Waldemar Niclevicz realiza as primeiras escaladas do ano nos Alpes

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Niclevicz no topo do Grande Gendarme, La Dente Blanche.

Escalar uma alta montanha sempre é um desafio, a partir dos quatro mil metros o ar começa a ficar rarefeito e o corpo sente os efeitos da altitude. Agora imagine escalar todas as montanhas acima de quatro mil metros nos Alpes? Pois bem, esse é atual projeto do alpinista brasileiro Waldermar Niclevicz. Ele começou o desafio de escalar as 82 montanhas com mais de quatro mil metros de altitude há alguns anos e pretende concluí-lo ainda em 2019.

Após se recuperar de um acidente no ano passado, Niclevicz e sua equipe chegaram à Suíça, em 12/06, para continuar o seu projeto. Desde então, estão se preparando e analisando as melhores rotas para escalar as montanhas que ainda faltam. Participam dessa primeira empreitada junto com Niclevicz os escaladores brasileiros Rogério de Oliveira, José Luiz Hartmann (Chiquinho) e o chileno Raul Barros.

Niclevicz, Rogério e chiquinho no cume da La Dente Blanche.

O alpinista relata que a maior dificuldade tem sido o tempo. “Nevou de forma anormal em abril e maio, e agora, com o calor do verão a neve está derretendo, deixando a montanha muito perigosa e cansativa, devido tanto ao risco de avalanches quanto ao fato de nos afundarmos facilmente na neve. Nem mesmo de madrugada faz frio suficiente para deixar dura a superfície dos glaciares”, contou o Niclevicz.

Por esse motivo foi necessário alterar toda a logística da equipe e até mesmo suspender algumas investidas a montanha até que o tempo melhorasse. Mas o mais frustrante para a equipe foi ter que desistir antes do cume do Aletschhorn (4.193m) a primeira investida da temporada. “Desistimos a 3.700m, às 4 da madrugada, quando percebi a crista afiada de neve se desmoronando em cada passada, pensando que em nosso regresso por ali poderia ser fatal com o calor do sol”, relatou o alpinista.

Chiquinho escalando a crista final do Gross Grünhorn.

Mesmo com esses percalços, eles não se abalaram e retornaram para a montanha com uma nova estratégia. E então ele e o parceiro Chiquinho chegaram ao topo do Gross Grünhorn (4.044m). No dia seguinte foi a vez do Finsteraarhorn (4.274m), onde Niclevicz alcançou o cume ao lado dos parceiros Raul e Rogério. Na sequência mais uma empreitada de Niclevicz e Chiquinho resultou em mais dois cumes, o Hinter Fiescherhorn (4.025m) e o Gross Fiescherhorn (4.025m).

Quando o projeto parecia engrenar, mais chuva e dessa vez com granizo e trovoadas. Mais algum tempo de espera e Niclevicz, Rogério e Chiquinho não aguentaram, partiram para mais uma montanha, a La Dente Blanche (4.357m), um dos mais belos e técnicos dos quatro mil. Contrariando as expectativas o tempo firmou e eles atingiram o cume.

Raul e Rogerio escalando o Finsteraarhorn.

Esse ano já foram cinco montanhas até agora. Juntando os 37 cumes alcançados em 2018 mais os 10 anteriores, já são 52 Quatro Mil. Agora só faltam 30 para Waldemar conquistar o título de primeiro brasileiro a escalar todas as montanhas acima de quatro mil metros nos Alpes!

Topo do Gross Fiescherhorn.

Chiquinho na crista final que leva ao cume do Gross Grünhorn.

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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