Tejuçuoca, o Cipó Cearense

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Final de semana passada fiz uma “climb trip” para um pico de escalada aqui do estado que eu ainda não conhecia. Já tinha ouvido muito falar de lá, do quanto o local era fantástico pra escalar. Calcário de boa qualidade, quase sempre na sombra, as vezes dentro de grutas que deixavam o clima bem agradável. Mas isso não era nem metade do que é esse lugar. Se você achou a comparação do título exagerada, espere pra ver o local!


Tejuçuoca fica a 140km de Fortaleza e quando você se aproxima da cidade, o que mais chama a atenção são as montanhas da cidade de Itapajé mais à frente, e a tendência natural seria ir naquela direção. Mas meio escondida, mais 12 km sertão adentro, por uma estrada de terra, se encontram as formações calcárias do Parque Municipal das Furnas dos Ossos. Não vou mentir, o lugar é quente e inóspito. O único consolo é o centro de apoio do Parque, que oferece a estrutura básica para se ficar no lugar: camas, cozinha e banheiros. Mas estamos ali pra escalar, não pra fazer turismo (sacou? rs).

Do centro de apoio até às vias é mais 1,5km de caminhada, mas você já consegue visualizar as rochas um pouco mais a frente e a visão, embora não impressione (ainda), gera expectativa. A medida que nos aproximamos as paredes vão ganhando cada vez mais presença e deixando a cabeça viajar nas possibilidades. E essas são muitas, já que o lugar só tem 26 vias registradas (entre elas algumas do escalador André Ilha) e o espaço ainda a ser explorado é imenso!

Os setores explorados até agora são 4: a Gruta do Sino, a Furna do Lopes, a Furna da Mesa e o setor Tetos. Esse último, devo dizer, é o que há de mais impressionante no lugar. De longe, e de determinado ângulo, esses tetos formam a imagem símbolo do Parque, a cabeça do índio, e dessa distância não parecem nada demais. Mas uma vez embaixo deles você fica deslumbrado com a imponência das paredes, que devem ter entre 30 e 40 metros, combinando trechos verticais, com negativos bem acentuados e no final dois imensos tetos. É de longe, a parede mais parecida com algo gringo que eu já vi na vida.

Não consigo dizer o potencial das paredes, pois de baixo, pra mim (que estou ainda chegando na barreira do oitavo grau) me parece tudo branco. É uma parede que pode guardar um potencial imenso para vias de grau extremo, mas para isso vamos precisar da ajuda de gente de fora, com visão do que seja uma via nesses graus. Se for pra chutar, chuto a partir de 10º grau.

A verdade é que voltei de Tejuçuoca me perguntando por que nunca tinha ido até lá . O lugar é realmente fantástico, potencial incrível, rocha de ótima qualidade e com a infraestrutura básica para as acomodações dos escaladores. Por se tratar de um Parque municipal, e nós sermos os únicos a aparecermos por lá pra escalar, as autoridades locais já buscam uma conversa no intuito de melhorar as condições do lugar. Então estamos numa situação ímpar para desenvolver um pico fantástico aqui no estado, com total apoio das autoridades que administram o local. E posso dizer que o pessoal está realmente motivado em transformar Tejuçuoca no principal destino dos escaladores esportivos no Ceará. Não vejo a hora de voltar lá, e trazer um relato mais apurado do que essas primeiras impressões.

Se você se interessou pelo lugar, quer informações de como chegar lá, basta acessar o site Escalada no Ceará, onde você vai encontrar todos os betas de Teju!

Ps: foram feitas alguns vídeos do local, que ainda estão sendo editados e em breve estarão no blog para dar um pouco mais de idéia do que é Tejuçuoca!

Blog do Neudson – Desce daí Doido

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