jornada. Costumo dizer que, quanto mais cedo você erra, mais cedo retoma os cuidados devidos. Menos displicentes, não somaríamos novos erros a esse. Em verdade, em uma travessia como a pretendida, posso dizer que saiu muito barato, esse aprendizado e alerta.

Agora na trilha correta, apertamos o passo, visando descontar um pouco do tempo que havíamos perdido com o erro e, às 8h54 alcançamos a ponte Indiana Jones, onde Rafael, Douglas, Macedo, Guilherme e eu acampamos em 2023. A partir desse ponto, eu passara pelo menos uma vez no trajeto, ainda que na parte mais delicada, apenas em sentido contrário. Com a adesão do Caio ao nosso pequeno grupo, passamos de quarteto a quinteto e seguimos, cruzando o rio pelo vau que se forma alguns metros abaixo da ponte. Notamos que algumas mochilas estavam no ponto do começo da trilha para o Saci e Sacizinho. Manoel Queiroz, Michele Morais, Paulo Capote, Diego Lima e Francislaine Mori (Fran) haviam decidido fazer o acesso de ataque. Decisão ousada, pois acrescenta 800 m de altimetria aos pouco mais de 2400 m da sequência Ferraria, Taipabuçu e Caratuva.

Pouco depois, às 9h20 alcançamos o pneu que marca o inicio da subida da Face Leste e sem perda de tempo passamos a subir de forma mais forte. Algumas centenas de metros à frente uma singela homenagem ao Jaime Rodrigues dos Santos, por parte do Juliano Gonçalves Volpini, do grupo CACHORRÕES DA SERRA nos serve de memento mori. Somos pó com ilusões de grandeza e o melhor que podemos almejar é que deixemos, ao irmos, boas lembranças, família e amigos saudosos. Façamos o nosso melhor, em vida, e deixemos o mundo um pouco mais alegre do que quando aqui chegamos.

 

 

Às 10h30, uma bonita vista lateral para o cumes gêmeos dos picos Saci e Sacizinho mereceu o registro. A subida é intensa, de forma que a conversa tornou-se lacônica, entre as pausas para recuperar o fôlego. Mais 1h30 de subida, alcançamos um primeiro platô, onde a subida deu um refresco e pudemos ganhar alguma velocidade adicional, buscando o famoso e famigerado “Degrau” o lance mais técnico e exposto que era nosso grande desafio e objeto de respeito e temor. O lance não é de dificuldade excepcional se tua cargueira não pesar mais que 8 kg, pois acredite amigo, acima disso, convém que amarre a cargueira na corta azul e suba usando as brancas, fradeadas e com nós de azelha para colocar os pés. A exposição é aterradora e, mesmo tendo subido e descido duas vezes por ali, passei grande apuro. Na primeira subida dessa trilha, com a cargueira nas costas, segurei cada corda com uma mão, coloquei a ponta do pé esquerdo numa pequena ranhura e me puxei pra cima… a primeira metade do lance foi elegante e eficaz, já a segunda… agora era puxar com o braço direito, pé chapado na pedra molhada… puxei e… a corda veio na minha direção, não muito, uns 10, talvez 20 centímetros, antes de firmar. A dificuldade de liberar a mão esquerda, que se aferrou à corda me fez suar frio, sob o sol de 40ºC. A questão era conseguir relaxar o músculo certo, após o susto. Tudo deu certo e ajudei a içar as mochilas do Douglas, da Amanda, da Ariane e o chumbo da mochila do Caio. Depois desci para ajudar as meninas por baixo enquanto o Douglas ajudava por cima. Superado o lance, prosseguimos costeando a rocha até a pequena gruta onde abastecemos nossas reservas d’água antes de prosseguir encosta acima.

O Rafael se propusera a chegar ao cume do Ferraria antes do meio dia, então havia apertado o passo a nossa frente. Ao chegarmos no cume às 15h48 encontramos o registro das seguintes passagens anteriores: Rafael 11h53, Carlos Augusto (Guto) 12h25; Josemilson (Capitão) 15h12.

Saberia, já retorno a SP, que a Carol e o Márcio haviam decidido por atacar o Ferreiro, onde chegaram às 15h25, respiraram e voltaram acelerados. Eram deles, as enormes mochilas pretas e cinzas que estavam ao lado do livro. Alias, livro que não registraram a passagem, pois subiram à frente do Capitão. Ao retornar, agora às nossas costas, se dividiriam, com a Carol dividindo a barraca com o Capitão e o Márcio se somando ao grupo Ariane, Alexandre e Rafael em direção à fazenda Pico Paraná. Acabariam pernoitando no morro do Getúlio.

Aproveito esse momento para destacar a importância desses registros para documentar a historia do montanhismo em cada cume e, principalmente, para auxiliar na eventualidade do montanhista demandar busca, resgate ou socorro. Deve sempre conter data, hora do registro, local e horário de inicio da atividade, direção pretendida, nome de todos que estiverem trilhando juntos. Procure ser conciso, siga a ordem cronológica, sem pular páginas. Essa postura é importante para que todos possam registrar sua passagem e o livro “dure” mais. Lembre-se que *alguém* precisou subir a montanha com aquele peso extra para seu deleite e segurança. Faça a sua parte. Os livros tem informações para a sua substituição, se notar que ele está com mais de 70% preenchido, informe ao gestor para que programe a substituição. No caso do Paraná, os livros de cume sao mantidos por montanhistas independentes, de forma colaborativa, sendo que a guarda e zeladoria é conduzida pelo Clube Paranaense de Montanhismo – CPM. Eles tem um projeto muito legal de expandir as áreas cobertas com as caixas metálicas, que preservam melhor os registros, mas que pesam toneladas, montanha acima. Se puder, contribua. Os livros que retornam ao CPM são preservados e tem suas paginas escaneadas para consulta através da internet.

No cume do Ferraria, ficamos poucos minutos apreciando a paisagem, fazendo registros no livro e fotográficos e, às 16h10, tratamos de retomar a caminhada, pois tínhamos como meta vencer a íngreme e escorregadia descida do Ferraria antes de escurecer, de forma a reduzir, ainda que pouco a exposição da Amanda com seu tênis slick tinha bom grip, mas apenas nas lajes rochosas secas, o que estava longe de ser o cenário das próximas horas. Eu havia checado a questão do por-do-sol e da sombra que o Taipabuçu faria no vale entre ele e o Ferraria, então a descida era uma corrida contra o tempo para aproveitar os últimos minutos de condições ideais para deslocamento. No colo, já deixamos as lanternas de cabeça em pronto emprego e iniciamos a subida da encosta do Taipabuçu com o lusco fusco do fim de tarde cedendo lugar, gradualmente a noite que chegava.

O pôr-do–sol ocorreria às 17h39. No bosque, na face sombreada da montanha, estaria escuro cerca de 1 hora antes. Se já estivéssemos em região com dossel vegetal menos denso, ganharíamos mais uns bons minutos de luz, mas não era prioritário. Na subida, a menor velocidade e a própria dinâmica da caminhada, trabalharia a favor de reduzir o risco de acidentes. No passo mais forte, alcançamos o colo às 17h16 e iniciamos a subida ainda sem o auxilio das lanternas. Na descida, o ritmo mais intenso corroeu mais o psicológico da Ariane, que já lutava com o cansaço e desassossego muscular há horas e, nesses arranjos que o universo se posiciona, dois montanhistas Alexandre e Rafael que estavam fazendo Guaricana, Ferreiro, Ferraria, Taipabuçu e haviam decidido abortar a subida do Caratuva, saindo para a Fazenda Rio das Pedras, ofereceram-se para acompanhá-la até a fazenda. Com essa oferta, que a Ariane, aliviada e agradecida estava propensa a aceitar, o Caio apertou ou passo e nos alcançou. Voltei até eles para me certificar de que tudo daria certo e após a curta conversa com o Alexandre, que também trabalha como guia por ali e demonstrou grande conhecimento do que os aguardavam pela trilha que aborta o Caratuva, ligando diretamente o Taipabuçu e ao Morro do Getúlio/ Piolho, por onde eu anda não trilhei. Comentei sobre os perdidos do começo do ano, exatamente na descida do Taipabuçu em direção à fazenda Pico Paraná para descobrir que conversava com um dos que abrira aquela trilha, a “Los Mosqueteiros”. A Ariane dispunha de equipamento completo, com duas lanternas e pilhas extras. O Alexandre informou dispor de 4 (!) lanternas, cuidado clássico de guias experientes que sabem bem o quanto a progressão em montanha pode enganar e a importância de dispor de uma reserva técnica para essas eventualidades. Com as tratativas feitas, agradeci a gentileza e toque a subir buscando o grupo. Alcancei a Amanda Douglas e Caio no ponto d’água, onde por precaução coletei 3 litros para as horas vindouras. Tinha esperança de que houvesse um ponto na encosta do Caratuva, apesar de já ter subido ali e também ter estudado as cartas e tracks. O que a mente cansada não faz, rsrs. Mesmo assim, havia adotado o procedimento de trilhar com estoque maior de água, aproveitando para treinar um pouco mais com peso. Nessa parte, convém registrar que meu equipamento, otimizado perfazia cerca de 6 kg. Mesmo com água, ainda f icava em uma carga bem tranquila para transportar. E conforme o cansaço crescesse, o consumo trataria de reduzir o peso.

Novamente agradecemos à dupla pela companhia que fariam para a Ariane e apertamos o passo, no possível, galgando a encosta do Taipabuçu. Apesar da longa crista que se divisa a partir do Ferraria, o colo entre eles, nessa região é por demais íngrime, de forma que ao descer, declina-se de forma suave, mas constante na direção oeste com um rumo similar em quase toda a subida, alcançando a crista do Taipabuçu, já próximo de seu falso cume. Subíamos discutindo as dificuldades que nossos companheiros de pernada estariam submetidos, tendo subido o Saci e Sacizinho antes de testar as pernas na própria Face Leste do Ferraria. O grupo que decidira fazê-lo, composto pelo Paulo, Manoel, Michelle, Fran e Diego acumulava muita experiencia em serra do mar, haviam iniciado essa subida cedo, o que nos levava a supor que, se problema houvesse, seria na subida do Ferraria ou na sequência até o Caratuva. Consideramos as alternativas de desistência que eles tinham conhecimento, apesar de todas constarem dos mapas preparados, nossa aposta mais forte era que acampassem ou bivacassem ao longo da trilha na região do Taipabuçu e f izessem a saída pelas fazendas Pico Paraná ou Rio das Pedras no domingo. Para essa opção, mesmo cansados, o tempo até o resgate seria “folgado”, pois já estariam muito próximos do destino alternativo.

Um pouco mais aliviados, continuamos a subir, parando para recuperar o fôlego e apreciar a vista do trio Ferraria, Ferreiro e Guaricana “em primeiro plano” acobreados pelo arrebol do dia que findava e dos “distantes” Capivaris já sob as sombras da noite. Aqui e ali, luzes solitárias marcavam posição de montanhistas, acampados nos cumes, ou caminhando nas cristas. Nos vales abaixo, prevalecia o brilho difuso das cidades. Com alguma atenção, era possível notar o deslocamento de carros na BR-116, na direção do reservatório da Usina Capivari-Cachoeira.

No cume do Taipabuçu, as áreas planas estavam tomadas por b a r r a c as, e meio que “estranhamente” as pessoas sabiam que passaríamos por ali. Demorou um pouco para “cair a ficha” e compreendermos que os colegas que haviam passado mais cedo, sem o afogadilho em que estávamos, haviam conversado com os grupos que encontrávamos, por isso a acolhida tão natural quando, “do nada” surgem 5 montanhistas numa montanha menos acessível, e à noite. Muitos perguntavam se éramos do grupo ARCANJOS que estava fazendo uma pernada forte por ali, pelo que ficaram sabendo. Meu estranhamento era exatamente a falta de estranhamento dos montanhistas acampados. Situação inusitada, essa. Pouco mais à frente, encontramos o Josenilson, o Denis e o Danilo acampados, trocamos algumas palavras sobre as pretensões para o dia seguinte e prosseguimos, buscando os lances mais verticais ou expostos que contam com cordas, sabendo que diversos rastros ali levam a mirantes espetaculares, mas que não eram nosso foco nessa pernada.

Passamos direto na bifurcação do colo alto entre o Taipabuçu e o Caratuva, e como já havíamos cometido esse erro na vez anterior, a identificação e correção foi bem célere. No caminho correto, passamos a um descer quase infinito, sentindo a montanha se agigantar a cada metro de elevação tão arduamente conquistado. Houve um momento que, após muito andarmos no colo Taipabuçu – Caratuva, acreditamos que estávamos subindo a encosta dele, com as arvores perdendo altura, cedendo lugar às taquaras e f inalmente às caratuvas, capins e bromélias espinescentes clássica de cume, quando na verdade ainda era apenas o ultimo morrote do colo. Mesmo ja tendo passado por ali uma vez, caí no engodo novamente. Foi necessária uma considerável resiliência para não esmorecer nesse momento.

A falta de alternativa foi decisiva e, resignados, buscamos a base do Caratuva por esse lado. Faltava galgar 207 metros na vertical, o que já é respeitável sob boas condições e não estávamos nelas. Estávamos cansados, sovados e puídos… como o Ricardo bem definiu a Face Leste do Ferraria: moedor de carne humana. Estávamos moídos, triturados. Nessas horas, o bom montanhista engole o choro, respira o fundo que consegue e persiste. Passo a passo, a altimetria faltante foi sendo vencida. 200 metros, 180, 140, 120, 105, 100… dois dígitos, agora faltava “apenas” um prédio de 33 andares… 70, 63, 47… 30 metros… lajes escorregadias, ângulos desafiadores, moitas de caratuva para ancorar as mãos, cadê? Estuda, avalia, interpreta o lance… dá-se jeito, pois outro jeito não tem… 20 metros.. um lance mais chato e… o Douglas aparece de volta informando que o cume está tomado de barracas, uma balbúrdia e de lugares “medianos” ele só encontrou para uma barraca. Estávamos em 4, com 3 barracas. Sobrava uma clareira feita de banheiro, verdadeira nojeira que cheguei a cogitar limparmos para acampar ali mesmo. Triste ver o que o ser humano faz, custa cavar um buraco e enterrar? Ou mesmo, dada a saturação do cume, usar um shit-tube e levar consigo para descarte adequado?

Procuramos em vão lugar menos ruim, cogitamos descer o Caratuva até o A1 ou subir o Itapiroca, mas lembrando que o final de semana anterior fora chuvoso, dificilmente haveria menos gente, dada a facilidade de acesso. O que restou foi acampar à moda do Paraná, sobre a vegetação parcialmente amassada. Escolhemos lugares longe da passagem, não muito inclinados e, em pouco tempo, estávamos com acampamento montado. Preparei um purê de batatas com queijo ralado e proteína de soja, sabor bacon. Na sequencia uma sopa instantânea de mandioquinha com pimentões e cenoura desidratados, preparada cremosa, para aquecer mais o estômago. Arrumei as tralhas o melhor que pude, protegendo as coisas dentro dos sacos plásticos e sob as capas das cargueiras. Nossa barraca, uma VIK da Naturehike era compacta, mas leve. Havíamos chegado ao cume às 22h10 e, cumprido todo o ritual de higiene, jantar e manutenção dos equipamentos, 23h20 já ressonávamos tranquilos, sobre o fofo da vegetação. A temperatura caiu a 9ºC na madrugadinha e usei o saco de dormir com prazer.

Saberia depois, que o grupo que atacara os gêmeos Sacizinho/Saci pernoitara num falso cume do Taipabuçu à exceção do Manoel, que nos alcançara e acampara no Caratuva. Nas palavras deles: “O ataque ao Sacizinho/ Saci começou 7h40, 9h passamos por uma chaminé de respeito, 9h35 chegamos ao cume do Sacizinho avistando o Saci, sem fôlego, mas sem coragem de desistir do segundo cume depois de tudo que passamos, finalmente às 10h encontramos a famosa caixa de correio no cume do Saci, sem caderno para registro, com papeizinhos dos corajosos que passaram por lá antes e um adesivo grudado da Alpha Crucis (que confirma a dificuldade da empreitada), durante a descida encontramos com 2 grupos, 1 de Curitiba que nos desejou boa subida ao ferraria, que fôssemos com Deus e outro menor de SP com Agatha, Kalidon e outros dois companheiros, que fizeram a cachoeira do Saci e as montanhas gêmeas Saci e Sacizinho no final de semana, retornamos às cargueiras 12h20, descansamos e comemos algo por no máximo 10 minutos e partimos rumo ao ferraria. O Manoel sumiu na frente.

 

Iniciamos a subida das cordas às 16h, após os 3 ou 4 lances de cordas bem expostos (degrau), precisamos ligar as lanternas pois escureceu, chegamos ao cume do ferraria às 19h40

Do cume do ferraria até onde dormirmos (um falso pico antes do Taipabuçu, foram 2km), poucos metros antes de uma descida de cordas.

 

Chegamos ao falso cume por volta das 23h, estávamos exaustos e dormimos os quatro na mesma barraca, pois só havia espaço pra uma. Armamos a Naturehike do jeito que deu e desmaiamos. Noite serena e gostosa apesar dos roncos intercalados. Valeu cada gota de suor. Travessia muito exigente, natureza totalmente preservada. Que continue assim.”

Outro olhar de quem subiu os gêmeos Sacizinho e Saci, antes de prosseguir para a Face Leste: “na subida do Ferraria me separei do time atacante do Saci. Às 17:00 cheguei no cume do Ferraria onde encontrei a Carol e o Márcio retornando do ataque ao Ferreiro, que seguiram para o Taipabuçu, fiquei para ver o pôr. 19:30 os encontrei novamente à poucos lances do Taipabuçu, agora com a Ariane no grupo, que seguiam sentido Getúlio.

Pouco após o Taipabuçu, encontramos o grupo do Danilo, Denis e Jo acampados pelo caminho, onde a Carol ficou e parei para jantar, enquanto Márcio e Ariane seguiram sentido a placa dos picos, onde acamparam.

Após a janta com o grupo do Jo, segui rumo ao Caratuva, onde encontrei pouco após a bifurcação Caratuva-Placas, a Ariane e Márcio retornando, pois haviam pego a entrada sentido Caratuva, por engano. Por volta da metade da subida para o Caratuva, encontrei Rogério, Amanda, Caio e Douglas. Caratuva alcançado às 21:45.”

Dia 2

Acordei, como de praxe, às 5h. Ainda faltava 1h30 para o nascer do sol e duas horas para o horário previsto para partirmos. Deixei o quentinho da barraca para regar as moitas distantes e apreciar a noite que r esistia à alvorada. Fiquei apreciando os arrebóis das cidades na planície costeira de um lado e, no planalto Curitibano do outro, as estrelas e as lanternas que subiam o Pico Paraná na disputa com o inexorável da alvorada para apreciar o nascer do sol a partir do cume. Já acompanhei a alvorada acampado em várias das montanhas no Ibitiraquire, mas no Caratuva era minha primeira vez. Uma multidão no cume, á exemplo do Itapiroca, fazendo poses e selfies. Preparei uma sopa cremosa de abóbora com carne, turbinada com proteína de soja e me distrai revisando equipamentos, lanches de trilha e buscando sinal para ter atualizaçao do grupo. O sinal oscilava, mas entre ir e voltar, permitiu que informasse nossa localização e a pretensão de concluir o desafio. Reportei a posição de todos que havíamos encontrado na trilha ou registros da passagem pelos livros de cume, assim como as pretensões informadas. Do grupo que atacara Saci e Sacizinho, as informações de que dispúnhamos provinham do Manoel. Já no final dos preparativos de partida (postergamos a saída em 30 minutos), tivemos noticias deles: acampados no Taipabuçu, fariam a saída pela Fazenda Pico Paraná. De alguma forma, que só a empatia dos montanhistas, os corpos fatigados e a necessidade explica, conseguiram se apertar no Taipabuçu. Dos 18 integrantes, nada menos que 10 se rendiam ao inevitável e rumavam para o ponto de resgate alternativo. Para a Amanda, a responsabilidade crescia: representar os ARCANJOS e demonstrar que lugar de mulher é onde ela quiser, seja nas montanhas, hospitais escritórios, escolas ou fábricas.

Partimos do Caratuva às 7h46, buscando a trilha dos corredores, por um vara-mato atras de uma pedra, onde um tênue rastro apontava a direção. Em pouco tempo estávamos na trilha batida, sendo ultrapassados pelo Manoel que ainda ficara uns minutos a mais no camping conversando com um camarada de corridas. Mais cedo ele encontrara a entrada correta da trilha e com isso, ganhara bons minutos, agora. Descemos rápido o Caratuva, comigo fazendo uma saída à direita para banheiro. Terra fofa, solo profundo, esse buraco f oi uma obra de arte. Aliviado, alcancei o grupo e 8h32 estávamos no cruzo. Como estávamos com bom estoque de água, tocamos direto pela encosta do Itapiroca, quando o grito clássico tantas entoado pelo Douglas na Serra Fina “Frannnnnngo” se fez ouvir. Logo fomos alcançados pelo Erick e pelo Vilmar (Dindo) que subiram as montanhas de ataque para nos encontrar. Quando o Erick, às 4h50 mandara mensagem perguntando por onde completaríamos a travessia (Ferreiro/Fazenda Pico Paraná ou Taipabuçu/Fazenda Pico Paraná) e eu sinalizara que faríamos a saída pela Fazenda da Bolinha, entendi que fariam uma travessia Bolinha x Pico Paraná, de forma que imaginava encontrá-los apenas quando estivéssemos na região do Cerro Verde. A estratégia deles foi diferente do que eu havia suposto, subiram o Caratuva e na sequência o Itapiroca, onde faziam grande surpresa para o Douglas, Amanda e Caio. Raros malucos sobem montanha para abraçar um amigo… no MDA tem se tornado uma grata tradição. Mesmo sabendo da intenção da dupla, foi muito alegre encontrá-los mais cedo. Tocamos pra cima os últimos 50 metros, para alcançar a região mais aberta e não atrapalhar a passagem dos grupos que desciam a montanha.

Na região de acampamento do Itapiroca ficamos alguns minutos confraternizando, comentando da pernada em curso, do pessoal que estava à frente (Rafael, Guto, Manoel e Ricardo) dos que optaram por abreviar a caminhada, saindo pela fazenda Pico Paraná. Comentamos que o Rafa alcançara o cume do Ferraria em menos de 6 h, como havia se desafiado e acampado no Cerro Verde, numa pernada forte. Ao comentarmos que o Manoel subira os Sacis e estava uma pouco à frente, foi legal perceber a surpresa e admiração dos piá. O grupo dos ARCANJOS manda bem nessas caminhadas, com boa autonomia e muita resiliência. Nas trilhas mais complicadas, o planejamento é bastante acurado, buscando identificar as prováveis dificuldades e as possíveis saídas para desistentes. Sempre é reforçada a questão da autonomia para que a evolução seja algo natural, conforme o montanhista ganha cancha. Não deixa de ser peculiar que, quanto mais complexa e apimentada a proposta-base, mais rápido as vagas sejam preenchidas e maiores as listas de espera.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apertei um pouco o passo para fazer o registro no livro de cume, (9h16) comentando que o Ricardo estava conosco, mais à frente. Há algumas semanas, o Dindo subira na busca do seu grupo, quando as condições climáticas os obrigara a parar e bivacar, molhados, uma primeira noite na região do Siri – Sirizinho. Para a segunda noite, conseguiram montar uma barraca, mas o conforto pouco aumentou, pois o material estava todo molhado. No grupo, o Marco conseguiu contato com o Danilo, que fez ponte com o Jailson, que acionou o Gui l h e r me que me i nformou.…voltei nos contatos do telefone sem fio até contactar o Danilo e o Marco, levando as i n f o r m ações mais atualizadas. Enquanto isso, em paralelo, plotei as passagens e os rastros, “caminhos-de-rato” e perdidos que mapeamos por ali em passagens anteriores. Através do grupo de busca do CPM, passei ao comando das operações as informações que levantei, e o Dindo entrou na montanha, de ataque, para contribuir nas buscas. Durante a noite, as condições de visibilidade melhoraram e o grupo sinalizou ao Comando de Operações que com a melhora nas condições acreditavam que conseguiriam retornar pelo caminho da ida.

Como conhece bastante a região, reportou aos bombeiros a intenção de contribuir, e tocou à frente da equipe até o grupo, alcançando-os no Luar às 10h40 e retornando com eles até a equipe GOST (15h) e finalmente, chegando na Fazenda da Bolinha, às 18h12. Conversamos um pouco mais sobre os perrengues em que já nos metemos e as pernadas que ainda estamos planejando. O Dindo me pediu que lhe desse um abraço em seu nome, coisa que, claro, eu esqueci, constrangido com meu atraso na chegada. Fica aqui registrado tanto o abraço quanto o lapso.

Me despedi, certo de que logo nos alcançariam novamente e toquei em frente apenas para encontrar o Douglas voltando para se despedir, pois eles não continuariam até a Bolinha como eu pensara, retornariam dali. Me juntei ao Douglas então para dar um ultimo abraço em cada um antes de avançarmos em direção a descida para o vale Itapiroca e Cerro Verde. Eles ainda nos acompanharam até a entrada da trilha que ali é meio confusa, com as muitas saídas abertas para mirantes e tentativas.

Começamos a descida com a vista obstruída pelas arvoretas da florestinha de ombro, mas logo saímos na região de campos e a vista das montanhas a frente tornava difícil desviar o olhar para o chão, buscando não escorregar. À esquerda, o gigantesco Siririca com suas placas, seguido da sucessão dos Agudos: Lontra, Cotia, Marmosa, Cuíca… e os pássaros Tangarim e Tangará. Mais distante, a Farinha Seca e ainda mais atrás, toda a crista da Serra do Marumbi, onde a lendária Alpha-Ômega ainda “separa os homens dos meninos”. À direita, Taquaripoca, Cerro Verde, Tucum, Pedra Branca e Camapuã.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Encoberto por esse, o Camacuã promete uma trilha mais acessível até a fazenda da Bolinha. Como ali, conheci apenas o cume, acessando pelo Camapuã, entendemos mais seguro e pertinente nos mantermos no trajeto planejado. Fizemos uma parada breve na bica à direita, com direito a suco e petiscos e retomamos o caminhar, apertando o passo onde possível. Passamos cruzo do Cerro Verde às 12h e, dobrando à direita, começamos a perder al t i tude buscando o Vale dos Perdidos, ponto em que os conquistadores do Pico Paraná retornaram em sua primeira investida, dada a complexidade de vencer o chavascal espinescente.

Em passo apertado, mas cuidadoso, alcançamos o cruzo baixo Siririca / Tucum às 15h30, passamos pelo ultimo ponto d’água, no Vale dos Perdidos às 12h40 e com cuidado especial nos lances de cordas, em função da ausência e aderência da sola do tênis da Amanda, galgamos os metros mais críticos até a parte de campos e depois ao cume do Tucum, alcançado às 14h01. Parei alguns m i n u t o s p a r a r e gi st r ar n o s s a passagem no livro de c u m e , enquanto o restante do g r u p o adiantava a caminhada em direção à ultima montanha do dia, o Camapuã.

 

A descida do Tucum alterna sobre lajes rochosas com degraus de solo resultantes da erosão, pois o material ali, já mais intemperizado, se fragmenta. Ao alcançarmos o colo, respiramos fundo e focamos as derradeiras energias naquela última subida, com seus falsos cumes, rampas e escadarias.

Na veloz passada da dupla Rafael e Guto, houvera tempo de atacar também o Taquaripoca, onde em 2023, noutra pernada com os ARCANJOS eu aproveitara para trocar o livro encharcado por um novo. Nessa passagem, constatam que o novo livro já se apresenta úmido, talvez pela condição de guarda dentro do tubo de PVC. Na época que trocamos o livro, deixamos ele dentro do tubo, apoiado em uma pedrinha para ficar afastado do fundo do tubo. Talvez a umidade atmosférica dos dias condense dentro nas noites gélidas e as caixas metálicas permitam lidar melhor com esse fator. Fica o registro para que se planeje a substituição dele em momento futuro. Na sequência, passaria por ali também o Manoel, antes de subir Cerro Verde, Tucum e Camapuã.

O cume do Camapuã, já teve livro de registro, vandalizado há alguns anos de forma lamentável. No finalzinho da sua subida, registrei a invasão de pinos, planta exótica invasora que vem colonizando ao linhas de cristas, com as sementes dispersas pelo vento. A aparente leniência das autoridades pode resultar em uma situação irrecuperável, e aos que não vem solução, há a INICIATIVA CAMPOS GERAIS, justamente buscando conter essa destruição do habitat das especies nativas. Passamos rapidamente pelo cume e iniciamos a descida pela extensa rampa de pedra, às 14h55. Nossa meta de resgate para retorno a SP era 15h e tratamos de impor a celeridade possível na passada sem descuidar das cautelas necessárias.

Nesse trecho o grip da sola slick da Amanda respondeu positivamente e ela pode aumentar um pouco a velocidade. Vencemos o trecho de laje, depois os degraus de meia altura da encosta e, 16h alcançamos as placas, já na parte do vale. Seguimos descendo em zigue-zague e 20 minutos depois, passamos pela monumental arvore que serve de fundo para inúmeras selfies. Apertamos o passo, passando por sob a imensa árvore caída que obstrui parcialmente a trilha, cruzamos o rio duas ou três vezes e às 16h53, alcançamos o ponto de resgate, sob o ovacionar festivo da equipe ARCANJOS, que aproveitara a inesperada oportunidade de confraternizar enquanto nos aguardava. merecido sono.

Deixamos as mochilas na van, trocamos as roupas por mudas limpas e secas, lavamos mãos, braços e rostos. Difícil descrever o prazer da sensação de vestir um chinelo seco, sentar num banco macio e apenas descansar. No retorno optamos por fazer apenas uma parada no Dionísio88 em Registro, restaurante muito frequentado por caminhoneiros, atestando boa relação entre o preço dos pratos e a fartura das porções servidas, que alimentam dois famintos. Desembarcamos o Douglas e o Rafael na Raposo Tavares, chegando no metro Itaquera às 23h10. Peguei um Uber para a Rodoviaria do Jabaquara, a tempo de conseguir uma passagem no último carro pra Santos às 23h45. Pouco antes das 2h de segunda, me lancei à cama para o merecido descanso.

Fotos: Michele, Manoel, Caio, Ricardo, Rafael e Rogério.

“Você não fotografa com sua máquina, você fotografa com toda a sua cultura.” Homenagem póstuma a Sebastião Salgado.

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