80 anos da conquista do Pico Paraná

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Exatamente a 80 anos atrás, cinco aventureiros molhados até os ossos saem das barracas de lona sem forro para contemplar um amanhecer espetacular de frente para o majestoso Pico do Paraná. No dia anterior avançaram para o Pouso da Sorte (A1) com o tempo levemente melhorando depois de suportarem três dias e noites de feroz aguaceiro no cume do Caratuva.

O majestoso Pico Paraná é a maior montanha do sul do Brasil.

Alfredo Mysing, Benedito Lopes de Castro, Josias Armstrong, Reinhard Maack e Rudolf (Mosquito/Marumbi) Stamm se preparam para o ápice de sua jornada épica. A frente uma profunda e desconhecida grota os separa do gigante de pedra que se ergue altivo em direção ao céu. A estreita crista do Fio de Ligação é povoada por arbustos duros e retorcidos que lhes oferecem aguerrida resistência até o fundo da grota quando enfim começa a escalada.

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Sobem pela parede quase vertical carregando pesados fardos com instrumentos de medição, agarrados em frágeis moitas de capim que se desprendem ao mais leve toque, unhas cravadas nas saliências da pedra, o sangue quente pulsando nas veias, a morte lambendo seus calcanhares.

Lentamente vencem cada obstáculo que a natureza, rija e cruel, daquele lugar lhes impõe. Vencem o desconhecido e o medo para as 13h45min plantarem firmemente os pés sobre o falso cume onde o vento feroz já não encontra freios. Uma parede magnífica de pedra vertical ainda se ergue a frente e o cientista volta a se impor sobre o aventureiro Reinhard Maack que imediatamente passa a operar seus equipamentos de medição auxiliado por Josias Armstrong.

50 metros de pedra nua e vertical os separam da vitória definitiva. O castelo de cume os desafia com sua altivez. A mente de aventureiros natos ardem em desejos, as mãos coçam e partem resolutos para a luta contra seus mais profundos temores. Seremos capazes de vencer o gigante? Benedito Lopes de Castro retorna abatido pela fadiga, mas Alfred Mysing e Rudolf  Stamm prosseguem resolutos.

Gritos de júbilo e o espocar de 2 rojões anunciaram a vitória sobre o ponto mais alto do Paraná. Estavam no dia 13 de julho de 1941.

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Sobre o autor

Julio Cesar Fiori é Arquiteto e Urbanista formado pela PUC-PR em 1982 e pratica montanhismo desde 1980. Autor do livro "Caminhos Coloniais da Serra do Mar", é grande conhecedor das histórias e das montanhas do Paraná.

1 comentário

  1. Velhos tempos, Montanhistas Raiz, sem meninice. Uma Conquista de extrema importância para essa geração Nova de montanhistas.

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