Atualizado em 18/05/2021
O estado de hipóxia leva à síntese de *eritropoietina que induz a produção de glóbulos vermelhos, mas essa resposta leva 2, 4, 5 ou mais dias para ter ação plena. Ou seja, para que um indivíduo tenha sucesso em uma escalada a uma montanha acima dos 3.500 metros é muito importante que faça uma correta aclimatação à altitude, subindo e retornando para dormir em locais mais baixos aonde a recuperação do organismo será mais rápida, permitindo que a adaptação à ausência de oxigênio do ambiente possa ser assimilada e assim possa desfrutar melhor a sua expedição.
Se não ocorrer a aclimatação adequada a pessoa poderá começar a apresentar leves sintomas como dor de cabeça, náuseas, falta de apetite, cansaço, visão turva, tonturas e insônia. Quase sempre regride naturalmente em até 48 horas do início dos sintomas mas é importante estar em alerta porque pode indicar gravidade quando não houver melhora dos sintomas e a pessoa passar a apresentar alterações no ritmo de caminhada e no estado de consciência. Nestes casos, o MAM pode evoluir para outras enfermidades de altitude mais graves como o Edema Pulmonar ou o Edema Cerebral.
Diante dos primeiros sintomas do Mal Agudo de Montanha deve descer a montanha com urgência e recorrer a um serviço médico mais próximo para tratar corretamente e impedir a piora do quadro clínico. Não importa a que altitude se encontre, não subestime os sintomas. Já foram registrados edemas de pulmão inclusive na altitude de Puente del Inca na região do Aconcágua que fica a somente a 2.750 metros de altitude e todos os anos morre algum montanhista desta causa. Se você acredita que não se aclimatou corretamente comece a descer, não subestime jamais a montanha por mais fácil que seja a ascensão e nem os sintomas.
Dicas importantes
– Ingerir líquidos em abundância ajuda na aclimatação, se deve beber de 3 a 5 litros de líquido por dia.
– Não se auto medique, não consuma diuréticos ou outros medicamentos sem autorização de um médico.
– Os medicamentos usualmente só escondem os sintomas e quando se detecta o edema é muito tarde. Os medicamentos que usualmente se utilizam em montanha geralmente agravam o panorama geral.
– Se houver qualquer dúvida consulte um médico, ou uma equipe de resgate ou guarda parques da região.
– Faça um acompanhamento de evolução em altitude com um oxímetro, seguindo a tabela de Lake Louisi.
:: Veja mais: Remédios e tudo sobre altitude
Enfermidades de Montanha
Mal Agudo de Montanha (MAM). É o resultado da falta de aclimatação, afeta a uma grande porcentagem de montanhistas e se não for tratado pode derivar ao edema pulmonar ou cerebral e por em risco a vida das pessoas. Os primeiros sintomas se apresentam de 4 a 8 horas depois de chegar a altitudes geralmente superiores aos 3.500 metros, embora possam se apresentar em altitudes menores dependendo do organismo de cada pessoa.
Os sintomas característicos são:
– Dor de cabeça que não desaparece com aspirinas.
– Insônia
– Perda de apetite
– Náuseas
– Dificuldade respiratória
– Tosse seca
– Vertigem
– Pode se manifestar associada a edemas (inchaço) localizados nos olhos, rosto, mãos e tornozelo.
A fim de facilitar a detecção deste mal foi estabelecida a seguinte tabela prática, designando valores aos distintos sintomas para poder determinar a gravidade do MAM:
Sintoma | Pontos |
Dor de cabeça leve | 1 ponto |
Náuseas ou perda de apetite | 1 ponto |
Insônia | 1 ponto |
Vertigem | 1 ponto |
Dor de cabeça resistente a aspirina | 2 pontos |
Vômitos | 2 pontos |
Falta de ar em repouso | 3 pontos |
Fadiga anormal | 3 pontos |
Falta de urina | 3 pontos |
Pontuação | Definição | Tratamento |
1 a 3 MAM | leve | aspirina ou paracetamol |
4 a 6 MAM | moderado | aspirina, repouso, suspender ascensão |
mais de 6 MAM | severo | descer |
Todos os sintomas desaparecem com a descida. Em caso de dúvida ou de persistência dos males, mesmo que sejam moderados, é recomendável a descida para voltar a subir mais lentamente facilitando a aclimatação. O Mal Agudo de Montanha não deve ser ignorado, a princípio os primeiros sintomas serão sensação incômoda, alterações de alimentação ou fadiga e se escondem por medo de que se interpretem como sinal de debilidade.
O MAM pode afetar a qualquer montanhista, seja qual seja seu estado físico, treinamento ou experiência e se não tratado a tempo pode evoluir a um edema pulmonar ou cerebral, acarretando inclusive na morte.
Edema pulmonar:
O edema pulmonar se caracteriza pela sensação de asfixia e respiração ruidosa (borbulhando). Os lábios e com frequência as orelhas ficam arroxeados ou azulados (cianosis), pode haver expectoração espumosa, às vezes rosada. Se apresenta frequentemente durante a noite, depois de uma jornada de esforço intenso.
Edema cerebral:
O edema cerebral se caracteriza pela fadiga ou debilidade extrema e vômitos (geralmente violentos), a dor de cabeça se torna insuportável, não amenizando com aspirina. Existe dificuldade para se manter em pé, podendo apresentar vertigens e transtornos de comportamento. O coma chega rapidamente. Às vezes não há dor de cabeça mas sim simplesmente um grande cansaço e grande dificuldade de equilíbrio.
“Para o Mal Agudo de Montanha (MAM) grave ou moderado o único tratamento efetivo á a descida”
“O edema pulmonar e o edema cerebral são enfermidades de urgência extrema e se faz imperativa a descida”
A utilização da câmara hiperbárica só reverte momentaneamente os sintomas e permite ganhar tempo enquanto se realiza a evacuação do paciente da montanha.
Fique sempre atento aos sinais que seu corpo irá apresentar durante a ascensão de uma grande montanha. Respeite as regras e tenha uma boa escalada!
Quer saber mais? Assista ao vídeo do Pedro Hauck sobre aclimatação:
Leia mais:
:: Artigos sobre saúde e altitude – AltaMontanha.com